Acho q a manchete fala por si. Qualquer comentário adicional é supérfluo!
OCIMARA BALMANT
Na cidade de São Paulo, uma a cada quatro crianças das escolas municipais termina o 2.º ano do ensino fundamental sem saber ler e escrever. Isso significa que, dos 97 mil matriculados no 2º ano do ciclo 1, mais de 20 mil foram aprovados para o ano seguinte sem estarem alfabetizados. Os números são da Prova São Paulo, que avaliou 574.965 estudantes em novembro do ano passado.
Apesar de mostrar um avanço em relação aos mesmos resultados de 2007 – quando a prova foi aplicada pela primeira vez e mostrou que 39% dos alunos do 2.º ano do ciclo 1 não estavam alfabetizados –, o índice ainda é considerado ruim. Como todos os estudantes avaliados integram o modelo antigo de ensino fundamental (de oito anos, e não nove), essas crianças do 2.º ano ainda não alfabetizadas tinham 8 anos. Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) estabelece que, até 2020, toda criança terá de estar alfabetizada até 8 anos.
“Toda escola de São Paulo quer alfabetizar todos os alunos. Não temos uma data estipulada, mas queremos atingir a meta antes do prazo estipulado pelo Ministério da Educação. Estamos indo bem: em três anos, avançamos 25%”, afirmou o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, referindo-se aos resultados de 2007.
Para os especialistas, apesar da melhora, o índice atual ainda é muito ruim. “Se calibrarmos nossa análise, vemos que os números não são bons”, diz Priscila Cruz, diretora-executiva da ONG Todos pela Educação. “Estar alfabetizada é direito de todas as crianças. Para esses estudantes que não foram incluídos, o tempo passou. Deixaram de aprender coisas porque não estavam plenamente alfabetizadas. Temos de ter intolerância à desigualdade.”
Para Ocimar Munhoz Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo que ajudou a criar a avaliação municipal, os números são mais sérios quando se considera o patamar de São Paulo. “Não dá para achar bom que na cidade mais rica do País uma em cada quatro crianças termina o 2.º ano sem estar alfabetizada. Há crianças que depois de três anos na escola não sabe ler e escrever.”
A Prova São Paulo avaliou todos os alunos do ensino fundamental, exceto os do primeiro ano do ciclo I (de 6 e 7 anos de idade), com questões objetivas (múltipla escolha) de língua portuguesa e matemática, além de produção de textos.
Os resultados foram enviados para cada uma das escolas com o desempenho individual do aluno, o desempenho da classe, da própria escola, da Diretoria Regional de Educação na qual o colégio está inserido e da rede como um todo. Para a diretora-executiva da ONG Todos Pela Educação, essa divulgação dos resultados é positiva.
“Uma avaliação bem feita mostra as dificuldades de cada aluno. Isso é positivo numa avaliação de larga escala como essa, com mais de 500 mil avaliados. Não ter só um número isolado ajuda o s colégios a agirem corretamente”, acredita Priscila Cruz.
http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/sp-tem-25-de-analfabetos-no-2-%C2%BA-ano/
