21 março 2011

Estadão: Governo planeja duplicar área de florestas plantadas no País em 10 anos

Ambiente. Segundo estudo coordenado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, extensão dessas florestas saltaria de 6,7 milhões de hectares para 15 milhões, incrementando a participação de produtos brasileiros de origem florestal no mercado externo
20 de março de 2011 | 0h 00
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Marta Salomon - O Estado de S.Paulo

Ainda com dificuldades para conter a extração ilegal de madeira de florestas nativas para a produção de lenha e carvão, o governo planeja transformar o País em uma "potência florestal" comercial no período de uma década, segundo estudo que circula de forma restrita na Esplanada, acompanhado de uma minuta de decreto a ser assinado pela presidente Dilma Rousseff.


O estudo coordenado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), a que o Estado teve acesso, planeja mais do que dobrar a área de florestas plantadas no País: de 6,7 milhões de hectares para 15 milhões. Com isso, a participação dos produtos de origem florestal - de papel a painéis de madeira e resíduos para a produção de energia - no mercado internacional poderia mais do que triplicar, atuais US$ 7 bilhões, baseados sobretudo em celulose, para até US$ 25 bilhões, estima o estudo.

O Brasil tem a segunda maior área de floresta do planeta, perdendo no ranking mundial apenas para a Rússia. Mas suas florestas plantadas equivalem a menos da décima parte da área plantada na China. No território nacional, sua proporção não alcança 1%. O grupo de trabalho coordenado pela SAE enxergou nos dados uma oportunidade, estimulada pela alta produtividade de florestas plantadas aqui, superior à dos EUA, um dos líderes do comércio internacional.

O plano de transformar o Brasil em "potência florestal" conta com a liberação de mais terras ocupadas atualmente pela pecuária de baixa produtividade, além de áreas já degradadas, que não são usadas para outro tipo de cultivo. A disponibilidade de terras poderia chegar a 70 milhões de hectares nos próximos anos. A Região Centro-Oeste seria o principal foco da expansão das florestas plantadas, mais concentradas hoje no Sudeste.

Licenciamento. Ao mesmo tempo que aponta fartura de terras, o estudo mostra obstáculos ao projeto de "potência florestal". Um dos principais seria o processo de licenciamento ambiental para o plantio de florestas. A proposta do grupo de trabalho é equiparar as florestas plantadas a outras atividades do agronegócio e dispensar o licenciamento para o plantio em áreas de até 1 mil hectares.

As metas são mais ambiciosas do que as previstas no Plano Nacional de Mudanças Climáticas para substituir o uso de carvão mineral e vegetal de origem ilegal nas siderúrgicas, por exemplo. E poderiam contar com o estímulo da venda de créditos de carbono no mercado internacional porque as plantações capturam gases de efeito estufa lançados na atmosfera e podem produzir energia mais limpa.

Um dos exemplos destacados no documento Diretrizes para a Estruturação de uma Política Nacional de Florestas Plantadas trata da geração de energia elétrica por centenas de pequenas usinas térmicas movidas a diesel na Amazônia. A conta, distribuída pelos consumidores do país, é estimada em R$ 6 bilhões por ano. Mas o diesel poderia ser substituído por biomassa de madeira, defende o grupo de trabalho.


http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110320/not_imp694459,0.php