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China, Taiwan e quatro nações do Sudeste Asiático brigam pelas ilhas Spratly e outros atóis
REUTERS
PEQUIM - Um dos jornais mais populares da China advertiu nesta terça-feira, 25, que as nações envolvidas em disputas territoriais no Mar da China Meridional devem "se preparar mentalmente para o som de canhões" se permanecerem em conflito com Pequim.
Diego Azubel/EFEChina afirma ter soberania indiscutível sobre os mares ao sul e sobre as ilhas da região
O Global Times é publicado pelo Diário do Povo, do Partido Comunista chinês, mas ao contrário deste não é uma plataforma para políticas oficiais e tende a assumir um tom nacionalista que agrada aos leitores.
Em um editorial publicado nas edições em chinês e inglês, o Times acusou países como Vietnã e Filipinas de se aproveitarem da "postura diplomática moderada" da China para forçar suas agendas próprias.
"Atualmente, a postura da China é a de que deve, primeiro, passar pelos canais gerais de negociação com outros países para resolver as disputas marítimas. Mas se a situação ficar feia, alguma ação militar é necessária", escreveu.
"Se esses países não querem mudar suas maneiras com a China, terão de se preparar mentalmente para o som de canhões. Precisamos estar prontos para isso, já que pode ser o único caminho para que as disputas marítimas sejam resolvidas".
China, Taiwan e quatro nações do Sudeste Asiático, incluindo as Filipinas e o Vietnã, têm reivindicações conflitantes sobre as ilhas Spratly e outros atóis no Mar da China Meridional, uma área onde se estima existir ricos depósitos de petróleo e gás. É também uma região rica em pesca.
Os países que reivindicam território marítimo vêm tentando amenizar a tensão depois de uma série de disputas este ano, inclusive quando barcos de patrulha chineses ameaçaram atacar um navio de pesquisa contratado pelas Filipinas em março.
Ao ser questionada sobre os comentários do jornal, a porta-voz da chancelaria chinesa, Jiang Yu, disse que o governo estava comprometido com uma política pacífica em relação ao mar.
"A mídia da China tem o direito de dizer o que quiser, mas esperamos que eles desempenhem um papel construtivo e apresentem uma mensagem verdadeira", disse ela em entrevista coletiva.
A China, que afirma ter soberania indiscutível sobre os mares ao sul e sobre as ilhas da região, rejeitou uma arbitragem internacional das reivindicações e propôs um desenvolvimento conjunto dos recursos.
O Global Times disse que outros governos praticamente ignoraram o pedido da China "de colocar de lado as diferenças e trabalhar em interesses comuns". "Não existe nenhum método conhecido para resolver estas questões de forma pacífica," escreveu o jornal.
"A realidade é que cada país acredita que tem tudo para forçar a China a se curvar. A China quer manter a calma, mas esse é um papel isolado. A China terá que se ajustar a esta realidade."