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Por JC
Do G1
Moradora de Sorocaba, SP, criou o banco há três anos. Cerca de 300 novos negócios já receberam recursos financeiros.
Se alguém dissesse, no começo de 2012, que as donas de casa Fernanda de Paula da Silva e Alessandra Rosa Moraes seriam sócias em uma empresa, talvez elas não acreditassem. Mas foi exatamente isso o que aconteceu. Se há cerca de dois meses elas não tinham profissão nem recursos para iniciar um negócio, hoje elas podem ser chamadas de empreendedoras.
O que possibilitou a realização do sonho das amigas foi a concretização de outro sonho - o da jovem Alessandra Gonçalves de França. Tendo como livro de cabeceira ‘O Banqueiro dos Pobres’, de Muhammad Yunus, Alessandra queria apoiar ideias brilhantes que só precisavam de um empurrão inicial: recursos financeiros.
Com essa ideia em mente e vendo tantos empreendimentos que fracassavam por falta de dinheiro e de orientação financeira, Alessandra criou o Banco Pérola, que empresta recursos para a abertura de novos negócios a pessoas que enfrentariam dificuldades para conseguir crédito na praça do modo tradicional. Além disso, o banco também disponibiliza profissionais especializados, que prestam consultoria ao empreendedor que está começando.
Hoje, aos 27 anos, a jovem já patrocinou mais de 300 pequenas empresas. Entre os empreendedores de sucesso, estão Fernanda e Alessandra, que fabricam e vendem sabonetes, essências e hidratantes. "Há cerca de dois meses, quando ia preencher um cadastro, era obrigada a colocar no campo profissão ‘do lar’. Hoje, eu tenho uma profissão: sou artesã”, comenta Fernanda.
Há três anos, o banco de Alessandra realiza empréstimos sob uma criteriosa análise dos aspirantes a empreendedores. Os métodos de seleção, porém, são diferentes dos de bancos tradicionais. “Analisamos, sobretudo, o caráter e a ideia do cliente. Se ele deve para alguma instituição financeira, investigamos o porquê da dívida”, conta a banqueira.

Alessandra criou o Banco Pérola há três anos
(Foto: Geraldo Jr. / G1)
(Foto: Geraldo Jr. / G1)
O começo
A iniciativa surgiu enquanto a jovem ainda trabalhava em um projeto social. Ela já tentava ajudar em pequenos empreendimentos, mas ainda não possuía recursos. “Eu queria entender por que tantos jovens que tinham potencial não davam certo”. Foi aí que Alessandra percebeu que o fator determinante para o fracasso desses empreendedores era a falta de dinheiro. Com o projeto do banco em mente, faltava – também para ela – o capital inicial.
A iniciativa surgiu enquanto a jovem ainda trabalhava em um projeto social. Ela já tentava ajudar em pequenos empreendimentos, mas ainda não possuía recursos. “Eu queria entender por que tantos jovens que tinham potencial não davam certo”. Foi aí que Alessandra percebeu que o fator determinante para o fracasso desses empreendedores era a falta de dinheiro. Com o projeto do banco em mente, faltava – também para ela – o capital inicial.
O problema foi resolvido em 2009, quando a jovem resolveu se inscrever em um concurso que daria como prêmio R$ 40 mil para cinco empreendedores colocarem seus projetos em prática, além de dois anos de apoio institucional da organização. A ideia do Banco Pérola venceu a concorrência e Alessandra conseguiu o dinheiro para colocar seus planos em prática.
No primeiro ano, 28 negócios foram apoiados. “Nós percebemos que o jovem devolvia o recurso, tinha o investimento de volta e que o negócio dava certo. Com o resultado positivo do primeiro ano, conseguimos mais recursos – cerca de R$ 191 mil – para investir nesses jovens. Assim, conseguimos apoiar mais 130 negócios.” Neste terceiro ano, Alessandra conta que o número de atendimentos chegou a 330 – investimento que já passa dos R$ 920 mil. Em três anos de existência, o banco investiu R$ 1,3 milhão em pequenos negócios da região.
Funcionamento
O Pérola ainda possui um conceito diferente de crédito, chamado de “microcrédito produtivo orientado”. Trata-se de um serviço de consultoria, que acompanha o empréstimo. O empreendedor toma o crédito e recebe um acompanhamento. A cada 15 dias, um consultor – chamado de agente de oportunidade – vai até o negócio para dar dicas de gestão. Alessandra prefere chamar a taxa de juros de 4% ao mês de “custo da consultoria”. “Com essa porcentagem, nós pagamos o custo do empréstimo e da consultoria”, explica.
Os critérios de seleção dos clientes do Banco Pérola são outro diferencial em relação aos bancos tradicionais. “Temos que ter muito cuidado na etapa de seleção para que os projetos ruins não atrapalhem os bons, porque um que não pague já dificulta o empréstimo para outras pessoas. Assim, nós viramos sócios do cliente, pois precisamos dar todo o suporte para que ele dê certo. Só assim o dinheiro volta.”
O banco se mantém com o apoio de algumas empresas, além, é claro, da cobrança de juros. A taxa de inadimplência do Pérola é de 2% ao mês. “Há dois tipos de inadimplência: um por problemas na comunidade, que são resolvidos com a nossa ajuda, e outro por problemas de caráter do cliente, os quais são mais difíceis de solucionar”, explica a banqueira.

Irmãos montaram fábrica com recursos do banco
(Foto: Geraldo Jr. / G1)
(Foto: Geraldo Jr. / G1)
Resultados
Cerca de 68% dos projetos sobrevivem ao primeiro ano – período que Alessandra considera o mais difícil. Para ela, os projetos que resistem a esse tempo têm maior chance de dar certo. Dos negócios que vingaram, destacam-se os irmãos Werlen, Warley e Giulenon Pereira Santos. Desempregados após perderem o emprego em uma madeireira, eles emprestaram R$ 15 mil do Banco Pérola. “No começo, eu desconfiei. Era muito bom para ser verdade, pois nenhum banco acreditaria em pessoas sem garantia nenhuma, sem emprego e sem crédito no mercado”, comenta Werlen.
Cerca de 68% dos projetos sobrevivem ao primeiro ano – período que Alessandra considera o mais difícil. Para ela, os projetos que resistem a esse tempo têm maior chance de dar certo. Dos negócios que vingaram, destacam-se os irmãos Werlen, Warley e Giulenon Pereira Santos. Desempregados após perderem o emprego em uma madeireira, eles emprestaram R$ 15 mil do Banco Pérola. “No começo, eu desconfiei. Era muito bom para ser verdade, pois nenhum banco acreditaria em pessoas sem garantia nenhuma, sem emprego e sem crédito no mercado”, comenta Werlen.
Com o dinheiro, os irmãos montaram o negócio próprio e, hoje, fabricam bobinas de madeira – trabalho parecido com o que realizavam nos antigos empregos. “A diferença, agora, é que a gente trabalha para a gente mesmo, o nosso esforço é para o nosso negócio. Temos orgulho de dizer que somos nossos próprios patrões”, comemora Werlen. Com seis meses de empresa, os irmãos empregam outras quatro pessoas.
O banco da jovem Alessandra estima crescer mais em 2013 e apoiar novos negócios de sucesso. “Queremos expandir o apoio aos microempreendedores e incentivar mais sonhos que só precisam de pessoas que acreditem neles,” encerra.
