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| Unidade móvel de tratamento de esgoto instalada em Minas Gerais |
O investimento para pesquisa e construção de três conjuntos de exemplares demandou R$ 4,4 milhões, mas a companhia entende que o valor pode ser reduzido pelo uso de novas tecnologias e de materiais que acelerarão a construção e montagem de novos conjuntos.
Por hora, a Copasa mantém em operação dois conjuntos de ETEs móveis na ETE Jardim Canadá, em Nova Lima (MG), local onde estão sendo realizadas obras de ampliação e adequação da estação de tratamento de esgotos existente. Os equipamentos estão em funcionamento desde outubro de 2010. O terceiro conjunto está previsto para ser instalado na ETE de Santana da Vargem.
Além de locais onde ainda não existe estação de tratamento de esgotos, a Copasa pretende utilizar as unidades móveis para educação da população (ETE Escola), treinamento de pessoal e durante a manutenção de outras ETEs. A estação também pode ser utilizada em casos de demandas emergenciais - calamidade pública -, tratamento de esgotos de mineradoras e em empreendimentos industriais e comerciais com prazo delimitado.
A legislação ambiental vigente em Minas Gerais permite que ETEs com vazão de até 50 litros por segundo sejam passíveis de licenciamento ambiental convencional. O mesmo se aplica às ETEs Móveis, devendo apenas ser obtida junto aos órgãos ambientais, a Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF) para sua posterior regularização.
O prazo de construção também é rápido. Novas ETE's móveis podem ser instaladas e operadas num prazo máximo de cinco meses: três meses para construção e mais dois meses - necessários para adaptação do local que irá recebê-la - para início operacional. Já uma ETE tradicional, utilizando processos anaeróbios convencionais, requer pelo menos um ano e meio para ser projetada, licitada, construída e entrar em operação. Daí o valor da novidade.
"Podemos iniciar o tratamento de esgoto em áreas onde obtivemos a concessão de forma muito mais rápida e diminuir, por exemplo, o tempo de despoluição de rios e córregos", explica Carlos Alberto Leite Soares, analista máster da Copasa e um dos responsáveis pela iniciativa.
Unidade móvel tem capacidade de vazão média de 3,47 l/s
Como funciona
A unidade móvel consiste em duas carretas sobre rodas movidas por dois cavalos mecânicos que juntas permitem o tratamento de esgoto de populações com até 4 mil habitantes, e vazão média de 3,47 l/s. O tratamento preliminar é todo coberto visando minimizar a produção e exalação de gases odorantes.
Na primeira carreta - projetada e estruturada em aço SAC 350 protegido interna e externamente com pintura especial - é realizado o tratamento preliminar dos esgotos seguido de tratamento anaeróbico utilizando reator UASB. Na segunda carreta estão instalados os leitos de secagem.
Um sistema elevatório com capacidade de elevar entre 6 m e 8 m de altura uma vazão entre 2,7 l/s e 5,5 l/s, respectivamente, permite o bombeamento do esgoto para dentro do sistema.
O esgoto passa então por um tratamento preliminar para remoção de sólidos grosseiros e areia. Em seguida, a vazão é medida em uma calha parshall e o esgoto é introduzido através de oito tubos de três polegadas para o interior de um reator UASB, onde ocorre a decantação do líquido e a sedimentação dos sólidos. Um processo dimensionado para um tempo de detenção de oito horas para a vazão média de 3,47 l/s.
O lodo sedimentado passa por um processo de digestão, para posteriormente ser enviado periodicamente para os leitos de secagem, instalados na outra carreta. O resíduo final é aterrado na área da ETE Móvel. Já o biogás produzido neste processo é coletado, medido, transportado e queimado em área a 20 m das unidades.
De acordo com a Copasa, a estação foi projetada para reduzir a matéria orgânica em torno de 70%, assim como qualquer ETE que utiliza processos anaeróbicos. Assim, o efluente tratado se enquadra na Deliberação Normativa conjunta do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) MG1 de 05 de maio de 2008, em seu capítulo V, artigo 29, parágrafo 4o, item VII.
A ETE dispõe também de um laboratório para realização das análises de rotina, executadas após amostragem obtida por coleta simples duas vezes por dia. Nele, são medidos pH, temperatura, sólidos sedimentáveis, teor de sólidos, acidez volátil, alcalinidade e relação acidez/alcalinidade na entrada, meio e saída do reator.
As estações móveis dispõem de um gerador a diesel e não dependem de acesso à energia elétrica para o início da operação, explica Carlos Leite. "As bombas de esgoto bruto podem ser acionadas por ele enquanto é requerida à concessionária de energia a ligação para o local de instalação da ETE."
Para instalação das estações móveis, porém, são necessárias algumas condições. As rodovias de acesso devem permitir o deslocamento das carretas que medem 3 m de largura, 14 m de comprimento e 5,3 m de altura e pesam, vazias, em torno de 34 mil kg, sendo que a movimentação em áreas urbanas, onde há fiação elétrica, não é recomendada.
Ainda, é recomendado que se tenha uma área igual ou maior que 500 m2 (20 m x 25 m) para instalação da ETE. O último ponto de coleta da rede de esgoto a ser adaptado para recebimento da tubulação de recalque do conjunto elevatório deve estar a jusante da localidade a ser atendida e fora da malha urbana. O local não pode ser área de preservação ambiental e a Copasa recomenda 300 m de distância mínima em relação a edificações habitáveis.
O projeto da ETE Móvel foi idealizado, concebido e fiscalizado durante as fases de projeto, construção e pré-operação por técnicos da Copasa. Já a elaboração do projeto hidráulico ficou a cargo da ALE Engenharia. A montagem e construção e garantias construtivas, bem como a elaboração do projeto estrutural e elétrico, ficaram a cargo e sob a responsabilidade da Randon. Todo o conjunto de ETE Móvel foi patenteado pela empresa.
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