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O novo estádio do Corinthians, na zona Leste de São Paulo, está sendo erguido ao custo de R$ 820 milhões. Exatos 46% desse valor - R$ 400 milhões - serão financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com recursos do Pró-Copa, linha de crédito para financiamento das arenas da Copa do Mundo de 2014. Os R$ 420 milhões restantes serão concedidos em títulos de isenção fiscal da Prefeitura de São Paulo, e o Governo Estadual deve investir mais R$ 70 milhões em arquibancadas temporárias para o jogo de abertura do evento esportivo.
Nesta entrevista, o vice-presidente do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg, conta as particularidades desses investimentos, como esses aportes estão sendo geridos, em quanto tempo, como o financiamento será quitado e quais os riscos do negócio. Até o fechamento desta edição, O BNDES não havia liberado o valor de R$ 400 milhões para a obra da arena. Confira a entrevista.
"Se o Corinthians é o clube com maior inovação em marketing do País, por que ele entregaria a gestão de um empreendimento desse porte e dessa importância para uma empreiteira?"
Qual o papel do Clube Corinthians no gerenciamento da nova arena?
O Corinthians é o dono da arena. A gente dimensionou o estádio, escolheu o local e as características de cada dependência com base em um estudo de mercado, definiu tecnologias, como deveria ser a iluminação, etc. Também contratamos e controlamos a obra. Portanto, a Arena Corinthians não é um projeto que nasce da engenharia, nem do marketing. Nasce do conhecimento gerencial do Clube Corinthians. Além disso, ao contrário dos demais estádios do Brasil em que a empreiteira avisa o governo que quer fazer uma obra a partir de um projeto que ela própria negocia, o Corinthians, ao contrário, contratou primeiramente o arquiteto - Aníbal Coutinho -, que especificou a arena conforme aspectos de arquitetura, custo e a própria história do Corinthians. E a partir daí contratamos os outros serviços, incluindo a construção.
O Corinthians é o dono da arena. A gente dimensionou o estádio, escolheu o local e as características de cada dependência com base em um estudo de mercado, definiu tecnologias, como deveria ser a iluminação, etc. Também contratamos e controlamos a obra. Portanto, a Arena Corinthians não é um projeto que nasce da engenharia, nem do marketing. Nasce do conhecimento gerencial do Clube Corinthians. Além disso, ao contrário dos demais estádios do Brasil em que a empreiteira avisa o governo que quer fazer uma obra a partir de um projeto que ela própria negocia, o Corinthians, ao contrário, contratou primeiramente o arquiteto - Aníbal Coutinho -, que especificou a arena conforme aspectos de arquitetura, custo e a própria história do Corinthians. E a partir daí contratamos os outros serviços, incluindo a construção.
E qual a vantagem desse gerenciamento por parte do clube em sua opinião?
Ninguém no Brasil é melhor que o Corinthians para gerir a Arena Corinthians. Se o Corinthians é o clube com maior inovação em marketing do País, por que ele entregaria a gestão de um empreendimento desse porte e dessa importância para uma empreiteira? As empreiteiras é que deveriam contratar o Corinthians para gerenciar os empreendimentos das obras de estádios que elas fazem.
Ninguém no Brasil é melhor que o Corinthians para gerir a Arena Corinthians. Se o Corinthians é o clube com maior inovação em marketing do País, por que ele entregaria a gestão de um empreendimento desse porte e dessa importância para uma empreiteira? As empreiteiras é que deveriam contratar o Corinthians para gerenciar os empreendimentos das obras de estádios que elas fazem.
Mas se é o clube que gerencia os recursos, é ele também que operacionaliza o Arena Fundo de Investimento Imobiliário, e não a BRL Trust? E onde entra a Odebrecht?
O fundo existe para permitir o empréstimo à obra - que não poderia ser feito via clube - e para garantir ao financiador que esse estádio, prioritariamente, paga suas dívidas. A estrutura do fundo também tem a vantagem de blindá-lo de qualquer problema trabalhista que envolva o clube. Ele passa a ser uma instituição à parte em que o estádio e todas as propriedades do clube ficam contidas no fundo até o final do débito. Portanto, não se trata de um fundo que distribui cotas a quem quiser. Ele só tem três cotistas: o cotista sênior, que é o investidor, no caso, o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que tem como intermediário o Banco do Brasil; o cotista júnior, que é o Corinthians, que colocou todas as suas propriedades dentro do fundo, somando R$ 470 milhões; e o cotista mezanino, que é a Odebrecht, que, para ter o benefício da obra, compromete-se a comprar a cota do Corinthians caso ele fique inadimplente. A BRL Trust é uma operadora a quem cabe realizar as operações financeiras e avaliar a boa qualidade das transações que o clube faz por meio do fundo.
O fundo existe para permitir o empréstimo à obra - que não poderia ser feito via clube - e para garantir ao financiador que esse estádio, prioritariamente, paga suas dívidas. A estrutura do fundo também tem a vantagem de blindá-lo de qualquer problema trabalhista que envolva o clube. Ele passa a ser uma instituição à parte em que o estádio e todas as propriedades do clube ficam contidas no fundo até o final do débito. Portanto, não se trata de um fundo que distribui cotas a quem quiser. Ele só tem três cotistas: o cotista sênior, que é o investidor, no caso, o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], que tem como intermediário o Banco do Brasil; o cotista júnior, que é o Corinthians, que colocou todas as suas propriedades dentro do fundo, somando R$ 470 milhões; e o cotista mezanino, que é a Odebrecht, que, para ter o benefício da obra, compromete-se a comprar a cota do Corinthians caso ele fique inadimplente. A BRL Trust é uma operadora a quem cabe realizar as operações financeiras e avaliar a boa qualidade das transações que o clube faz por meio do fundo.
Nesse sentido, o cotista júnior se compromete a usar todas as receitas advindas da operação do estádio para resgatar as cotas do cotista sênior?
Exatamente. E isso num prazo de financiamento de dez anos, ou seja, em 120 parcelas mensais.
Exatamente. E isso num prazo de financiamento de dez anos, ou seja, em 120 parcelas mensais.
Por que dez anos de financiamento se o Arena Fundo de Investimento Imobiliário foi prolongado de 16 para 30 anos? Isso não significa que o estádio só será do Corinthians em 30 anos?
Não tem nada a ver uma coisa com a outra. O Corinthians é proprietário do estádio desde o primeiro dia da obra. Mas, como em todo financiamento, o agente financiador detém direitos do bem alienado até que a dívida seja quitada. Então, uma coisa é a propriedade do estádio - que é do Corinthians, ainda que em nome do financiador até acabar a dívida. Outra coisa é a previsão de quitação dos débitos do clube com o BNDES, que é de dez anos. E uma terceira coisa é o tempo de vida do fundo, que estabelecemos em 30 anos.
Não tem nada a ver uma coisa com a outra. O Corinthians é proprietário do estádio desde o primeiro dia da obra. Mas, como em todo financiamento, o agente financiador detém direitos do bem alienado até que a dívida seja quitada. Então, uma coisa é a propriedade do estádio - que é do Corinthians, ainda que em nome do financiador até acabar a dívida. Outra coisa é a previsão de quitação dos débitos do clube com o BNDES, que é de dez anos. E uma terceira coisa é o tempo de vida do fundo, que estabelecemos em 30 anos.
Mas, então, o que significa prolongar para 30 anos um fundo criado para receber todas as receitas do estádio até o clube pagar os custos da obra?
O fundo é uma entidade à parte do clube e pode nos trazer benefícios gerenciais em outras situações. Em dez anos, quando quitar o financiamento com o BNDES, o Corinthians será dono de todas as cotas do fundo e, portanto, o fundo será dele e o clube poderá usar desse mecanismo como bem entender. Em 30 anos, quando acabar o prazo de validade do fundo, o Corinthians poderá extingui-lo ou, ainda, aumentar sua validade. Isso vai depender das estratégias gerenciais do dirigente que tiver à frente do clube.
O fundo é uma entidade à parte do clube e pode nos trazer benefícios gerenciais em outras situações. Em dez anos, quando quitar o financiamento com o BNDES, o Corinthians será dono de todas as cotas do fundo e, portanto, o fundo será dele e o clube poderá usar desse mecanismo como bem entender. Em 30 anos, quando acabar o prazo de validade do fundo, o Corinthians poderá extingui-lo ou, ainda, aumentar sua validade. Isso vai depender das estratégias gerenciais do dirigente que tiver à frente do clube.
De onde virá o dinheiro para quitar o financiamento com o BNDES?
O naming rights [direito de nomear um estádio com uma marca] da Arena Corinthians vai movimentar, no mínimo, R$ 25 milhões por ano. A venda dos 100 camarotes do estádio, por 500 mil, gerará receita de R$ 50 milhões por ano. As 20 mil numeradas trarão mais R$ 80 milhões por ano. Isso sem contar o faturamento do restaurante, dos eventos, do museu, dos patrocinadores, da publicidade, etc.
O naming rights [direito de nomear um estádio com uma marca] da Arena Corinthians vai movimentar, no mínimo, R$ 25 milhões por ano. A venda dos 100 camarotes do estádio, por 500 mil, gerará receita de R$ 50 milhões por ano. As 20 mil numeradas trarão mais R$ 80 milhões por ano. Isso sem contar o faturamento do restaurante, dos eventos, do museu, dos patrocinadores, da publicidade, etc.
E quando, enfim, vocês pretendem negociar o naming rights da arena?
Não tenho pressa. Vamos supor que o financiamento com o BNDES seja assinado no final deste mês. Isso me dará dois anos de carência, ou seja, a primeira prestação será paga só em janeiro de 2015! Até lá, o estádio já estará construído e muito mais valorizado do que hoje. Então, se posso esperar até janeiro de 2015, por que venderia os direitos de naming rights agora? Isso significaria vender na baixa.
Não tenho pressa. Vamos supor que o financiamento com o BNDES seja assinado no final deste mês. Isso me dará dois anos de carência, ou seja, a primeira prestação será paga só em janeiro de 2015! Até lá, o estádio já estará construído e muito mais valorizado do que hoje. Então, se posso esperar até janeiro de 2015, por que venderia os direitos de naming rights agora? Isso significaria vender na baixa.
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