por Conceição Lemes
Você gosta de salmão ou atum? Prefere bacalhau, truta ou sardinha? Pois esses peixes do mar, todos de água fria, possuem outra característica em comum: contêm em abundância um tipo de gordura poli-insaturada muito especial – os protetores ácidos graxos ômega-3.
“Quem come mais peixe rico em gordura ômega-3 infarta menos”, informa a médica e professora Isabela Benseñor, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP. “O ômega-3 tem ação contra arritmia e, com isso, previne morte súbita por doenças cardíacas.”
O médico e professor Walter Willett, chefe do Departamento de Nutrição e Epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, acrescenta outros benefícios dos ácidos ômega-3: 1) são componentes importantes das membranas das células de todo o organismo, especialmente dos olhos, cérebro e espermatozoides; 2) são matéria-prima para a produção de alguns hormônios, entre eles os que regulam a contração e o relaxamento das paredes das artérias; 3) ajudam na prevenção e no tratamento de AVC e possivelmente de doenças autoimunes, como lúpus eritematoso e artrite reumatoide.
Por isso, segundo Willett, todas as pessoas deveriam ingerir diariamente pelo menos uma boa fonte de ômega-3. Para gestantes ou mulheres que desejam engravidar, isso é indispensável. “Uma criança em desenvolvimento precisa de suprimento constante de ácidos graxos ômega-3, para a formação do cérebro e outras partes do sistema nervoso”, cientifica o professor.
Óleo de soja e cápsulas
Os peixes de água fria, no entanto, não são a única fonte de graxos ômega-3. Eles também estão presentes em boa quantidade em castanhas (como amendoim, castanha-do-pará, macadâmia e castanha-de-caju), semente de linhaça e – atenção! – no óleo de soja, o mais usado no Brasil.
“Claro que comer peixe é melhor, mas quem utiliza normalmente óleo de soja no preparo dos alimentos preenche as necessidades diárias de ômega-3”, tranquiliza a nutricionista Celeste Elvira Viggiano, da Supervisão de Vigilância em Saúde da Prefeitura de São Paulo e mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP..
– Vale a pena tomar as cápsulas de ômega-3 à venda nas farmácias?
A resposta é não. “Os estudos científicos feitos até agora não demonstraram que elas são eficazes”, justifica Isabela. “Comprovadamente o que funciona é o ômega-3 misturado no prato de comida, interagindo com outros nutrientes.”
Mas há mais um argumento contra as cápsulas: o financeiro. É só fazer as contas. Considerando o número de cápsulas recomendado nos rótulos desses produtos e o preço de mercado, você gastaria por mês cerca de 50 reais. A quantia dá para comprar uns quilos de salmão e vários de sardinha. A vantagem dos peixes é tripla: além de saborosos e de fornecerem ômega-3 de primeira, são ótimas fontes de proteínas e minerais. Proteja o seu bolso e o seu coração.
http://www.viomundo.com.br/blog-da-saude/omega-3-protecao-contra-doencas-cardiacas.html