O regime chinês vai tomar precauções para conter a disseminação da cultura ocidental no país e tentar, nas palavras do presidente chinês, Hu Jintao, salvaguardar a cultura chinesa das ameaças do exterior.
Em um artigo publicado na revista Seeking the Truth ("Buscando a verdade"), Hu Jintao afirma que as chamadas "forças hostis internacionais estão intensificando seus golpes estratégicos de ocidentalizar a China e separar o país".
Para o líder político, "os campos ideológicos e culturais são o foco da infiltração de longo prazo deles". O pronunciamento é consoante com a reforma cultural aprovada por unanimidade em outubro passado pelos membros do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCC), durante seu 17º Congresso Anual.
Dentre as medidas citadas no plano de reforma estão a revitalização da indústria cultural do país por meio de investimentos, a expansão dos Institutos Confúcio no exterior e o controle da entrada de manifestações culturais ocidentais.
"A força da indústria cultural do país não é proporcional a sua influência internacional", alegou Hu Jintao no texto. "A cultura ocidental é forte, enquanto ainda nos mostramos fracos", acrescentou.
Ecos da revolução
Como uma das primeiras publicações legais de 2012 acerca da reforma, a Administração Estatal para Rádio, Filme e Televisão (Sarft, na sigla em inglês) anunciou no dia 1º o fim de 2/3 dos programas de entretenimento veiculados pela televisão chinesa em canais fechados.
As atrações vetadas, programas de namoro, concurso de calouros e talk shows, emulam programas ocidentais. Antes mesmo da reforma, em setembro do ano passado, o programa Super Girl, um show de calouros que contava com o voto dos telespectadores, foi cancelado. Na época, muitos acreditaram que as autoridades não viam com bons olhos o tímido exercício de democracia de escolher os vencedores.
A atração existia desde 2004 e chegou a ter uma audiência de 400 milhões de pessoas. Desde que posta em prática, a nova diretriz cultural já cortou 88 horas de programação de entretenimento da televisão a cabo - de 126 horas para 38 horas semanais.
Conforme a agência oficial de notícias, Xinhua, a Sarft comandou as emissoras a substituírem a programação "de mau gosto" por atrações que "promovam virtudes tradicionais e valores socialistas".
Para os críticos, as palavras reacendem os fantasmas da Revolução Cultural, política iniciada em 1966 por Mao Tsé-tung e que tirou 70 milhões de vidas durante os dez anos em que vigorou.
Durante a Revolução Cultural, aos chineses só se permitia estudar os trabalhos marxistas e os de Mao Tsé-tung, publicados no Livro Vermelho. Intelectuais e cidadãos da classe alta eram mandados para o campo de trabalho forçado.
Han Han, o mais famoso blogueiro do país, publicou no final de 2011 um post em que criticava as determinações da reforma cultural. Sob o título "Da liberdade", o escritor avaliou que, "mais do que impulsionar economicamente a indústria cultural chinesa, a reforma promoverá apenas artistas e ações que estejam de acordo com os ideais do Partido Comunista, aumentando a censura no país".
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