06 novembro 2011

Marisa Monte lança CD sobre “ a experiência de aproveitar a vida”


Na última quinta-feira pela manhã, a cantora Marisa Monte deu entrevista coletiva virtual para falar de seu aguardado disco “O que você quer saber de verdade” (Phonomotor/EMI Music). O oitavo álbum da carreira de Marisa chega às lojas e prateleiras virtuais de 28 países a partir desta semana após um hiato de cinco anos – seus últimos trabalhos autorais foram Universo ao Meu Redor e Infinito Particular, lançados simultaneamente em 2006.
É a primeira vez que Marisa usa a internet de forma tão abrangente. O hotsite www.marisamonte.com.br vem servindo como fonte oficial de informação sobre o novo trabalho desde o final de agosto.
Foi através da página que ela liberou, em streaming, a canção inédita Ainda Bem, que já ultrapassou a marca de 1,2 milhões de acessos (incluindo as exibições do clipe da música no Youtube – em que a cantora aparece dançando com o lutador Anderson Silva, atual campeão mundial dos pesos médios do UFC). Alguns dias antes do lançamento oficial do novo trabalho, o site disponibilizou para download gratuito - durante quatro dias – a faixa-título do CD, O que você quer saber de verdade, além de um vídeo com a canção. “É uma maneira muito legal de dar oportunidades iguais para todo mundo.
Há muito tempo que sonho com isso. Acho que a internet traz a possibilidade de falar com muito mais gente. Espero que a imprensa possa viver este novo momento junto comigo. Conciliar esses desejos é um esforço. Porque faço música e comunicação, também o que vocês (jornalistas) fazem, exatamente o que é mais afetado pela tecnologia hoje”, explicou Marisa Monte.
Registrado a partir de sessões no estúdio caseiro da cantora e compositora, O que você quer saber de verdade foi produzido pela artista e coproduzido pelo grande amigo e músico Dadi. O disco traz composições de Marisa com alguns de seus velhos companheiros, como Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e o próprio Dadi, além do dueto com o ex-Los Hermanos Rodrigo Amarante, na canção O que se quer, primeira parceria da dupla.
Dona de três Grammy Latinos e nove milhões de álbuns vendidos, reverencia alguns de seus artistas preferidos, com as releituras de Descalço no parque, de Jorge Ben Jor, e Lencinho querido (El Panuelito), versão em português para o tango de Juan de Dios Filiberto e Gabino Coria Penaloza, sucesso na voz de Dalva de Oliveira nos anos 50. Nesta canção, Marisa conta com a participação do grupo argentino Cafe de los Maestros. “Sempre gostei de música antiga brasileira. Eu era uma adolescente diferente porque gostava de fuçar disco da avó e do pai. Essa música eu conheço desde essa época, de 15 ou 16 anos, quando eu ouvia Dalva, Lupicínio Rodrigues, Francisco Alves, repertório com o qual entrei em contato muito jovem”, revelou.
A cantora ainda encontra espaço no disco para revelar um novo talento da MPB, o compositor André Carvalho, de quem regravou Nada Tudo. O disco conta com a participação de músicos tarimbados, de diferentes escolas, como o multiinstrumentista argentino Gustavo Santaolalla, vencedor de dois Oscar; o power trio do Nação Zumbi – Pupillo, Dengue e Lucio Maia –; e os tecladistas americanos Thomas Bartlett (Doveman e Antony and the Johnsons) e Money Mark (Beastie Boys). Somam-se a eles os conjuntos de cordas com arranjos dos maestros Greg Cohen e Miguel Atwood-Ferguson, ambos dos EUA. Com gravações no Rio de Janeiro, São Paulo, Nova York e Los Angeles, o CD foi mixado por Patrick Dillett (conhecido por seus trabalhos com a própria Marisa, David Byrne, Laurie Anderson e Mary J. Blige), com exceção da música O que se quer, finalizada por Mario Caldato (produtor de Beastie Boys e Björk).
Sobre o processo de escolha do novo repertório, ela disse que fez pensando em um álbum que tem como formato o CD. “É um grupo de canções agrupadas, formato herdado do LP, que pra mim não mudou ainda. Acho legal que possa daqui a um tempo lançar uma música ou outra, e não esperar tantos anos pra lançar um grupo de canções. Ao mesmo tempo, é legal ter um grupo de canções que têm um conceito”, declarou, acrescentando que não pensou em fazer um álbum popular, mas em se comunicar com as pessoas.
“Se alguma coisa me diz algo, acho que tem a possibilidade de acontecer o mesmo para os outros. Então procuro escolher as canções que se comunicam melhor comigo. Algumas músicas falam de amor, mas não é esse o ponto de ligação (entre as canções). Acho que ele é um disco solar, que busca falar sobre a experiência de aproveitar a vida”, contou.