25 março 2011

Dan Epstein, projetista de Londres 2012, alerta Rio para legado

Jornal do Brasil

O Rio de Janeiro precisa pensar o que quer ganhar com os Jogos Olímpicos de 2016. Esse foi o mote que o diretor de sustentabilidade e regeneração urbana dos Jogos de Londres 2012, Dan Epstein, deixou claro em sua palestra nesta quinta à tarde, em um hotel de Manaus, no II Fórum Internacional de Sustentabilidade. Clareza, aliás, foi uma palavra-chave para Epstein. Para ele, os organizadores dos Jogos do Rio deveriam fundar um instituto para pensar a cidade com o evento, como lidar com isso e o que a capital pode herdar da experiência.

- Olhamos os outros exemplos, como legado, economia, administração. Em Atenas, por exemplo, houve empresários, ambientalistas e políticos. - Tentamos transformar a cidade (Londres) num centro urbano sustentável. A cidade olímpica é do tamanho de Veneza, e teremos oito quilômetros de hidrovia no rio (Tamisa), numa área que estava degradada.


Dan Epstein participa do II Fórum Internacional de Sustentabilidade, em ManausEpstein atua hoje como um projetista sócio-ambiental da futura cidade olímpica. Lembrou a área degradada da periferia de Londres que está em transformação – antes havia lixão a céu aberto, ferro velho imenso. E apresentou números: “Tivemos que demolir 240 prédios, e reciclamos a maior parte do material, limpamos o rio e criamos em novas construções”.

Trânsito

Se há uma preocupação do projetista sobre a organização dos Jogos do ano que vem é o trânsito de pessoas em Londres e na “cidade olímpica”. Ele destacou a implantação de um sistema modal de energia limpa e eficiente.

- Temos ônibus e trens com energia limpa. Não queremos que os visitantes usem carro em Londres. O parque olímpico nem tem estacionamento. Vamos criar ciclovias e queremos que isso continue para longo prazo

Embora não tenha citado explicitamente, a mensagem foi um recado claro para a organização do projeto olímpico do Rio 2016, que tem privilegiado desde já os BRTs – Bus Rapid Transit, em que a prefeitura implanta faixas seletivas para ônibus em toda a capital fluminense. O Rio, neste sentido, vai na contramão do projeto sustentável de Londres, que, ao usar trens, ciclovias e ônibus com energia limpa, inibe a emissão de CO2, tão em voga no debate mundial.

Epstein ainda expandiu esse conceito para as construções:

- Quando você constrói, tem que pensar no carbono que está emitindo, tem que pensar na energia renovável. Realmente é importante construir prédios leves, com baixa emissão carbono - finalizou.