30 abril 2011

A ingenuidade latina com a China

Da BBC Brasil

América Latina não pode ser ingênua na relação com China, diz analista

Júlia Dias Carneiro
Da BBC Brasil no Rio de Janeiro

A América Latina não deve ser ingênua nas relações com a China e precisa ter cuidado para "não ir de uma potência para a outra", trocando a dependência dos Estados Unidos pela do gigante asiático, diz o colombiano Maurício Cárdenas, diretor do setor latino-americano do instituto de pesquisas Brookings Institution, em Washington.

Na avaliação de Cárdenas, a América Latina tem sido ingênua em relação à China. Não exigiu o suficiente que o país abrisse seu mercado nem colocou em dúvida a duração do crescimento chinês.

"Fomos muito ingênuos em pensar que a China vai continuar crescendo na taxa de 10% ao ano e que a demanda por commodities vai continuar neste ritmo para sempre", afirmou Cárdenas à BBC Brasil no Fórum Econômico Mundial da América Latina, no Rio.

De acordo com Cárdenas, há diversos sinais vindos da China de que a atual taxa de crescimento não se sustentará, pois haveria excesso de capacidade em setores da economia, vilas com muitos prédios e poucos habitantes, fábricas operando abaixo da capacidade.

"Diversos exemplos indicam que há excesso de investimento na China. E sempre que vimos isso na história, houve um ajuste custoso depois, seja porque empréstimos não foram pagos, bancos enfrentam dificuldades ou ninguém quer investir mais no local."

Para Stephen Olson, diretor do instituto Asia Economic Strategy Institute, o Brasil também deve agir para que a China desvalorize sua moeda, pois, segundo ele, a atual cotação do yuan prejudica indústrias brasileiras.

Mas ele diz que pressionar o país pode ser contraproducente, porque os chineses poderão achar que adotar a medida simbolizará fraqueza e submissão a vontades externas. Em vez disso, sugere uma "diplomacia silenciosa" que faça a China entender que valorizar o yuan será vantajoso para o país.

Para Cárdenas, a América Latina precisa estar pronta para o momento em que o "motor do mundo desacelerar". Isso equivale a aumentar a poupança ("Não falamos mais em poupança na América Latina, falamos só em investimetno, empréstimo, expansão de crédito") e fortalecer os mercados internos para criar uma base forte para o crescimento econômico.

"O problema é que expandimos o mercado interno, mas muito dessa demanda está sendo suprida por manufaturados chineses. Pense nos eletrodomésticos, nos automóveis. Isso é o caso menos do Brasil, mas é fato em países como Peru e Chile, onde a maioria desses produtos é importada da Ásia."

A expansão do mercado interno deveria permitir o aumento da produção doméstica de manufaturados e incentivar a exportação de produtos além das commodities, ressalta.

Segundo o analista, em muitas maneiras a relação com a China se parece com uma relação "Norte-Sul". "Eles fazem os manufaturados, nós fazemos as commodities, nós aceitamos o capital", afirma o colombiano.

Olson, do Asia Economic Strategy Institute, diz que a China é muito direta em perseguir seus interesses estratégicos e comerciais.

"Governantes brasileiros devem discernir com cuidado quais os interesses estratégicos chineses numa questão particular, e então definir suas estratégias políticas de forma correspondente", diz Olson à BBC Brasil.

China versus EUA

A expansão da presença chinesa na América Latina, segundo Cárdenas, "é uma ameaça maior do que os Estados Unidos percebem e maior do que as autoridades chinesas admitem".

"Dizem que não há interesse político na América Latina, que são só negócios. Mas já há sinais de que querem exercer uma influência política sobre a região. É uma tendência e temos que estar alertas. Acho que não queremos ir de uma potência para a outra."

A China é vista como uma ameaça às fortes relações dos Estados Unidos com os países da América Latina. Para Cárdenas, porém, esse momento de transição deve ser usado de maneira "mais inteligente", de modo a elevar a importância global da região e reduzir as dependências.

Ele considera o país asiático o principal risco global a ser levado em consideração hoje pela América Latina. O segundo são os próprios Estados Unidos, onde o aumento do deficit fiscal demandará ajustes que, a seu ver, terão efeitos negativos para os países da região.

"Os Estados Unidos são hoje uma sociedade muito dividida, e na minha visão estão se tornando muito fechados. Eles percebem que sua posição no mundo está mudando, e a reação instintiva de muitas pessoas, e de muitos políticos, é construir barreiras. E barreiras nos Estados Unidos serão prejudiciais ao México, à América Central e a muitos países da região", diz.

*Colaborou Silvia Salek, da BBC Brasil em Londres

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-ingenuidade-latina-com-a-china?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

Cadelas são mais inteligentes do que cachorros – Ciência Maluca

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Torturadores riam, diz vítima da ditadura que receberá R$ 200 mil

Flavia Bemfica
Direto de Porto Alegre

Preso e torturado aos 16 anos durante o regime militar, hoje, Airton Joel Frigeri, 57 anos, tem um escritório de contabilidade em Caxias do Sul, na Serra gaúcha, no mesmo bairro onde cresceu e para onde voltou após ter sido libertado. Passados 41 anos, fala dos episódios de 1970 com indignação, mas não se lamenta. Apesar de omitir os detalhes mais escabrosos das torturas, eles são quase visíveis em sua narrativa.

O caso de Frigeri ganhou repercussão após o Tribunal de Justiça do RS considerar o dano moral gerado pela tortura ponto central. A história recente está repleta de casos de vítimas ilustres da ditadura, que seguiram carreira política, ao contrário de Frigeri, que permaneceu um "cidadão comum".

Entre as referências estão figuras como a presidente Dilma Rousseff (PT) e seu ex-marido, o ex-deputado pedetista Carlos Araújo, o deputado estadual gaúcho Raul Pont (PT), o coordenador do Assessoramento Superior do governador Tarso Genro, o secretário Flávio Koutzii (PT), e o juiz do Tribunal Militar do Estado do RS, João Carlos Bona Garcia (PMDB).

"Na época, ele (Frigeri) era só um adolescente, nunca foi provado nada contra ele. Podia ser meu filho, podia ser o seu. É a humanidade deste caso que chama a atenção", resume o desembargador Jorge Luiz Lopes do Canto, relator da ação no TJ. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista que Frigeri concedeu com exclusividade ao Terra.

Terra - O que significa para o senhor esta decisão do Tribunal de Justiça?
Airton Joel Frigeri - Essa ação ingressou em 2008 e, na primeira instância, a Justiça entendeu que estaria prescrito. Ainda cabe recurso, mas a Procuradoria Geral do Estado (PGE) já informou que não vai recorrer da prescrição. O importante é que se eles recorrerem é de valor, algo assim, ou seja, o que mais importa nisso tudo é a decisão de que a tortura é um crime de lesa-humanidade. Não fui só eu que fui torturado, foi todo mundo lá, e barbaramente. Acho importante que isso desperte o interesse da imprensa e de quem atua na educação, para que se conte essa história recente do país, que está escondida e mal contada. Não se pode simplesmente com a anistia colocar uma pedra em cima e dizer que entre 1964 e 1985 não aconteceu nada.

Hoje ainda ouvimos pessoas dizendo que desejavam que os militares voltassem ao poder porque aí a corrupção acabava. Ora, na verdade, naquela época, havia corrupção e banditismo. Só que não tinha divulgação, havia censura prévia. E além de haver tudo isso na política, as pessoas que tentavam fazer alguma coisa iam presas. A gente até 68 conseguia fazer alguma coisa. Depois, ia para a clandestinidade e tentava motivar os demais.

Quando o senhor começou a ser perseguido?
Comecei no movimento estudantil com 15 anos. E começaram a me perseguir logo depois, no final de 69. Eu viajei para o Rio de Janeiro e fiquei clandestinamente lá até fevereiro de 70. Voltei e no dia 9 de abril me prenderam. A acusação era de que eu era subversivo.

Quanto tempo o senhor ficou preso?
Do início de abril ao final de agosto de 1970. Fui preso em Caxias por ordem do DOPS (o então Departamento da Ordem Política e Social) porque apreenderam alguns documentos em que havia meu nome. Um colega meu já havia sido torturado. O DOPS contatou Caxias e a Delegacia Regional, por coação moral, tentou arrancar alguma coisa de mim. Antes eu já havia sido detido inúmeras vezes. Fui preso às 20h, em casa, quando a gente estava jantando. Eu era um guri de 16 anos, desarmado, e eles cercaram a casa com 15, 20 homens da Brigada Militar (a PM gaúcha) com fuzis, e policiais civis com metralhadoras.

Nós não usávamos armas. O movimento de que eu participava aqui na região era de conscientização. Éramos da União dos Estudantes Secundaristas do Nordeste do Estado. Ela representava as entidades municipais que, por sua vez, agregavam os grêmios estudantis. Deixou de ser legal a partir do AI-5 e eu fiquei muito em evidência porque era jovem, brigava bastante pelas coisas em que acreditava e circulei em toda a região. Não me arrependo de nada.

Como era a rotina no DOPS?
Fui transferido para o DOPS naquela mesma madrugada, à 1h. Fiquei lá 25 dias. Era assim: um deles torturava, os outros riam, e demonstravam o quanto estavam gostando. O pessoal do DOPS foi treinado pelo pessoal do DOI-CODI (o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna). Aperfeiçoaram a tortura, de forma a ser pior, mas a deixar menos marcas.

A tortura, ela não dói só em ti, ela dói demais no outro. Eu lembro de quando éramos obrigados a ficar em um círculo, vários de nós. Nesse círculo havia uma moça só, que era obrigada a ficar nua, e levando choques intravaginais, na nossa frente, sendo ainda mais degradada, e nós éramos obrigados a assistir. A sala da tortura, que era chamada de "fossa", ficava no terceiro andar do Palácio da Polícia, na avenida João Pessoa. Eles empilhavam livros e jornais em todas as paredes externas, para abafar os nossos gritos, mas faziam questão de deixar aberta, para sermos ouvidos pelos outros.

Uma outra sala, também no terceiro andar, foi cedida para o serviço secreto do 3º Exército. Ficava no lado oposto, porque o prédio faz um U. Era onde eram feitos os Inquéritos Policiais Militares (os IPMs) e ali acontecia tortura também. Quem ficava lá dentro ouvia tudo. Quanto mais a gente passava por aquilo, mais difícil era de suportar.

O senhor tentou esquecer?
Isso tu não esqueces. Não tem como a gente ficar igual. Durante muito tempo eu sonhava, ficava lembrando. Tive problemas de saúde. Eles praticamente me arrebentaram, entre os choques e pancadas nas costas. Nas costas eles usavam um instrumento que chamavam de papalégua. É assim um pedaço de madeira de mais ou menos uns 40, 50 centímetros, com uma tira de borracha, de pneu. Durante o choque, eles batiam com aquilo nas minhas costas.

Eu lembro de um jornalista de Tapes, que não participava de movimento nenhum, e foi preso só porque tinha escrito umas coisas. O coronel chegava lá de manhã e dizia: "olha, daqui a pouco venho te buscar para te torturar". Aí passavam duas horas e nada. Então o coronel vinha de novo, mascando chicletes, e falava de novo. Ficava nisso o dia inteiro. Quando chegava a noite eles pegavam o cara e começavam a tortura. Teve uma ocasião em que ele ficou tão fora de si que deu um soco em uma parede de madeira e quebrou tudo. Precisaram levá-lo para o hospital. Acho que ele só não se matou porque não tinha como. Muito pouca gente presa entre 69 e 70 não foi torturada.

Os torturadores se mostravam incomodados?
Não, não. Era assim, conforme a vontade deles. Eles sabiam que muita gente ali não tinha o que revelar, às vezes perguntavam qualquer coisa. Quando a pessoa desmaiava, eles davam um tempo. Era o prazer de torturar. Eles ficavam mascando chicletes, rindo. Principalmente três pessoas do DOI-CODI do Rio de Janeiro que estavam aqui. Eles me usaram de cobaia para os ensinamentos, para aquela tortura que estava ficando mais elaborada. Ali, tu és uma coisa. Para eles, não era algo do tipo: preciso fazer isso porque cumpro ordens. Era uma coisa absurda. Acho que cria aquele poder: não tem lei e eu posso fazer tudo.

Na época, o deputado Pedro Simon (hoje senador pelo PMDB-RS) tentou me visitar. A gente ficava incomunicável nos primeiros 30 dias, justamente porque nos arrebentavam. Aí, só permitiram que ele falasse comigo assim, ele em uma janela e eu na outra. Eu estava todo arrebentado. Mas, por baixo, um agente ficava me mandando dizer que estava tudo bem porque, senão, eles iam deixar as coisas piores.

Eles também jogavam para a opinião pública. Lembro que no jogo em que o Brasil ganhou o tricampeonato, o DOPS nos surpreendeu. Arrumou umas mesas, colocou uns aparelhos de TV e nos convidou a assistir o jogo. Tinha até refrigerante. A gente achou aquilo muito estranho, mas logo entendeu. Não deu cinco minutos e entrou na sala toda a imprensa, para testemunhar o quanto éramos bem tratados. E nós na verdade todos arrebentados.

Depois do DOPS o senhor foi para onde?
Fui transferido para a Ilha do Presídio (Pedras Brancas). Lá não havia tortura. Quando precisavam torturar alguém, buscavam e levavam para o DOPS. A ilha era só concreto e grades, que davam para o (lago) Guaíba. Os colchões eram no chão e o frio era terrível mesmo. Ali fiquei o resto do tempo. Eu tinha advogado e eles não tinham mais como me manter preso. Como não havia julgamento, precisaram ir liberando as pessoas. Depois, quando aconteceram os julgamentos, um que outro foi condenado. Mas já haviam cumprido parte das penas.

No meu caso, fui julgado pela Justiça Militar em Porto Alegre e absolvido. A Procuradoria de Justiça Militar recorreu ao Superior Tribunal Militar, que também me absolveu. Mas nunca mais tive sossego. Recebia ameaças do DOPS e do SNI (o antigo Serviço Nacional de Informações) e era chamado aqui no 3º Exército para prestar esclarecimentos.

A decisão favorável ao seu caso tem sido considerada inovadora porque se refere a tortura em específico, ao dano moral, ao reconhecimento por parte de um tribunal estadual. Os torturadores devem ser apontados e responsabilizados? Ou há como se valerem da Lei da Anistia?
Um dos motivos que me levou a ingressar com a ação foi esse, que eu falei, de ouvir as pessoas defendendo a ditadura. O dinheiro é importante, porque o que aconteceu me prejudicou muito. Mas eu pensei: "espera aí, isso não pode ficar escondido". E tem gente defendendo. Houve tortura e ela foi absurda. As pessoas precisam ser responsabilizadas.

Entendo que a anistia é ampla e irrestrita. Mas ela é política. O crime de tortura não é político. Não há conflito no momento em que tu estás dominado pelo Estado. Como é que um menino que na ocasião tinha 47kg, 50kg, e estava sob a guarda do Estado, pode passar por aquilo? A tortura não é caso de anistia política. Ela é um crime previsto em tratados internacionais que o Brasil assinou. O preso comum hoje, ele não pode ser torturado. Isso também é importante nesta decisão. Ela tem reflexos nos dias atuais, vai fazer mais gente pensar que tortura nunca mais. Uma democracia, por pior que ela seja, sempre vai ser melhor que a melhor das ditaduras.

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5103690-EI5030,00-Torturadores+riam+diz+vitima+da+ditadura+que+recebera+R+mil.html

Torturadores riam, diz vítima da ditadura que receberá R$ 200 mil

Flavia Bemfica
Direto de Porto Alegre

Preso e torturado aos 16 anos durante o regime militar, hoje, Airton Joel Frigeri, 57 anos, tem um escritório de contabilidade em Caxias do Sul, na Serra gaúcha, no mesmo bairro onde cresceu e para onde voltou após ter sido libertado. Passados 41 anos, fala dos episódios de 1970 com indignação, mas não se lamenta. Apesar de omitir os detalhes mais escabrosos das torturas, eles são quase visíveis em sua narrativa.

O caso de Frigeri ganhou repercussão após o Tribunal de Justiça do RS considerar o dano moral gerado pela tortura ponto central. A história recente está repleta de casos de vítimas ilustres da ditadura, que seguiram carreira política, ao contrário de Frigeri, que permaneceu um "cidadão comum".

Entre as referências estão figuras como a presidente Dilma Rousseff (PT) e seu ex-marido, o ex-deputado pedetista Carlos Araújo, o deputado estadual gaúcho Raul Pont (PT), o coordenador do Assessoramento Superior do governador Tarso Genro, o secretário Flávio Koutzii (PT), e o juiz do Tribunal Militar do Estado do RS, João Carlos Bona Garcia (PMDB).

"Na época, ele (Frigeri) era só um adolescente, nunca foi provado nada contra ele. Podia ser meu filho, podia ser o seu. É a humanidade deste caso que chama a atenção", resume o desembargador Jorge Luiz Lopes do Canto, relator da ação no TJ. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista que Frigeri concedeu com exclusividade ao Terra.

Terra - O que significa para o senhor esta decisão do Tribunal de Justiça?
Airton Joel Frigeri - Essa ação ingressou em 2008 e, na primeira instância, a Justiça entendeu que estaria prescrito. Ainda cabe recurso, mas a Procuradoria Geral do Estado (PGE) já informou que não vai recorrer da prescrição. O importante é que se eles recorrerem é de valor, algo assim, ou seja, o que mais importa nisso tudo é a decisão de que a tortura é um crime de lesa-humanidade. Não fui só eu que fui torturado, foi todo mundo lá, e barbaramente. Acho importante que isso desperte o interesse da imprensa e de quem atua na educação, para que se conte essa história recente do país, que está escondida e mal contada. Não se pode simplesmente com a anistia colocar uma pedra em cima e dizer que entre 1964 e 1985 não aconteceu nada.

Hoje ainda ouvimos pessoas dizendo que desejavam que os militares voltassem ao poder porque aí a corrupção acabava. Ora, na verdade, naquela época, havia corrupção e banditismo. Só que não tinha divulgação, havia censura prévia. E além de haver tudo isso na política, as pessoas que tentavam fazer alguma coisa iam presas. A gente até 68 conseguia fazer alguma coisa. Depois, ia para a clandestinidade e tentava motivar os demais.

Quando o senhor começou a ser perseguido?
Comecei no movimento estudantil com 15 anos. E começaram a me perseguir logo depois, no final de 69. Eu viajei para o Rio de Janeiro e fiquei clandestinamente lá até fevereiro de 70. Voltei e no dia 9 de abril me prenderam. A acusação era de que eu era subversivo.

Quanto tempo o senhor ficou preso?
Do início de abril ao final de agosto de 1970. Fui preso em Caxias por ordem do DOPS (o então Departamento da Ordem Política e Social) porque apreenderam alguns documentos em que havia meu nome. Um colega meu já havia sido torturado. O DOPS contatou Caxias e a Delegacia Regional, por coação moral, tentou arrancar alguma coisa de mim. Antes eu já havia sido detido inúmeras vezes. Fui preso às 20h, em casa, quando a gente estava jantando. Eu era um guri de 16 anos, desarmado, e eles cercaram a casa com 15, 20 homens da Brigada Militar (a PM gaúcha) com fuzis, e policiais civis com metralhadoras.

Nós não usávamos armas. O movimento de que eu participava aqui na região era de conscientização. Éramos da União dos Estudantes Secundaristas do Nordeste do Estado. Ela representava as entidades municipais que, por sua vez, agregavam os grêmios estudantis. Deixou de ser legal a partir do AI-5 e eu fiquei muito em evidência porque era jovem, brigava bastante pelas coisas em que acreditava e circulei em toda a região. Não me arrependo de nada.

Como era a rotina no DOPS?
Fui transferido para o DOPS naquela mesma madrugada, à 1h. Fiquei lá 25 dias. Era assim: um deles torturava, os outros riam, e demonstravam o quanto estavam gostando. O pessoal do DOPS foi treinado pelo pessoal do DOI-CODI (o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna). Aperfeiçoaram a tortura, de forma a ser pior, mas a deixar menos marcas.

A tortura, ela não dói só em ti, ela dói demais no outro. Eu lembro de quando éramos obrigados a ficar em um círculo, vários de nós. Nesse círculo havia uma moça só, que era obrigada a ficar nua, e levando choques intravaginais, na nossa frente, sendo ainda mais degradada, e nós éramos obrigados a assistir. A sala da tortura, que era chamada de "fossa", ficava no terceiro andar do Palácio da Polícia, na avenida João Pessoa. Eles empilhavam livros e jornais em todas as paredes externas, para abafar os nossos gritos, mas faziam questão de deixar aberta, para sermos ouvidos pelos outros.

Uma outra sala, também no terceiro andar, foi cedida para o serviço secreto do 3º Exército. Ficava no lado oposto, porque o prédio faz um U. Era onde eram feitos os Inquéritos Policiais Militares (os IPMs) e ali acontecia tortura também. Quem ficava lá dentro ouvia tudo. Quanto mais a gente passava por aquilo, mais difícil era de suportar.

O senhor tentou esquecer?
Isso tu não esqueces. Não tem como a gente ficar igual. Durante muito tempo eu sonhava, ficava lembrando. Tive problemas de saúde. Eles praticamente me arrebentaram, entre os choques e pancadas nas costas. Nas costas eles usavam um instrumento que chamavam de papalégua. É assim um pedaço de madeira de mais ou menos uns 40, 50 centímetros, com uma tira de borracha, de pneu. Durante o choque, eles batiam com aquilo nas minhas costas.

Eu lembro de um jornalista de Tapes, que não participava de movimento nenhum, e foi preso só porque tinha escrito umas coisas. O coronel chegava lá de manhã e dizia: "olha, daqui a pouco venho te buscar para te torturar". Aí passavam duas horas e nada. Então o coronel vinha de novo, mascando chicletes, e falava de novo. Ficava nisso o dia inteiro. Quando chegava a noite eles pegavam o cara e começavam a tortura. Teve uma ocasião em que ele ficou tão fora de si que deu um soco em uma parede de madeira e quebrou tudo. Precisaram levá-lo para o hospital. Acho que ele só não se matou porque não tinha como. Muito pouca gente presa entre 69 e 70 não foi torturada.

Os torturadores se mostravam incomodados?
Não, não. Era assim, conforme a vontade deles. Eles sabiam que muita gente ali não tinha o que revelar, às vezes perguntavam qualquer coisa. Quando a pessoa desmaiava, eles davam um tempo. Era o prazer de torturar. Eles ficavam mascando chicletes, rindo. Principalmente três pessoas do DOI-CODI do Rio de Janeiro que estavam aqui. Eles me usaram de cobaia para os ensinamentos, para aquela tortura que estava ficando mais elaborada. Ali, tu és uma coisa. Para eles, não era algo do tipo: preciso fazer isso porque cumpro ordens. Era uma coisa absurda. Acho que cria aquele poder: não tem lei e eu posso fazer tudo.

Na época, o deputado Pedro Simon (hoje senador pelo PMDB-RS) tentou me visitar. A gente ficava incomunicável nos primeiros 30 dias, justamente porque nos arrebentavam. Aí, só permitiram que ele falasse comigo assim, ele em uma janela e eu na outra. Eu estava todo arrebentado. Mas, por baixo, um agente ficava me mandando dizer que estava tudo bem porque, senão, eles iam deixar as coisas piores.

Eles também jogavam para a opinião pública. Lembro que no jogo em que o Brasil ganhou o tricampeonato, o DOPS nos surpreendeu. Arrumou umas mesas, colocou uns aparelhos de TV e nos convidou a assistir o jogo. Tinha até refrigerante. A gente achou aquilo muito estranho, mas logo entendeu. Não deu cinco minutos e entrou na sala toda a imprensa, para testemunhar o quanto éramos bem tratados. E nós na verdade todos arrebentados.

Depois do DOPS o senhor foi para onde?
Fui transferido para a Ilha do Presídio (Pedras Brancas). Lá não havia tortura. Quando precisavam torturar alguém, buscavam e levavam para o DOPS. A ilha era só concreto e grades, que davam para o (lago) Guaíba. Os colchões eram no chão e o frio era terrível mesmo. Ali fiquei o resto do tempo. Eu tinha advogado e eles não tinham mais como me manter preso. Como não havia julgamento, precisaram ir liberando as pessoas. Depois, quando aconteceram os julgamentos, um que outro foi condenado. Mas já haviam cumprido parte das penas.

No meu caso, fui julgado pela Justiça Militar em Porto Alegre e absolvido. A Procuradoria de Justiça Militar recorreu ao Superior Tribunal Militar, que também me absolveu. Mas nunca mais tive sossego. Recebia ameaças do DOPS e do SNI (o antigo Serviço Nacional de Informações) e era chamado aqui no 3º Exército para prestar esclarecimentos.

A decisão favorável ao seu caso tem sido considerada inovadora porque se refere a tortura em específico, ao dano moral, ao reconhecimento por parte de um tribunal estadual. Os torturadores devem ser apontados e responsabilizados? Ou há como se valerem da Lei da Anistia?
Um dos motivos que me levou a ingressar com a ação foi esse, que eu falei, de ouvir as pessoas defendendo a ditadura. O dinheiro é importante, porque o que aconteceu me prejudicou muito. Mas eu pensei: "espera aí, isso não pode ficar escondido". E tem gente defendendo. Houve tortura e ela foi absurda. As pessoas precisam ser responsabilizadas.

Entendo que a anistia é ampla e irrestrita. Mas ela é política. O crime de tortura não é político. Não há conflito no momento em que tu estás dominado pelo Estado. Como é que um menino que na ocasião tinha 47kg, 50kg, e estava sob a guarda do Estado, pode passar por aquilo? A tortura não é caso de anistia política. Ela é um crime previsto em tratados internacionais que o Brasil assinou. O preso comum hoje, ele não pode ser torturado. Isso também é importante nesta decisão. Ela tem reflexos nos dias atuais, vai fazer mais gente pensar que tortura nunca mais. Uma democracia, por pior que ela seja, sempre vai ser melhor que a melhor das ditaduras.

http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI5103690-EI5030,00-Torturadores+riam+diz+vitima+da+ditadura+que+recebera+R+mil.html

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"População rural está chegando quase no limite", diz economista

Matheus Lombardi
Do UOL Economia
Em São Paulo

A diminuição da população rural conforme divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira (29), está chegando quase "ao limite do sustentável", de acordo com o professor de economia da PUC-SP, Gilson de Lima Garofolo.

De acordo com o censo, a população rural perdeu 2 milhões de pessoas entre 2000 e 2010 e, agora, representa 15,6% da população total do país (29,8 milhões de um total de 190,8 milhões).

Para o professor da PUC-SP, uma das características do processo de crescimento econômico é diminuir o percentual das pessoas que residem em área rural.

"Quem fica na árera rural deve produzir para se manter, mas também para manter os que foram para a cidade. Na década de 1940, aproximandamente 69% da população vivia em zonas rurais. Hoje, esse número não passa de 16%. Estamos quase no limite", disse.


A mecanização da agricultura e os avanços das pesquisas no setor também são importantes fatores apontados para a diminuição no número de residentes do campo. Para Garofolo, o exemplo da cana-de-açucar sintetiza essa realidade.

"Antes, a cana era colhida toda manualmente.Hoje, foi desenvolvido um tipo de cana que tem a mesma altura e que é mais fácil de ser colhida através de máquinas. Desta forma, o fazendeiro aumenta a produtividade com um número menor de homens trabalhando", disse.

Porém, segundo o professor, o número de pessoas que dependem da agricultura não diminuiu, ocorrendo uma migração das zonas rurais para pequenas cidades.

"Cerca de 30% dos municípios tem de 3.000 a 5.000 habitantes. Nessas cidades, estão pessoas que dependem principalmente da agricultura para obter renda, mas não moram mais em área rurais. É a chamada população boia-fria", declarou.

Êxodo rural está perdendo força

Para o técnico do IBGE Fernando Albuquerque, o movimento de pessoas que saem da zona rural para as cidades, que teve início na década de 1970, está perdendo a força.

“Nas décadas de 1970 e 1980, os grandes movimentos migratórios ocorriam em função da mecanização da agricultura e a consequente expulsão da mão de obra. Agora, esse movimento continua ocorrendo, porém em uma intensidade menor”, disse.

Para o especialista do IBGE, esse ritmo de saída de pessoas do campo deve diminuir ainda mais.

“Os programas sociais do governo ajudam a manter a população em suas cidades de origem. Devemos ver esse êxodo rural enfraquecer”, afirmou.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/04/29/populacao-rural-esta-chegando-quase-no-limite-diz-economista.jhtm

PT anistia Delúbio por 60 votos a 15 e duas abstenções

Diretório Nacional do partido acatou pedido do ex-secretário de finanças, expulso do partido em 2005 em razão das denúncias do mensalão

29 de abril de 2011 | 21h 52


João Domingos e Vera Rosa, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Pivô do escândalo do mensalão, Delúbio Soares foi reintegrado nesta sexta-feira, 29, ao PT por maioria esmagadora de votos dos integrantes do diretório nacional do partido. Ele obteve 60 votos a favor da anistia, 15 contrários e duas abstenções. Delúbio foi expulso em 2005, quando a direção petista acabou dizimada no maior escândalo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Na época, Delúbio foi acusado de recolher R$ 55 milhões em "recursos não contabilizados" e distribuí-los para políticos e assessores.

Veja também:
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Volta não contaminará julgamento, diz líder do PT na Câmara
especialESPECIAL: 13 momentos de Delúbio

Defenderam o retorno de Delúbio ao PT o ex-presidente do partido Ricardo Berzoini (SP), o ex-deputado Virgílio Guimarães (MG) e Bruno Maranhão, dirigente do Movimento de Libertação dos Trabalhadores Sem-Terra (MLST) e líder do quebra-quebra ocorrido na Câmara dos Deputados, em 2006. Contra a reintegração foram escalados Valter Pomar, Carlos Alberto Árabe e Renato Simões, todos integrantes das tendências mais à esquerda. Berzoini e Maranhão, que votaram a favor da expulsão há cinco anos e meio, disseram que Delúbio "já pagou um preço muito alto".

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,pt-anistia-delubio-por-60-votos-a-15-e-duas-abstencoes,712787,0.htm

O retorno de Delúbio ao PT foi um prêmio dado pelos integrantes do diretório nacional do partido à fidelidade do ex-tesoureiro, que jamais abriu a boca para fazer qualquer crítica aos dirigentes que defenderam a sua expulsão. Ele não fez qualquer revelação a respeito das operações bancárias irregulares fechadas em nome da direção do PT com o empresário Marcos Valério, do caixa 2 nas eleições de 2002 e de 2004 e da distribuição de dinheiro para parlamentares que votavam em projetos de interesse do governo.

Desde a expulsão, Delúbio portou-se como se fosse um soldado petista. Não abandonou nem a estrela. Criou uma revista, chamada de "Companheiro Delúbio", na qual fez sua defesa e exibiu-se ao lado do símbolo máximo do PT. Em 2009 tentou voltar ao partido, mas o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva impediu o retorno, com medo de que o ato contaminasse a eleição presidencial de 2010 e atrapalhasse a vitória de Dilma Rousseff.7

Concessão de aeroportos pode atrasar

Editais prometidos pelo ministro Antonio Palocci para os ‘próximos dias’ vão tratar de contratação de consultorias, e não de modelo de privatização

29 de abril de 2011 | 23h 00

Marta Salomon, de O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - A concessão de aeroportos do País à iniciativa privada vai demorar mais tempo do que o previsto inicialmente pelo ministro Antonio Palocci (Casa Civil). A anunciada privatização de parte da infraestrutura aeroportuária ainda está longe de ter o modelo definido pelo governo, apurou o Estado, e poderá não ficar restrita às obras e operação de terminais de passageiros. Uma das alternativas em estudo prevê a privatização de estrutura operada atualmente pela Infraero.

Os editais prometidos por Palocci para "os próximos dias" vão tratar inicialmente da contratação de consultores encarregados de preparar os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental dos novos negócios. O estudo é apenas uma preliminar da abertura dos novos aeroportos à iniciativa privada.

Pronto os estudos, provavelmente a serem contratados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as propostas de edital para as futuras concessões passarão por aval no governo e serão submetidas à análise do Tribunal de Contas da União (TCU).

Trata-se de uma corrida contra o tempo. O governo apresentou a privatização como alternativa à conclusão de obras bilionárias em aeroportos das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. A iniciativa privada assumiria parte dos investimentos estimados em R$ 5,2 bilhões.

Em troca, faturaria com tarifas aeroportuárias e a exploração comercial dos espaços dos aeroportos.

Comparação. A medida de comparação é o aeroporto São Gonçalo do Amarante, em Natal, primeiro exemplo de concessão à iniciativa privada dos terminais de passageiros de aeroportos no Brasil. A decisão de abrir o negócio à iniciativa privada foi tomada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008.

Os resultados dos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental só foram entregues pelo BNDES à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) em agosto do ano passado.

Dois meses depois, chegaram ao TCU, que analisou a proposta e reajustou em 1.297% - para R$ 51,7 milhões - o valor do lance mínimo para os interessados em construir o terminal de passageiros e operar o aeroporto internacional de Natal.

Mais de três anos depois do anúncio de que o aeroporto de São Gonçalo do Amarante seria objeto de concessão à iniciativa privada, o edital ainda não foi lançado.

O leilão tampouco tem data marcada. Por mais que as novas concessões sigam rito acelerado, previsto pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, não há como queimar a etapa dos estudos prévios e definição dos modelos de negócio.

Na segunda-feira que vem a presidente Dilma Rousseff vai se reunir com o ministro Wagner Bittencourt, da Secretaria de Aviação Civil, para acertar detalhes do processo. Essa reunião ocorreria ontem, mas foi adiada.

http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral,concessao-de-aeroportos-pode-atrasar,64951,0.htm

23 abril 2011

Gerdau terá cargo no governo Dilma e irá despachar no Palácio

Jorge Gerdau, durante o Fórum Empresarial de Comandatuba

Depois de ter recusado vários convites para trabalhar em diferentes governos, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter finalmente aceitou convite da presidenta Dilma Rousseff para assumir um cargo na sua administração.

O empresário será coordenador da câmara de gestão e competitividade a ser criada nos próximos dias por Dilma.

A câmara será formada com a participação dos ministros Antônio Palocci (Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Miriam Belchior (Planejamento) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento), além de quatro representantes da sociedade civil.

O objetivo será o de implantar no governo federal o modelo de gestão já adotado em dez Estados por Gerdau e pelo INDG (Instituto Nacional de Desenvolvimento Gerencial), e que tiveram resultados muito favoráveis. A experiência começou em Minas Gerais, no governo Aécio Neves.

Após a adoção desse modelo de gestão, para cada real aplicado, os projetos passaram a ter retorno de R$ 190 ao ano por projeto. Gerdau quer repetir o exemplo no governo federal.

Leia também: “Não vou disputar espaço com ninguém”, diz Gerdau


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21 abril 2011

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Pesquisa sobre população com diploma universitário deixa o Brasil em último lugar entre os emergentes

Pesquisa sobre população com diploma universitário deixa o Brasil em último lugar entre os emergentes
Amanda Cieglinski
Da Agência Brasil
Em Brasília

11% dos brasileiros com idade entre 25 e 64 anos têm ensino superior

Para concorrer em pé de igualdade com as potenciais mundiais, o Brasil terá que fazer um grande esforço para aumentar o percentual da população com formação acadêmica superior. Levantamento feito pelo especialista em análise de dados educacionais Ernesto Faria, a partir de relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), coloca o Brasil no último lugar em um grupo de 36 países ao avaliar o percentual de graduados na população de 25 a 64 anos.

Os números se referem a 2008 e indicam que apenas 11% dos brasileiros nessa faixa etária têm diploma universitário. Entre os países da OCDE, a média (28%) é mais do que o dobro da brasileira. O Chile, por exemplo, tem 24%, e a Rússia, 54%. O secretário de Ensino Superior do MEC (Ministério da Educação), Luiz Cláudio Costa, disse que já houve uma evolução dessa taxa desde 2008 e destacou que o número anual de formandos triplicou no país na ultima década.

“Como saímos de um patamar muito baixo, a nossa evolução, apesar de ser significativa, ainda está distante da meta que um país como o nosso precisa ter”, avalia. Para Costa, esse cenário é fruto de um gargalo que existe entre os ensinos médio e o superior. A inclusão dos jovens na escola cresceu, mas não foi acompanhada pelo aumento de vagas nas universidades, especialmente as públicas. “ Isso [acabar com o gargalo] se faz com ampliação de vagas e nós começamos a acabar com esse funil que existia”, afirmou ele.

Costa lembra que o próximo PNE (Plano Nacional de Educação) estabelece como meta chegar a 33% da população de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior até 2020. Segundo ele, esse patamar está, atualmente, próximo de 17%. Para isso será preciso ampliar os atuais programas de acesso ao ensino superior, como o Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que aumentou o número de vagas nessas instituições, o Prouni (Programa Universidade para Todos), que oferece aos alunos de baixa renda bolsas de estudo em instituições de ensino privadas e o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior), que permite aos estudantes financiar as mensalidades do curso e só começar a quitar a dívida depois da formatura.

“O importante é que o ensino superior, hoje, está na agenda do brasileiro, das famílias de todas as classes. Antes, isso se restringia a poucos. Observamos que as pessoas desejam e sabem que o ensino superior está ao seu alcance por diversos mecanismos", disse o secretário.

Os números da OCDE mostram que, na maioria dos países, é entre os jovens de 25 a 34 anos que se verifica os maiores percentuais de pessoas com formação superior. Na Coreia do Sul, por exemplo, 58% da população nessa faixa etária concluiu pelo menos um curso universitário, enquanto entre os mais velhos, de 55 a 64 anos, esse patamar cai para 12%. No Brasil, quase não há variação entre as diferentes faixas etárias.

O diagnóstico da pesquisadora da USP (Universidade de São Paulo) e especialista no tema Elizabeth Balbachevsky é que essa situação é reflexo dos resultados ruins do ensino médio. Menos da metade dos jovens de 15 a 17 anos está cursando o ensino médio. A maioria ou ainda não saiu do ensino fundamental ou abandonou os estudos. “Ao contrário desses países emergentes, a população jovem que consegue terminar o ensino médio no Brasil [e que teria condições de avançar para o ensino superior] é muito pequena”.

Como 75% das vagas em cursos superiores estão nas instituições privadas, Elizabeth defende que a questão financeira ainda influencia o acesso. “Na China, as vagas do ensino superior são todas particulares. Na Rússia, uma parte importante das matrículas é paga, mas esses países desenvolveram um esquema sofisticado de financiamento e apoio ao estudante. O modelo de ensinos superior público e gratuito para todos, independentemente das condições da família, é um modelo que tem se mostrado inviável em muitos países”, comparou ela.

A defasagem em relação outros países é um indicador de que os programas de inclusão terão que ser ampliados. Segundo Costa, ainda há espaço – e demanda – para esse crescimento. Na última edição do ProUni, por exemplo, 1 milhão de candidatos se inscreveram para disputar as 123 mil bolsas ofertadas. Elizabeth sugere que os critérios de renda para participação no programa sejam menos limitadores, para incluir outros segmentos da sociedade.

“Os dados mostram que vamos ter que ser muito mais ágeis, como estamos sendo, fazer esse movimento com muita rapidez porque, infelizmente, nós perdemos quase um século de investimento em educação. A história nos mostra que a Europa e outras nações como os Estados Unidos e, mais recentemente, os países asiáticos avançaram porque apostaram decididamente na educação. O Brasil decidiu isso nos últimos anos e agora trabalha para saldar essa dívida”, disse a pesquisadora.

http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/04/21/pesquisa-sobre-populacao-com-diploma-universitario-deixa-o-brasil-em-ultimo-lugar-entre-os-emergentes.jhtm

Kassab refuta número 51 para PSD por causa da marca de pinga

TONI SCIARRETTA
DO ENVIADO ESPECIAL A COMANDATUBA (BA)

Fundador do PSD (Partido Social Democrático), o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, disse nesta quinta-feira que não vai adotar o número 51 para a legenda por estar "muito associado" a conhecida marca de aguardente.

O número é um dos poucos ainda disponíveis para novos partidos e chegou a ser cogitado por entusiastas da legenda por ser de fácil memorização.

"51 é uma marca muito famosa", disse.

O prefeito disse ainda que não tem um número de sua preferência. Um dos discutidos é o 30.

"Existem alguns disponíveis. O 30 é um desses números, mas o momento da escolha do número é o momento quando concluir esse processo. O número 41 também não está disponível", disse.

Kassab evitou comentar a debandada de seis vereadores tucanos de São Paulo. A maioria deles deve seguir para a nova sigla.

"Eu não participo desse movimento. É questão interna do PSDB", disse.

"Estamos representados em quase todos os Estados. Aqui na Bahia, por exemplo, temos sete deputados federais, vice-governador, dez estaduais e dezenas de prefeitos", disse.

Kassab ainda minimizou o cancelamento da participação da presidente Dilma Rousseff no fórum de empresários de Comandatuba (BA).

Dilma havia confirmado presença, mas depois teria sido aconselhada a evitar um contato com empresários considerados hostis ao governo.

"Se ela viesse seria muito bem recebida. Não veio por um motivo de foro pessoal. Não é fácil a vida de presidente da República", disse.

20 abril 2011

Homem cria software que detecta infidelidade

Homem cria software que detecta infidelidade

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DA EFE, EM TAIPÉ

Um homem taiwanês criou um software que ajuda a identificar parceiros infiéis, revisando as chamadas e mensagens telefônicas e eletrônicas do parceiro, anunciou nesta quarta-feira um jornal local.

Huang Kuo-Tai revelou que seu programa pode detectar as traições com apenas teclando o número de telefone e as contas de e-mail do parceiro.

O programa fornece dados das chamadas realizadas e detecta o uso de expressões como "te amo", "não posso falar agora", "passa e me pega" e outras frases similares.

"O melhor do programa é a análise das chamadas e a detecção das que são suspeitas, por exemplo as que superam os 20 minutos disparam alerta", diz Huang.

Até o momento, o programa não pode processar as mensagens instantâneas das redes sociais, mas Huang acredita que poderá fazê-lo em um futuro próximo.

O software pode ser baixado de graça na ilha e Huang está recopilando dados de usuários antes de lançá-lo no mercado.

http://www1.folha.uol.com.br/tec/905203-homem-cria-software-que-detecta-infidelidade.shtml

São Paulo aumenta em 58% a emissão de gás carbônico

Foto: Ayrton Vignola/AE Zoom O transporte é o maior responsável pelas emissões de gás carbônico

O transporte é o maior responsável pelas emissões de gás carbônico
Da Agência Brasil
cidades@eband.com.br

O estado de São Paulo tem, desde 2009, uma das leis mais ambiciosas para o combate ao aquecimento global. A legislação prevê que as emissões de gases causadores de efeito estufa caiam em 20% até 2020 comparados aos níveis de 2005.

Cumpri-la, porém, é um desafio.O próprio governo paulista já prevê que a quantidade de dióxido de carbono (CO2) emitida no estado vá crescer pelo menos 55% de 2005 a 2020. Até 2035, as emissões devem mais que dobrar.

Essas estimativas constam do estudo Matriz Energética do Estado de São Paulo – 2035, da Secretaria de Energia estadual. Nele, as contas mais otimistas indicam que 85 milhões de toneladas de CO2 serão jogadas na atmosfera por atividades desenvolvidas no estado em 2020.

Em 2005, eram cerca de 55 milhões de toneladas –30 milhões de toneladas a menos. Já em 2035, serão mais de 120 milhões de toneladas de CO2 emitidas no estado. Isso representa um incremento de cerca de 120% na comparação com as emissões de 2005.

Esses números foram apresentados na primeira reunião do Conselho Estadual de Política Energética do Estado de São Paulo, ocorrida no final do mês passado. Os dados já levam em consideração todas as políticas públicas estaduais anunciadas para redução das emissões de CO2.

O Pitu (Plano Integrado de Transportes Urbanos 2005 a 2025), que prevê a maior utilização do transporte coletivo, por exemplo, já foi considerado na estimativa. Também foram levados em conta os ganhos de produtividade da indústria e da agricultura, assim como a redução do uso de combustíveis fósseis como a gasolina e o diesel.

Para o pesquisador do Nipe (Núcleo Interdisciplinar de Planejamento) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Sérgio Valdir Balay, os resultados do estudo mostram a urgência de novas políticas para redução das emissões.

Segundo ele, caso o estado queira mesmo cumprir a lei, terá de tomar medidas “ousadas” e “mexer com o hábito das pessoas”.“Precisaríamos reduzir o uso dos automóveis, já que o transporte é o maior responsável pelas emissões. As grandes empresas e o próprio Poder Público também teriam que reduzir suas emissões”, disse Balay, em entrevista à Agência Brasil.

O pesquisador afirmou que a meta de 20% de queda das emissões ainda é factível, mas parece ter sido estipulada sem os critérios necessários. “Os políticos adoram tomar decisões sem fazer um planejamento técnico”, criticou. “O que aconteceu [com as metas] foi isso.”

http://www.band.com.br/jornalismo/cidades/conteudo.asp?ID=100000423320

Para saber de qual operadora é o celular

http://consultanumero.abr.net.br:8080/consultanumero/consulta/consultaSituacaoAtual.action

19 abril 2011

19-Abril-11: Recife tem um verdadeiro dia de Veneza

Simplesmente um absurdo um bairro como Boa Viagem testemunhar cenas como essas. E que fique claro que isso se repetiu por toda a cidade!
Surpreendente como o Poder Público pode ser incompetente a ponto de fazer vistas grossas para uma situação dessas?
Muitos serão cínicos a ponto de alegar que se trata de uma chuva muito além do normal para a época, tentando fazer de uma meia-verdade justificativa para o descaso da situação urbana dessa linda capital.
Na verdade, quem testemunha o dia-a-dia dessa metrópole, sabe que qualquer chuva de intensidade média é capaz de causar transtornos suficientes para prejudicar muita gente. Não há galerias pluviais que atendam a vazão de chuva e, as que existem, estão sempre entupidas pois não há coleta de lixo eficiente nem tampouco lixeiras nas ruas. A população, verdade seja dita, colabora para piorar a situação jogando o lixo no chão. Caminhões de concreto a serviços dos contáveis espigões que brotam todos os dias despejam suas sobras nos bueiros... enfim, um caos total agravado pela falta de fiscalização.
Também haverá quem diga que não há recursos para investir em macro-drenagem e saneamento básico (notem pelas fotos que o rio que virou a minha rua não é de água, mas de esgoto). Gostaria de lembrar que esse é um dos estados que mais crescem no país. Claro que anos de descaso não serão recuperados do dia para a noite, mas o fato é que não se vê nenhum esforço sério para isso.
Enfim, fica o desabafo de quem fugiu de SP pensando que não iria se deparar mais com essas coisas, mas passo a crer que o futuro de Recife não será muito diferente, se não for pior. Melhor comprar uma gôndola para ir ao trabalho...





Falar um "belo" palavrão ajuda a aliviar a dor

Efeito analgésico funciona quatro mais vezes melhor em pessoas que não costumam xingar

Do R7
Getty ImagesGetty Images

Se você não costuma xingar muito, só use palavrões quando a dor foi muito forte

Pesquisadores do Reino Unido descobriram que falar palavrão quando sentimos dor ajuda a aliviá-la, pelo menos quando não os usamos com frequência.

Para quem não tem o costume, ao sentir dor um xingamento é quatro vezes mais eficiente do que para quem vive com a "boca suja".

Os pesquisadores da Universidade Keele dividiram jovens adultos em dois grupos: aqueles que normalmente falam menos de dez palavrões por dia e os que falam até 40.

Todos os 71 voluntários tiveram de mergulhar suas mãos em água gelada e mantê-las lá dentro pelo maior tempo possível. Primeiro, eles tiveram de repetir uma palavra comum enquanto mantinham a mão na água. Depois, eles repetiam um palavrão de sua escolha.
Aqueles que geralmente xingam menos conseguiram resistir à água gelada enquanto falavam o palavrão por 45 segundos a mais do que aqueles que não tinham o costume. Já as pessoas que falam palavrões com frequência só conseguiram resistir por apenas dez segundos a mais do que as que não xingam.

Segundo o chefe do estudo, Richard Stevens, os resultados mostram que os palavrões podem liberar endorfinas analgésicas.

- O xingamento provoca uma resposta emocional diante do estresse parecida com a reação de correr ou lutar [como o corpo reage a ameaças ou perigos].

O também mostra que se as pessoas querem tirar proveito dos palavrões devem usá-los só quando for realmente necessário e quando estiverem com uma dor verdadeira.

No entanto, como xingar é considerado algo mal educado, podendo causar mais problemas, o médico diz que em locais públicos ainda é melhor tomar um analgésico do que falar palavrão.

http://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/noticias/falar-um-belo-palavrao-ajuda-a-aliviar-a-dor-20110419.html

PR rejeita lei que acaba com aposentadorias de ex-governadores

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA

A Assembleia Legislativa do Paraná rejeitou nesta segunda-feira a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que pretendia acabar com a concessão de aposentadorias vitalícias aos ex-governadores do Estado.

Para ser aprovada, a PEC, que pretendia anular o artigo da Constituição Estadual que institui as aposentadorias, precisava de pelo menos 33 votos favoráveis, de um total de 54. Apenas 24 deputados, porém, votaram a favor --foram 12 votos contrários e 13 abstenções.

A maioria dos votos contrários à proposta veio das bancadas do PMDB e do PSDB. O deputado Caíto Quintana (PMDB), um dos votou contra a PEC, afirmou que as aposentadorias são "uma segurança" aos ex-governadores, que passam "vários anos defendendo os interesses do Estado".

Quintana também lembrou que a questão está sendo discutida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o que, na sua opinião, invalida qualquer decisão da Assembleia sobre o tema.

Agora, a emenda, que era de autoria do deputado Mauro Moraes (PSDB), só pode ser reapresentada na próxima legislatura ou ainda neste ano, caso o deputado consiga a assinatura favorável de pelo menos 28 parlamentares.

PENSÕES

Atualmente, nove ex-governadores do Paraná recebem a aposentadoria, de R$ 24,1 mil mensais.

No final de março, o atual governador, Beto Richa (PSDB), anulou as aposentadorias de quatro deles: Orlando Pessuti (PMDB), Roberto Requião (PMDB), Jaime Lerner e Mário Pereira, que governaram o Estado entre 1991 e 2010.

Na avaliação do governo estadual, o benefício contradiz a Constituição Federal de 1988, que não prevê pensão semelhante aos ex-presidentes da República.

Os quatro, porém, continuam recebendo o benefício porque recorreram da decisão.

Os recursos ainda não foram analisados pela Procuradoria-Geral do Estado.

Escolas públicas no Brasil já são fechadas com grades e cadeados

Integração escola-comunidade é fundamental para conter violência
Especialistas defendem medidas que vão além do aumento da segurança nas instituições de ensino
Agência Brasil | 18/04/2011 15:19
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Compartilhar: Brasília - Representantes de diversas instituições ligadas à educação infantil avaliaram que o combate à violência nas escolas requer medidas que vão além do aumento da segurança nas instituições de ensino. Para especialistas, umas das medidas seria a integração da comunidade à rotina escolar. O debate sobre o tema ocorreu nesta segunda-feira (18), na Comissão de Direitos Humanos do Senado. A reunião já estava agendada quando ocorreu, há quase duas semanas, o assassinato de 12 crianças na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo (RJ).

“Não consigo enxergar que se combata a violência trancando mais ainda as escolas. Isso não resolve. O melhor caminho é o contrário: a comunidade se integrar ao processo escolar”, afirmou o representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) Antônio de Lisboa Vale.

Ele destacou que não existe qualquer “solução milagrosa” para esse problema. Entretanto, afirmou que de imediato é importante que os dirigentes escolares estimulem o uso de seus espaços pela comunidade para a promoção de ações de lazer e cultura. Outro ponto destacado pelo representante da CNTE foi a necessidade de qualificação dos profissionais que atuam na segurança das escolas para lidar com a violência estudantil.

Uma das diretoras do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF) Rosilene Correa ressaltou que a violência na escola não será resolvida sem que o Estado entenda “de uma vez por todas” que destinar mais recursos para a educação não é gasto, mas investimento. “Nós, da nossa geração, temos que pedir desculpas às crianças e adolescentes de hoje por não termos sabido entregar uma escola pública melhor.”

Outro ponto destacado por Rosilene Correa é que os professores são preparados para o ensino pedagógicos, mas não têm preparo para lidar com a violência escolar. Ela afirmou que, caso o agravamento da violência entre estudantes continue se agravando, os professores terão que inserir em suas grades de preparação para o ensino a qualificação no combate à violência.

Já o presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Yann Evanovick, informou que a entidade terá uma reunião, amanhã (19), com o ministro da Educação, Fernando Haddad, para propor a realização em todo o país de uma “caravana pela paz nas escolas”. Ele julgou inconcebível qualquer tipo de estigma e preconceito entre os estudantes.

Ele ressaltou a necessidade urgente de os gestores estimularem ações de valorização e respeito à diversidade. Segundo o presidente da Ubes, o desrespeito às individualidades mais a desagregação dos valores familiares são os principais causadores de vários tipos de violência escolar, especialmente do bullying.

Também convidado para a audiência pública, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo, julgou fundamental e urgente a instalação de ambulatórios psiquiátricos nas escolas para o atendimento imediato a estudantes e profissionais da educação que apresentem atitudes potenciais para o desencadeamento de ações violentas. Para tanto, ele ressaltou a necessidade de uma qualificação dos professores.

“Um ato extremo como o de Realengo poderia ser evitado se o professor fosse treinado para detectar os primeiros sintomas e ter para onde mandar esse aluno. Existem atos prévios, como o forte interesse por assuntos ligados à violência, evidências de planejamento de atitudes violentas e a discussão com colegas do se que pretende fazer, que não podem ser desconsiderados”, afirmou o presidente da ABP.

Outra questão levantada pelo psiquiatra foi a generalização da violência estudantil como se fosse bullying. Segundo ele, existem doenças psiquiátricas como o Transtorno do Déficit da Atenção (TDA) e o distúrbio bipolar que podem levar o estudante ou o profissional de educação a condutas antissociais, por vezes violentas. Antônio Geraldo acrescentou que muitas vezes, esses transtornos acarretam no uso de drogas e de álcool.

http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/integracao+escolacomunidade+e+fundamental+para+conter+violencia/n1300082477463.html

Agronegócio não garante segurança alimentar

Correio da Cidadania

6 de abril de 2011 às 9:38h

Por Raquel Junia

No Assentamento Americana, no município de Grão Mogol, região norte de Minas Gerais, há de tudo um pouco – hortaliças, legumes, frutas, frutos típicos do bioma cerrado que cobre a região, criação de animais. De acordo com o Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA-NM), que presta assessoria aos assentados desde o início da ocupação da área, tecnicamente o que está sendo desenvolvido na região é o que se chama de sistemas agroflorestais e silvipastoris – ou seja, a conciliação de atividades agrícolas com a criação de animais e o extrativismo, de forma a garantir a preservação do bioma cerrado e também a produção de alimentos saudáveis. A situação dos moradores do assentamento Americana, onde, segundo eles próprios, “há de tudo um pouco”, é um exemplo de como a agricultura familiar, sobretudo a prática agroecológica, podem garantir a segurança e a soberania alimentar.

Mas o que significa segurança alimentar? De acordo com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão consultivo ligado à presidência da República, a concretização da segurança alimentar “consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis”.

Outra característica da produção no Americana que garante a segurança alimentar da população é que, além da diversidade de produtos e da convivência com o meio ambiente, os agricultores praticam a agroecologia – um conjunto de princípios que balizam a agricultura, entre eles a não utilização de agrotóxicos. A EPSJV (Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio) participou da visita ao assentamento Americana durante a programação da Oficina Territorial de Diálogos e Convergências do Norte de Minas, que reuniu experiências dos agricultores familiares locais como etapa preparatória a um encontro nacional.

Na mesa dos brasileiros: resultados da agricultura familiar

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), é a agricultura familiar a grande responsável pela alimentação da população brasileira, garantindo em torno de 70% do que é consumido. “É a agricultura familiar que produz feijão, arroz, leite, verdura, é a produção diversificada que consumimos todos os dias. Tem uma importância muito forte para a segurança alimentar e também para a soberania alimentar”, afirma o secretário nacional de agricultura familiar do MDA Laudemir Muller. Ele diz que a produção da agricultura familiar tem crescido muito, acompanhando o consumo de alimentos, que também aumentou. Laudemir explica que a soberania alimentar também é garantida com este modelo de agricultura. “É a agricultura familiar que preserva as tradições, que tem uma produção diversificada, que mantêm a tradição das sementes. Então, na escolha do que nós comemos, a agricultura familiar é o grande bastião dessa diversidade, seja dos povos da floresta, do cerrado, dos grupos de mulheres”, comenta.

Entretanto, dados do próprio Consea mostram que o agronegócio cresce mais do que a agricultura familiar e, de acordo os participantes da Oficina Territorial de Diálogos e Convergências do Norte de Minas, este modelo de produção tem ameaçado a segurança e a soberania alimentar do país por vários motivos. Entre os problemas do agronegócio estão a concentração de terras e a conseqüente diminuição das áreas destinadas à agricultura familiar; a baixa diversidade de produção, pois há regiões inteiras com apenas uma espécie plantada – como as monoculturas de eucalipto, cana de açúcar e soja; e a utilização de tecnologias como a dos agrotóxicos e transgênicos, que apresentam um risco para a saúde.

Um relatório do Consea lançado no final de 2010, que avalia desde a Constituição de 1988 até a atualidade a segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada no Brasil, apresenta dados que confirmam este problema. De acordo com o estudo, o ritmo de crescimento da produção agrícola destinada à exportação é muito maior do que para o consumo interno. “A área plantada dos grandes monocultivos avançou consideravelmente em relação à área ocupada pelas culturas de menor porte, mais comumente direcionadas ao abastecimento interno. Apenas quatro culturas de larga escala (milho, soja, cana e algodão) ocupavam, em 1990, quase o dobro da área total ocupada por outros 21 cultivos. Entre 1990 e 2009, a distância entre a área plantada dos monocultivos e estas mesmas 21 culturas aumentou 125%, sendo que a área plantada destas últimas retrocedeu em relação a 1990. A monocultura cresceu não só pela expansão da fronteira agrícola, mas também pela incorporação de áreas destinadas a outros cultivos”, diz o documento.

O relatório também faz um alerta sobre o uso de agrotóxicos. “O pacote tecnológico aplicado nas monoculturas em franca expansão levou o Brasil a ser o maior mercado de agrotóxicos do mundo. Entre as culturas que mais os utilizam estão a soja, o milho, a cana, o algodão e os citros. Entre 2000 e 2007, a importação de agrotóxicos aumentou 207%. O Brasil concentra 84% das vendas de agrotóxicos da América Latina e existem 107 empresas com permissão para utilizar insumos banidos em diversos países. Os registros das intoxicações aumentaram na mesma proporção em que cresceram as vendas dos pesticidas no período 1992-2000. Mais de 50% dos produtores rurais que manuseiam estes produtos apresentam algum sinal de intoxicação”, denuncia o Consea.

Para a presidente do Conselho Federal de Nutricionistas, Rosane Nascimento, não é necessário que o Brasil lance mão de práticas baseadas no uso de agrotóxicos e mudanças genéticas para alimentar a população. “Estamos cansados de saber que o Brasil produz alimento mais do que suficiente para alimentar a sua população e este tipo de artifício não é necessário. A lógica dessa utilização é a do capital em detrimento do respeito ao cidadão e do direito que ele tem de se alimentar com qualidade”, protesta.

Ela explica por que os transgênicos ameaçam a soberania alimentar. “O alimento transgênico foi modificado na sua genética e gerou uma dependência de um produto para ser produzido, então não é soberano porque irá depender de uma indústria de sementes para produzir aquele alimento, quando na verdade ele deve ser crioulo, natural daquela região, daquela localidade, respeitar os princípios da soberania”, afirma.

Enquanto o MDA aposta na agricultura familiar e procura desenvolver políticas públicas para fortalecer esta atividade, segundo afirma o próprio ministério, outro ministério, o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), aposta no agronegócio. O MAPA confirma, por meio da assessoria de imprensa, o alto desempenho da agricultura para exportação no Brasil. “O Brasil alcançou recorde nas exportações brasileiras do agronegócio nos últimos 12 meses. O número chegou a US$ 78,439 bilhões, um valor 19,8% acima do exportado no mesmo período do ano passado (US$ 65,460 bilhões)”, afirma o ministério. Segundo dados do MAPA, em janeiro de 2011, a exportação de carnes foi a mais lucrativa, seguida pelos produtos do complexo sucroalcooleiro (açúcar e álcool), produtos florestais (que incluem borracha, celulose e madeira), café e o complexo da soja (farelo, óleo e grãos).

Questionado sobre o uso abusivo de agrotóxicos na agricultura brasileira, o MAPA responde: “O que podemos dizer é que em 2010, os fiscais federais agropecuários do Ministério da Agricultura analisaram 650 marcas de agrotóxicos, em 197 indústrias do país. Do total, 74 produtos apresentaram irregularidades, o que representou 428,9 toneladas apreendidas. O resultado aponta que 88,6% dos agrotóxicos estavam dentro dos padrões”. E continua: “O papel do Ministério da Agricultura é assegurar que os agrotóxicos sejam produzidos por empresas registradas e entrem no mercado da forma que consta no registro. Fazemos a fiscalização para verificar, desde a qualidade química do produto até o processo de fabricação e rotulagem”.

Já o MDA alerta que a monocultura de uma forma exagerada, com grandes proporções, pode trazer problemas. “O ministério tem trabalhado para apoiar e viabilizar, com políticas públicas, este modelo de agricultura familiar, que é um modelo diversificado. Nós não achamos interessante a monocultura, seja a grande monocultura ou a pequena monocultura. Para a nós a diversidade é muito importante. Para nós, o modelo mais adequado e mais necessário para o país é o da agricultura familiar”, reforça Laudemir Muller. O secretário destaca também que é um entusiasta da agroecologia. “Nós sabemos que infelizmente o país está com este título (de maior consumidor de agrotóxicos do mundo), e isso é uma das conseqüências da expansão da monocultura em nosso país. É preciso apoiar firmemente quem quer produzir de uma forma agroecológica”, diz.

Populações tradicionais e indígenas correm mais risco

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), as populações indígenas e quilombolas são as que mais sofrem com a insegurança alimentar e nutricional. O relatório elaborado pelo Consea critica a demora na demarcação das terras indígenas e quilombolas, o que prejudica o direito a alimentação adequada. “Verifica-se que a morosidade para a demarcação das terras indígenas tem impactado negativamente a realização do direito humano à alimentação adequada dos povos indígenas, desrespeitando a forte vinculação entre o acesso a terra e a preservação dos hábitos culturais e alimentares desses povos”, diz o documento.

A secretária nacional de segurança alimentar e nutricional do MDS, Maya Takagi, afirma, por exemplo, que os índices de crianças com baixa estatura em relação à idade é maior nas comunidades indígenas e quilombolas, situação decorrente da quantidade insuficiente de alimentos. “Nesses grupos específicos ainda temos o problema da quantidade de alimentos. Mas nosso desafio é também o da qualidade, conseguir ofertar alimentos de maior qualidade, de forma que as famílias de modo geral possam se alimentar de produtos saudáveis e naturais. Então, temos ainda um problema duplo, com o problema da quantidade mais localizado por grupos e regiões”, descreve. Maya cita os dados presentes no próprio relatório do Consea, segundo o qual 6,7% da população brasileira de crianças abaixo de cinco anos sofre com problemas de insegurança alimentar. Indicadores, segundo ela, considerados aceitáveis internacionalmente.

Entretanto, o problema se agrava quando o dado é analisado por região e por grupos. A Região Norte é a que apresenta mais risco, com 14,8% da população infantil sofrendo insegurança alimentar; o índice é de 26% na população indígena, 15% entre os quilombolas e 15,9% entre as famílias mais pobres. No caso dos adultos, o déficit de peso brasileiro diminuiu: passou de 4,4% em 1989 para 1,8% em 2010. Maya considera que é necessário haver muitas políticas públicas para resolver a situação. “Regularização fundiária, acesso a terra, apoio para a produção, banco de sementes, assistência técnica, políticas de proteção social. Um conjunto grande de políticas”, elenca.

11,2 milhões de pessoas com insegurança alimentar grave

O estudo do Consea mostra que os desafios para ser alcançada a segurança alimentar no Brasil ainda são grandes. “Em 2009, a proporção de domicílios com segurança alimentar foi estimada em 69,8%, com insegurança alimentar leve 18,7%, com insegurança alimentar moderada 6,5% e com insegurança alimentar grave 5,0%. Esta última situação atingia 11,2 milhões de pessoas”.

O relatório também afirma que há diferenças na alimentação dos mais pobres e mais ricos. “Comparando-se a maior e menor faixa de rendimento, a participação dos alimentos é 1,5 vez maior para carnes, 3 vezes maior para leite e derivados, quase 6 vezes maior para frutas e 3 vezes maior para verduras e legumes, entre os mais ricos.

Além dessas diferenças, também ocorre maior consumo de condimentos, refeições prontas e bebidas alcoólicas à medida que ocorre o crescimento da renda”.

No Assentamento Americana, onde não se pode dizer que as pessoas tenham alto poder aquisitivo, um almoço foi preparado pelos camponeses do local para receber os visitantes. Nas grandes panelas em cima do fogão à lenha, havia feijão andu – uma das quatro espécies de feijão produzidas no local – com farinha, arroz, carne de porco, mandioca e couve temperada com óleo de pequi. Para acompanhar, três tipos de suco de frutas e, de sobremesa, marmelada. De tudo o que foi servido, apenas o arroz não foi produzido na localidade. No entorno do assentamento, há muitas terras destinadas à monocultura do eucalipto. “Conseguimos avançar bastante e entendemos que para termos uma vida digna é preciso ter alimentação, educação e saúde”, aposta Aparecido de Souza, assentado do local e diretor do Grupo Extrativista do Cerrado, uma organização criada pelos moradores.

Para Rosane Nascimento, outro desafio é também garantir uma mudança no perfil de consumo de alimentos. “A pesquisa de orçamento familiar do IBGE corrobora uma tendência crescente do surgimento das doenças crônico-degenerativas, tais como diabetes, hipertensão, obesidade. São doenças causadas principalmente por uma má alimentação e estilos de vida não saudáveis. Com o crescimento econômico e uma possibilidade de promover o acesso a essa alimentação, temos uma classe que aumentou o acesso em termos de consumo. Mas isso não foi associado a uma boa escolha dos alimentos que estão indo para a sua mesa”, analisa, destacando, entretanto, que o problema da obesidade está em todas as classes. A nutricionista acredita que deve haver políticas públicas que ataquem o problema.

Lúcio Moreira, também morador do Assentamento Americana, diz que na comunidade já há uma conscientização quanto a isso. “Não trazemos mais tanto refrigerante e dizemos para as pessoas que muitas vezes elas consomem veneno quando compram no supermercado”, diz.

*Matéria publicada originalmente na Escola Politécnica de Saúde via Correio da Cidadania.

http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/agronegocio-nao-garante-seguranca-alimentar

O pico da água já terminou

Envolverde

28 de março de 2011 às 10:37h

Por Stephen Leahy, da IPS

Uxbridge, Canadá, 28/3/2011 – Frequentemente se fala do “pico do petróleo” para definir o momento em que esse produto começar, irremediavelmente, a escassear. As medições indicam que a humanidade já passou o “pico da água” e, entretanto, continua a desperdiçá-la. O canadense Kevin Freedman pretende viver este mês com apenas 25 litros de água por dia para cozinhar, beber e limpar, bem abaixo dos 330 litros consumidos em média na América do Norte. Kevin convidou 31 pessoas para participar de sua iniciativa “Desafio para a Conservação da Água”.

“No Canadá e nos Estados Unidos, as pessoas não têm ideia do quanto gastam e do quanto desperdiçam de água”, disse à IPS Kevin, que tomou essa decisão acompanhando o Dia Mundial da Água, comemorado no dia 22. “Embora se gaste menos, é muito difícil usar apenas 25 litros por dia. Não dá para tomar banho nem usar a máquina de lavar. Espero criar uma consciência de que a água é um recurso finito”, ressaltou.

Quase um bilhão de pessoas carecem de água potável, e esse número poderá duplicar em uma única geração na medida em que a demanda superar em 40% o fornecimento sustentável. A humanidade usa mais água do que poderia usar e esgota reservas não renováveis, acumuladas por mais de mil anos em aquíferos profundos. “Não é possível criar água, apenas geri-la”, disse a especialista Margareth Catley-Carlson, ex-funcionária do governo canadense e da Organização das Nações Unidas.

A falta de água é um grande obstáculo para o desenvolvimento de muitos países e regiões, disse Margareth à IPS. A escassez provoca carestia de alimentos, doenças, instabilidade política e até conflitos armados. “O governo acredita que seu papel é distribuir o líquido à população e à indústria”, acrescentou Margareth, diretora da Rede Canadense de Água. “Isso tem que mudar para ser possível gerir o recurso de forma sustentável, pelo bem da sociedade e do meio ambiente”, prosseguiu.

Entretanto, as autoridades não consideram a água um recurso valioso, não mantêm em dia a rede de distribuição e perdem entre 20% e 50% do líquido que deve ser distribuído. Nem mesmo cuidam dela os países do Sul, que têm pouca água. Sua disponibilidade é responsabilidade de mulheres e pobres, que não estão bem representados no governo, explicou Margareth. Os poucos fundos públicos são destinados ao Exército e a outras prioridades. “É tão frustrante. Podemos viver sem petróleo, mas não sem água”, ressaltou.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon pediu urgência aos governos para que invistam nos países pobres no setor de água e saneamento, especialmente em zonas urbanas, onde existe grande necessidade e a demanda aumentou 20% na última década. “Há uma crise de governança, de políticas débeis e má gestão, mais do que de escassez”, diz a declaração de Ban.

Em 2030, a demanda superará em 40% o fornecimento “acessível, confiável e sustentável do ponto de vista ambiental”, segundo a pesquisa feita pela consultoria McKinsey e Cia. Um terço da população, concentrado nas nações em desenvolvimento, viverá em bacias onde o déficit hídrico será superior a 50%, concluiu o estudo “Charting Our Water Future” (Medição de Nosso Futuro Hídrico).

A agricultura consome cerca de 71% da água utilizada atualmente. Existe estreita relação com a disposição de alimentos, segundo a pesquisa. A irrigação inapropriada e ineficaz é responsável pelo gasto. São feitos cultivos que exigem muita água, como o milho, em lugares secos, como a Espanha. Até o açúcar, com baixo valor alimentício, é cultivado com sistema de irrigação em alguns lugares. “É um absurdo”, lamentou Margareth.

Políticas erradas, subsídios como os concedidos aos biocombustíveis, acordos comerciais e maus hábitos são em grande parte responsáveis pela utilização irresponsável da água na produção de alimentos, explicou a especialista. O uso doméstico representa apenas 8% do consumo. A indústria é outro grande consumidor. Todos os produtos têm um componente hídrico, que se costuma chamar de “água virtual”, para descrever o volume utilizado para fabricar algo.

“Por exemplo, um computador de escritório exige 1,5 tonelada de água, um par de calça jeans, mais de seis toneladas, um quilo de aveia, uma tonelada, um quilo de frango, entre três e quatro toneladas, e um quilo de carne, de 15 a 30 toneladas”, explicou Nicholas Parker, presidente da Cleantech Group, empresa internacional que trata de acelerar o desenvolvimento e a adoção de tecnologias limpas.

O comércio mundial de “água virtual” superou 800 milhões de toneladas, equivalente a dez rios Nilo. “As pessoas não se dão conta de quanta água há em tudo o que fazemos ou compramos, de camiseta a vinho”, insistiu Nicholas.

Todo mundo pode se converter em um administrador melhor de água, disse Kevin Freedman. As lições aprendidas neste mês consumindo apenas 25 litros por dia poderão ser aplicadas a todo o ano, afirmou. “Na América do Norte, todas as pessoas podem reduzir seu consumo de água em pelo menos 25 litros. Desafio as pessoas a se comprometerem com essa meta”, ressaltou. Envolverde/IPS


Envolverde
Envolverde é uma revista digital que aborda assuntos ligados ao Meio ambiente, Educação e Sustentabilidade. É vencedora do 6º. Prêmio Ethos de Jornalismo na Categoria Mídia Digital.

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A pesquisadora que descobriu veneno no leite materno

Viomundo

28 de março de 2011 às 10:01h

A repórter Manuela Azenha esteve em Cuiabá, Mato Grosso, onde assistiu à defesa de tese da pesquisadora Danielly Palma. A ela coube pesquisar o impacto dos agrotóxicos em mães que estavam amamentando na cidade de Lucas do Rio Verde. A seguir, o relato:

Lucas do Rio Verde é um dos maiores produtores de grãos do Mato Grosso, estado vitrine do agronegócio no Brasil. Apesar de apresentar alto IDH (índice de desenvolvimento humano), a exposição de um morador a agrotóxicos no município durante um ano é de aproximadamente 136 litros por habitante, quase 45 vezes maior que a média nacional — de 3,66 litros.

Desde 2006, ano em que ocorreu um acidente por pulverização aérea que contaminou toda a cidade, Lucas do Rio Verde passou a fazer parte de um projeto de pesquisa coordenado pelo médico e doutor em toxicologia, Wanderlei Pignatti, em parceria com a Fiocruz. A pesquisa avaliou os resíduos de agrotóxicos em amostras de água de chuva, de poços artesianos, de sangue e urina humanos, de anfíbios, e do leite materno de 62 mães. A pesquisa referente às mães coube à mestranda da Universidade Federal do Mato Grosso, Danielly Palma.

A pesquisa revelou que 100% das amostras indicam a contaminação do leite por pelo menos um agrotóxico. Em todas as mães foram encontrados resíduos de DDE, um metabólico do DDT, agrotóxico proibido no Brasil há mais de dez anos. Dos resíduos encontrados, a maioria são organoclorados, substâncias de alta toxicidade, capacidade de dispersão e resistência tanto no ambiente quanto no corpo humano.

No dia seguinte à defesa de sua tese, Danielly concedeu uma entrevista ao Viomundo.



Viomundo – A sua pesquisa faz parte de um projeto maior?

Danielly Palma – Minha pesquisa foi um subprojeto de uma avaliação que foi realizada em Lucas do Rio Verde e eu fiquei responsável pelo indicador leite materno. Mas a pesquisa maior analisou o ar, água de chuva, sedimentos, água de poço artesiano, água superficial, sangue e urina humanos, alguns dados epidemiológicos, má formação em anfíbios.

Viomundo – E essas pesquisas começaram quando e por que?

Danielly Palma – Começamos em 2007. A minha parte foi no ano passado, de fevereiro a junho. Lucas do Rio Verde foi escolhido porque é um dos grandes municípios produtores matogrossenses, tanto de soja quanto de milho e, consequentemente, também é um dos maiores consumidores de agrotóxicos. Em 2006, quando houve um acidente com um desses aviões que fazem pulverização aérea em Lucas, o professor Pignati, que foi o coordenador regional do projeto, foi chamado para fazer uma perícia no local junto com outros professores aqui da Universidade Federal do Mato Grosso. Então, começaram a entrar em contato com o pessoal e viram a necessidade de desenvolver projetos para ver a que nível estava a contaminação do ambiente e da população de Lucas.

Viomundo – E qual é o nível de contaminação em que a população de Lucas se encontra hoje? O que sua pesquisa aponta?

Danielly Palma – Quanto ao leite materno, 100% das amostras indicaram contaminação por pelo menos um tipo de substância. O DDE, que é um metabólico do DDT, esteve presente em 100%, mas isso indica uma exposição passada porque o DDT não é utilizada desde 1998, quando teve seu uso proibido. Mas 44% das amostras indicaram o beta-endossulfam, que é um isômero do agrotóxico endossulfam, ainda hoje utilizado. Ele teve seu uso cassado, mas até 2013 tem que ir diminuindo, que é quando a proibição será definitiva. É preocupante, porque é um organoclorado que ainda está sendo utilizado e está sendo excretado no leite materno.

Viomundo – Foram essas duas substâncias as registradas?

Danielly Palma – Não, tem mais. Foi o DDE em 100% das mães [que estão amamentando]; beta-endossulfam em 44%; deltametrina, que é um piretróide, em 37%; o aldrin em 32%; o alpha-endossulfam, que é outro isômero do endossulfam, em 32%; alpha-HCH, em 18% das mães, o DDT em 13%; trifularina, que é um herbicida, em 11%; o lindano, em 6%.

Viomundo – E o que essas susbstâncias podem causar no corpo humano?

Danielly Palma – Todas essas substâncias tem o potencial de causar má formação fetal, indução ao aborto, desregulamento do sistema endócrino — que é o sistema que controla todos os hormônios do corpo — então pode induzir a vários distúrbios. Podem causar câncer, também. Esses são os piores problemas.

Viomundo – Você disse que as mães foram expostas há mais de dez anos. As substâncias permanecem no corpo por muito tempo?

Danielly Palma – Permanecem. No caso dos organoclorados, de todas as substâncias analisadas, o endossulfam é o único que ainda está sendo utilizado. Desde 1998 os organoclorados foram proibidos, a pesquisa foi realizada em 2010, e a gente encontrou níveis que podem ser considerados altos. Mesmo tendo sido uma exposição passada, como as substâncias ficam muito tempo no corpo, esses sintomas podem vir a longo prazo.

Viomundo – Durante a sua defesa de mestrado, em que essa pesquisa foi apresentada, os membros da banca ressaltaram o quanto você sofreu para realizar a pesquisa. Quais foram as maiores dificuldades?

Danielly Palma – A minha maior dificuldade foi em relação à validação do método. Porque, quando você vai pesquisar agrotóxicos, tem de ter uma precisão muito grande. Como são dez substâncias com características diferentes, quando acertava a validação para uma, não dava certo para outra. Então, para ter um método com precisão suficiente para a gente confiar nos resultados, para todas as substâncias, foi um trabalho que exigiu muita força de vontade e tempo. Foi praticamente um ano só para validar o método.

Viomundo – Essas mães que foram contaminadas exercem ou exerceram que tipo de atividade? Como elas foram expostas ao agrotóxico?

Danielly Palma – Das 62 mulheres que eu entrevistei, apenas uma declarou ter contato direto com o agrotóxico. Ela é engenheira agrônoma e é responsável por um armazém de grãos. Três mães residem na zona rural, trabalhando como domésticas nas casas dos donos das fazendas. É difícil dizer que quem está longe da lavoura não está exposto em Lucas do Rio Verde, pela localização da cidade, com as lavouras ao redor. Mas a maioria das entrevistadas trabalha no comércio, são professoras do município, algumas donas de casa, mas não são expostas ocupacionalmente. A questão é o ambiente do município.

Viomundo – Mas a contaminação se dá pelo ar, pela alimentação?

Danielly Palma - A alimentação é uma das principais vias de exposição. Mas, por se tratar de clorados, que já tiveram seu uso proibido, então eu posso dizer que o ambiente é o que está expondo, porque também se acumulam no ambiente. No caso da deltametrina e do endossulfam, que ainda são utilizados, o uso atual deles é que está causando a contaminação. Mas, nos usos passados [dos agrotóxicos agora proibidos], a causa provavelmente foi a exposição à alimentação — na época em que eram utilizados — e o próprio meio ambiente contaminado.

Viomundo – Quais são as principais propriedades dessas substâncias encontradas?

Danielly Palma – Os organoclorados têm em comum entre si os átomos de cloro na sua estrutura, o que dá uma grande toxicidade a eles. Eles têm alta capacidade de se armazenar na gordura, alta pressão no vapor e o tempo de meia-vida deles é muito longo, por isso que para se degradar demora muito tempo. São altamente persistentes no ambiente, tanto nos sedimentos, solo, corpo humano, e têm a capacidade de se dispersar. Tanto que no Ártico, onde eles nunca foram aplicados, são encontrados resíduos de organoclorados.

Viomundo – O professor Pignati comentou que a Secretaria da Saúde dificultou um pouco a pesquisa de vocês, mas que vocês fizeram questão da participação do governo. Por que?

Danielly Palma – Nós vimos a importância da participação deles porque, quando a exposição da população está num nível elevado e está tendo uma incidência maior de certas doenças, é lá na ponta que isso vai estourar, é no PSF (Programa Saúde da Família). Então, a gente queria que a Secretaria da Saúde acompanhasse para ver em que nível de exposição essa população está e para que tome medidas. Para que recebam essas pessoas com algum problema de saúde e saibam diagnosticar, saibam de onde está vindo e o porquê de tantas incidências de doenças no município.

Viomundo – Se a maioria dessas substâncias não está mais sendo utilizada, o que pode ser feito daqui para frente para diminuir o impacto delas sobre o ambiente e a saúde?

Danielly Palma – Em relação a essas substâncias que não estão sendo mais utilizadas, infelizmente, não temos mais nada a fazer. Já foram lançadas no ambiente e nos organismos das pessoas. A gente pode parar e pensar no modelo de desenvolvimento que está sendo posto, com esse alto consumo de agrotóxico e devemos tomar cuidado com as substâncias que ainda estão sendo utilizadas para tentar evitar um mal maior.

Viomundo – Como que o agrotóxico pode afetar o bebê?

Danielly Palma – Esses agrotóxicos são lipofílicos e se acumulam no tecido gorduroso, então ficam no organismo e passam para o sangue da mãe. Através da placenta, como há troca de sangue entre mãe e feto, acabam atingindo o feto. E alguns tem a capacidade de passar a barreira da placenta e atingir o feto. Durante a lactação, o agrotóxico acaba sendo excretado pelo leite humano.

Viomundo – Então, mesmo que não amamente o filho, ele pode nascer com resíduo de agrotóxico?

Danielly Palma – Sim, isso se a contaminação da mãe for muito elevada.

Viomundo – Foi o caso nas mães [pesquisadas] de Lucas do Rio Verde?

Danielly Palma – Alguns níveis [encontrados] consideramos altos, até porque o leite humano deveria ser isento de todas essas substâncias. Deveria ser o alimento mais puro do mundo. E a gente vê que isso não ocorre, tanto nos meus resultados quanto em trabalhos realizados no mundo inteiro que evidenciaram essa contaminação. A criança acaba sendo afetada desde a vida uterina e depois na amamentação é mais uma quantidade de agrotóxicos que ela vai receber. Mas é sempre bom lembrar do risco-benefício do aleitamento materno. Nunca se deve incentivar a mãe a parar de amamentar porque seu leite está contaminado. As vantagens do aleitamento materno são muito maiores do que os riscos da carga contaminante que o leite pode vir a ter.

Viomundo – Quais os riscos dessa contaminação?

Danielly Palma – Os riscos saberemos somente com um acompanhamento a longo prazo dessas crianças. O que pode acontecer são problemas no desenvolvimento cognitivo e, dependendo da carga que o bebê receba desde a gestação, pode causar má formação, que pode só ser percebida mais tarde.

Viomundo – Esse acompanhamento dos efeitos dos agrotóxicos no corpo humano já foi feito ou ainda é uma coisa a fazer?

Danielly Palma – Quanto ao sistema endócrino, existem evidências. Estudos comprovaram a interferência dos agrotóxicos. Quanto a câncer, má formação e ações teratogênicas (anomalias e malformações ligadas a uma perturbação do desenvolvimento embrionário ou fetal), estudos realizados em animais apontam para uma possivel ação dos agrotóxicos nesse sentido. Mas no ser humano não tem como você testar uma única substância. Quando fazem pesquisas, sempre são encontradas mais de uma substância no organismo e, portanto, não se sabe se é uma ação conjunta dessas substâncias que elevou aquele efeito ou se foi a ação de uma substância apenas.

Viomundo – Os resultados da pesquisa são alarmantes?

Danielly Palma – Foram alarmantes, mas ao mesmo tempo já esperávamos por esse resultado, até porque já tínhamos em mãos resultados da parte ambiental. Vimos que a exposição da população estava muito alta. Com o ambiente contaminado daquela forma, já era esperado encontrar a contaminação do leite, uma vez que o ambiente influencia na contaminação humana também.

Viomundo – O que será feito com esses resultados?

Danielly Palma – Os resultados já foram encaminhados às mães e, no início do projeto, assumimos o compromisso de, no final, nos reunirmos com elas e explicarmos os resultados. Esperamos que as autoridades do município e de todas as regiões produtoras acordem para o modelo de desenvolvimento que eles estão adotando, porque não adianta ter um IDH alto, ter boa educação e sistema de saúde, se a qualidade de vida em termos de exposição ambiental é péssima.

* Matéria publicada originalmente no Viomundo

http://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-pesquisadora-que-descobriu-veneno-no-leite-materno

Corregedoria da Câmara deve inocentar Bolsonaro de acusação

DE SÃO PAULO

A Corregedoria da Câmara deve inocentar o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) da acusação por quebra de decoro parlamentar, informa a coluna de Mônica Bergamo, publicada na edição desta terça-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

Bolsonaro foi acusado de racismo ao responder pergunta feita pela cantora Preta Gil no programa "CQC", da "TV Band". No último dia 28, a cantora fez uma pergunta, previamente gravada, sobre qual seria a reação dele se seu filho se apaixonasse por uma negra.

O parlamentar, que tem um extenso histórico de polêmicas relacionado a direitos civis e humanos, respondeu: "Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco e meus filhos foram muito bem educados. E não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu".

Leia a coluna completa na Folha, que já está nas bancas.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/904602-corregedoria-da-camara-deve-inocentar-bolsonaro-de-acusacao.shtml