Com o testemundo de quem trabalha em Suape a pouco mais de 1,5 ano, garanto que, pelo menos da parte da empresa em que trabalho, não há nenhum desrespeito aos direitos dos trabalhadores. Pelo contrário, todas as negociações feitas penderam para o lado dos trabalhadores como o valor do dissídio, cesta básica etc.
Essa mega-greve é resultado da chegada em PE de um grupo de sindicalistas da BA acostumados a paralisar o pólo de Camaçari.
Ao contrário do que a maioria pensa, acredito que o prosseguimento desse sindicalismo radical vai acabar encarecendo a mão de obra a ponto de inviabilizar o desenvolvimento do estado de PE (um dos que mais crescem no país) e levando o investimento produtivo para a China, Cingapura, Malásia e afins.
O destino da paralisação que mantém os 34 mil operários do Complexo de Suape de braços cruzados será definido semana que vem pelo Tribunal do Trabalho
Enquanto os olhos de todos estão voltados para Jirau, em Rondônia, onde na semana passada os mais de vinte mil trabalhadores da construção da hidrelétrica fizeram uma rebelião que chamou atenção pelos atos de vandalismo, outra obra do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), em Pernambuco, está parada há uma semana pela greve de seus funcionários.
Nesta quinta-feira 24 iria acontecer um julgamento no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Pernambuco para definir o futuro da paralisação dos 34 mil trabalhadores da Refinaria Abreu e Lima e da Petroquímica de Suape. O Ministério Público do Trabalho (MPT) media a negociação entre patrões e funcionários. Até agora já foram atendidas 11 das 13 reivindicações dos operários, que ainda exigem pagamento de 100% das horas extras no sábado (atualmente recebem apenas 70%) e o aumento do vale-alimentação de 80 para 160 reais mensais.
O MPT apresentou novas propostas às duas partes e realizará uma audiência na segunda-feira 28 para tentar chegar a um acordo e evitar o dissídio. Caso ele não aconteça, está marcada para a terça-feira 29 nova sessão no TRT para julgar além da legalidade da greve, a sua natureza econômica.
Assim como em Jirau, a greve em Suape revela as más condições de trabalho que os trabalhadores das mega-obras do PAC estão submetidos. A Refinaria e a Petroquímica são os dois maiores investimentos do Plano no Estado, com um custo superior a 15 bilhões de reais. Esta é a maior greve nas três décadas de implementação do Complexo de Suape e mobiliza as 29 empresas do consórcio.