"Ninguém faz greve numa obra que está boa", disse Carvalho, lembrando aos presentes suas origens sindicalistas. Faz sim, caro ministro, por motivos políticos e/ou corporativistas, e vc sabe bem disso...
ANA FLOR
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral) deu um "puxão de orelha" nos empresários responsáveis pelas obras de hidrelétricas no Rio Madeira afirmando que uma das principais causas dos problemas foi a decisão das construtoras de antecipar a conclusão dos empreendimentos, levando um número maior de trabalhadores do que o planejado para o local. Segundo os sindicalistas, como as empresas poderão vender a energia produzida, têm interesse em concluir logo a obra.
Consórcio de Santo Antônio afirma que também registrou tumulto
O ministro também fez o que chamou de "autocrítica" do governo, admitindo que não foi bem planejada a estrutura urbana de Jaci-Paraná (RO), cidade onde está o canteiro de obras. Ele citou, por exemplo, que os hospitais públicos têm capacidade para atender 6 mil pessoas, sendo que há 40 mil hoje no local.
"Ninguém faz greve numa obra que está boa", disse Carvalho, lembrando aos presentes suas origens sindicalistas.
Ele coordenou uma reunião com empresários, centrais sindicais e representantes do governo sobre os problemas nas construções de Jirau e Santo Antônio. Em Jirau, uma revolta de operários destruiu a maior parte do canteiro de obras há duas semanas.
Marlene Bergamo-24.mar.2011/Folhapress
Alojamentos e escritórios destruídos durante conflitos com operários na usina de Jirau há duas semanas
Alojamentos e escritórios destruídos durante conflitos com operários na usina de Jirau há duas semanas
VITRINE DO GOVERNO
Carvalho avisou que foi chamado ontem pela presidente Dilma Rousseff e incumbido de resolver o impasse, para que as obras voltem a andar. "Não podemos exportar essa imagem, o PAC é uma das vitrines do governo", disse ele. Os sindicalistas tentam questionar todas as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), afirmando que há problemas trabalhistas em todas as maiores obras do país.
Ao final do encontro, Artur Henrique (CUT) e o deputado Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, ressaltaram que os problemas estão em "todas as obras do PAC".
Paulinho afirmou que espera um "acordo coletivo nacional" para a condução de obras do PAC no país.
Paulo Simão, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, afirmou que tem "certeza absoluta" que os sindicatos estão exagerando. "Não dá para estender para o resto do país, para o resto do PAC", disse.
Marlene Bergamo 23.mar.2011/Folhapress
Operários da Usina de Santo Antonio, durante assembleia na semana passada
Operários da Usina de Santo Antonio, durante assembleia na semana passada
Simão reconheceu problemas em "megaobras" e em "meia dúzia de obras" no país. Ele chegou a citar "disputa de sindicatos", como um dos fatores do problema nos canteiros de obras das usinas de Rondônia.
Na saída, Luiz Fenando Reis, presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada, não quis dar declarações.
A única medida concreta do encontro foi a criação de uma comissão tripartite --governo, empresários e sindicalistas-- para discutir a solução de problemas de Santo Antônio e Jirau e, em seguida, cada uma das obras do PAC no país. Segundo a Força Sindical, são 12 mil empreendimentos. O próximo encontro será na quinta-feira, no Planalto.