17 dezembro 2010

IG: Justiça considera exame da OAB inconstitucional

Mais uma do "país da piada pronta": estão tentando acabar com das únicas coisas sérias que uma entidadade de classe faz nesse país.
O pior é ouvir o estúpido do Boechart, digno representante de nossa "Inprença independenti", defender a medida alegando que o exame só serve de reserva de mercado. Quem dera o CREA fizesse o mesmo!
Bom, ver...emos como terminará isso. De qq forma, o melhor até agora foi a resposta da OAB:
"
a má qualidade de ensino reflete também em concurso para juiz”

Justiça considera exame da OAB inconstitucional

Decisão de juiz federal concede liminar para bacharéis em Direito que entraram na justiça advogarem sem aprovação da Ordem

iG São Paulo | 16/12/2010 19:32 - Atualizada em 17/12/2010 13:05

O desembargador Vladimir Souza Carvalho, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), concedeu uma liminar nesta quinta-feira que considera inconstitucional o exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Pela decisão, os profissionais formados em Direito que procuraram a Justiça, têm direito de exercer a profissão, mesmo sem a aprovação no exame da Ordem – somente os aprovados recebem um registro e podem representar clientes.

A liminar foi concedida após a análise a Francisco Cleuton Maciel, integrante do Movimento Nacional dos Bacharéis de Direito (MNBD), contra a OAB do Ceará e consta que vale também para "outro". Segundo o entendimento do magistrado, a lei que define as finalidades da OAB não inclui a seleção de profissionais. O desembargador destaca que a advocacia é “a única profissão no País” em que o detentor do diploma de bacharel necessita se submeter a um exame para exercê-la. “Circunstância que, já de cara, bate no princípio da isonomia”, afirma Carvalho na sentença.

A decisão da 2ª Vara Federal do Ceará é de segunda instância, porém provisória. Segundo a assessoria de imprensa do TRF-5, o seu mérito deverá ser julgado só na primeira semana após o recesso da casa, possivelmente em 13 de janeiro.

Resposta da OAB

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, disse que a decisão “não reflete a melhor interpretação da Constituição Federal” e em nota oficial diz que a má qualidade de ensino reflete também em “concurso para juiz”. Em nota oficial ele diz que segundo a legislação brasileira é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, “atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.

Cavalcante insistiu na tese de que para a Ordem seria confortável ampliar os 720 mil membros para 2 milhões para aumentar a representatividade da instituição. “Hoje, temos no Brasil 1.128 faculdades de Direito, há 250 mil vagas sendo ofertadas anualmente e, a se permitir que todos os egressos dessas faculdades, que foram criados em condições – eu diria – contestáveis, certamente que isso proporcionaria um prbolema muito sério para a sociedade. Isso despejaria no mercado pessoas sem condições”, afirmou.

O presidente da OAB prossegue atacando outros profissionais jurídicos. “No fundo, tudo isso é um reflexo do ensino jurídico praticado por essas faculdades sem qualidade. E esse reflexo se observa não só no Exame de Ordem, mas nos concursos para juiz, nos concursos para o ministério Público, para defensor público, para delegado de polícia – enfim, para todas as carreiras jurídicas em relação às quais é necessário ser advogado.”

Cavalcante diz ainda ser mentira que esta é a única profissão que exige curso de proficiência. “Recentemente, também os contabilistas tiveram essa preocupação com a proficiência e estão se louvando na experiência da Ordem e já vão fazer, no próximo ano, o primeiro exame dos contabilistas aplicado por seu conselho de classe. Outros conselhos, como os de medicina e engenharia, estão interessados em aplicar exame de proficiência e já têm projetos de lei nesse sentido”, diz.

A prova

Esta edição do exame teve recorde de inscritos. Ao todo, foram 106.941 candidatos, dos quais 46.916 passaram para a segunda fase e apenas 12.634 foram aprovados, ou 11,8% do total inicial. Caso o número de recursos aceitos não seja significativo, este será o menor porcentual de aprovados do exame na história.

O dado tem gerado polêmica entre especialistas. A OAB defende que ele reflete a falta de qualidade da maioria das faculdades de Direito, mas professores mostram que a ordem aprova sempre uma quantidade parecida de candidatos, independente do total de inscritos. Pelo edital, não deve haver limite numérico e todos que demonstrarem ter conhecimentos mínimos para exercer a função devem ser aprovados.


ENTENDA A PROVA:

Quem tem que fazer? Todos os estudantes de Direito. Só os aprovados na OAB recebem um registro e podem representar clientes

Como é? O Exame da Ordem dos Advogados do Brasil é composto por duas fases. A primeira é composta de 100 perguntas com alternativas. Os aprovados fazem a segunda em que redigem uma peça prática e respondem a cinco questões dissertativas

Quando é feito? Três vezes por ano. Devido há atrasos acumulados em várias edições, a prova atual corresponde a segunda de 2010

Direto do IG: Atrações imperdíveis no sertão nordestino

Atrações imperdíveis no sertão nordestino
Cânions, cavernas, sítios arqueológicos e formações rochosas imponentes: Nordeste tem atrações que vão além das praias paradisíacas

Camila Sayuri, especial para o iG

- VEJA FOTOS DO SERTÃO NORDESTINO

AE

Área do Parque Nacional Serra da Capivara, na região de São Raimundo Nonato

Para grande parte dos turistas brasileiros, o Nordeste se resume a praias paradisíacas e águas claras. É uma pena. Distante do litoral, no sertão quente da região, os turistas encontram paisagens inigualáveis.

São cânions gigantescos, cavernas, sítios arqueológicos e formações rochosas imponentes, um cenário diferente dos habituais destinos praianos de mar azul e areia branca. Conheça algumas das belezas escondidas na Paraíba, Sergipe, Piauí, Bahia e Ceará.

PARAÍBA

Lajedo de Pai Mateus e a Roliúde Nordestina
Em Cabaceiras

Vinícius de Oliveira

Pedras de granito do Lajeto de Pai Mateus impressionam por sua forma arredondada

Ao chegar a Cabaceiras, distante 180 quilômetros de João Pessoa, o letreiro na entrada da cidade avisa: você está entrando na “Roliúde Nordestina”. Não estranhe o título irreverente. Aqui foram gravados mais de 20 filmes, documentários e minisséries, como “O Auto da Compadecida” e “Cinema, Aspirinas e Urubus”.

Passeando pelo município de cinco mil habitantes, dá para reconhecer a igreja matriz Nossa Senhora da Conceição, casas e praças que serviram de cenário para as produções. Mas, se quiser saber mais sobre os filmes rodados ali, vale à pena fazer uma visita ao acervo de fotos do Memorial Cinematográfico.

Um dos principais atrativos turístico da região, no entanto, é o Lajedo de Pai Mateus, um platô de 1,5 quilômetros quadrados, sobre o qual estão dezenas de grandes pedras arredondadas de granito. Em algumas destas rochas, são encontradas pinturas rupestres atribuídas aos índios cariris, que viveram na região entre 10 e 12 mil anos atrás. Para visitar o Lajedo é preciso pagar uma taxa de visitação de R$ 10 ao Hotel Pai Mateus.

A poucos quilômetros do Lajedo, vale também conferir outra formação rochosa curiosa, a Saca de Lã. Com cerca de 30 metros de altura, ela é formada por vários blocos de granito empilhados. Quem se arrisca a subir até o topo da última pedra, pode apreciar uma bela vista da paisagem.

Como chegar:

De carro: Para quem sai de João Pessoa, o acesso até Cabaceiras é pela BR-412, passando pelas cidades de Campina Grande, Queimadas e Boqueirão.
De ônibus: saindo da capital paraibana, o transporte até Campina Grande é feito pela Empresa Real. De lá, pode-se pegar um ônibus até Cabaceiras com a empresa Rio Doce.

SERGIPE

Cânion do Xingó
Em Canindé de São Francisco

AE

Barcos navegam pelas águas calmas do Velho Chico, em meio a paredões rochosos

A quilômetros do litoral do Sergipe, os turistas encontram uma das mais belas paisagens do estado: o Cânion do Xingó. Neste vale profundo, os paredões de granito avermelhado circundam as águas esverdeadas do Rio São Francisco, que foram represadas para a construção da barragem da Usina Hidroelétrica do Xingó.

É um dos cinco maiores cânions navegáveis do mundo, com 65 quilômetros de extensão e altura que chega a 50 metros. Completam a paisagem a vegetação da caatinga e as muitas espécies de animais que habitam a região, como calangos e corujas.

O ponto de partida para quem quiser conhecer esta maravilha da natureza é o município de Canindé de São Francisco, localizado a 213 quilômetros de Aracaju. De lá, partem passeios de catamarãs, lanchas ou escunas pelas águas calmas do Velho Chico. O tour feito até a Gruta do Talhado dura cerca de três horas, com uma hora de parada para mergulho.

Outra opção de passeio percorre a chamada Rota do Cangaço. O trajeto com cerca de quatro horas leva até a Grota de Angicos, nome dado ao local onde Lampião e Maria Bonita foram assassinados. No caminho, é feito uma parada no Museu do Cangaço, na cidade histórica de Piranhas, que tem em seu acervo objetos e fotografias dos cangaceiros.

Como chegar:

De carro: Saindo de Aracaju, segue-se pela BR-235. Atravessa os municípios de Areia Branca, Itabaiana até Rebeirópolis. De lá, continue pela SE-106 até Nossa Senhora da Glória. Siga pela rodovia SE-206, passando por Poço Redondo, até Canindé de São Francisco.

PIAUÍ

Parque Nacional da Serra da Capivara
Na Serra da Capivara

AE

Pintura no sítio arqueológico do Boqueirão da Pedra Furada, na Serra da Capivara

Ainda pouco visitado e conhecido dos brasileiros, o Parque Nacional Serra da Capivara é um dos maiores museus a céu aberto do mundo. Localizado em pleno sertão nordestino, o seu acervo é composto por mais de 30 mil pinturas rupestres, com idades entre 6 e 12 mil anos. São ilustrações que reproduzem cenas do dia a dia do homem primitivo, dos cerimoniais e dos animais, em meio a paredões de granito e formações rochosas diversas.

Declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, o Parque guarda a maior concentração de sítios arqueológicos do mundo. São quase 700, sendo que apenas 138 destes estão abertos à visitação.

O passeio é feito por trilhas demarcadas e passarelas, conduzido por guias que explicam um pouco da arte do homem pré-histórico. As atrações estão reunidas em diferentes circuitos. É aconselhável um dia para visitar cada um deles. O mais famoso é o circuito do Baixão da Pedra Furada, composto por vários sítios arqueológicos, sendo o principal o Boqueirão da Pedra Furada. Lá, há uma enorme formação rochosa de 60 metros de altura, com uma abertura de 15 metros de diâmetro. É o cartão-postal do Parque.

A base para quem quer visitar a Serra da Capivara é a cidade de São Raimundo Nonato, distante 502 km de Teresina e 355 km de Petrolina. No município de 30 mil habitantes, pode-se visitar ainda o Museu do Homem Americano, que expõe alguns dos achados do Parque Nacional da Serra da Capivara.

Como chegar:

Saindo de Teresina, o acesso é pelas rodovias BR-316, BR-343 e BR-230 até Floriano. De lá, continue pela PI-140 até São Raimundo Nonato.

BAHIA

Esportes radicais e Raso da Catarina
Em Paulo Afonso

AE

Aventureiros fazem saltos de bungee jumping de ponte metálica, em Paulo Afonso

Na Bahia, não faltam cobiçados destinos turísticos: Salvador, Porto Seguro, Arraial d’Ajuda, Ilhéus, Itacaré e mais, mais e mais. Ainda assim, há sempre espaço para mais um. Para conquistar os viajantes, o município de Paulo Afonso, a 460 quilômetros de Salvador, resolveu apostar no turismo de aventura.

A cidade, cuja paisagem foi transformada radicalmente com a construção das usinas hidrelétricas, tem um cenário propício para a prática de esportes radicais. Os paredões rochosos cercam as águas esverdeadas do Rio São Francisco, formando um vale. Neste cânion imponente, foi construída uma passarela metálica que cruza o vão de 85 metros. De lá, aventureiros se arriscam em incríveis saltos de bungee jumping.

O cenário também é perfeito para a prática do rapel - descida dos paredões com corda -, e da tirolesa, na qual o participante desliza por uma corda esticada de uma ponta à outra do cânion. Nas cachoeiras da cidade, é possível ainda praticar o canyoning. Nas águas do Velho Chico, muitos moradores e turistas também se divertem com jet-ski, kitesurfe, windsurfe e passeios de barco.

Além dos esportes radicais, outra atração imperdível é conhecer o Raso da Catarina, uma reserva biológica e indígena recoberta por vegetação da caatinga. O clima é semelhante a dos desertos, com temperaturas que podem chegar a 40oC durante o dia e 10oC à noite. Por aqui, já se refugiaram o cangaceiro Lampião, sua mulher, Maria Bonita, e o restante do bando.

Passeios pela reserva devem ser agendados com um guia local. Entre as atrações, pode-se observar formações rochosas esculpidas pelo vento, a fauna e a flora típicas do sertão.

Como chegar:

De carro: Saindo de Salvador, siga pela BR-110. O município localizado no ponto de encontro dos estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe tem acessos pelas rodovias BR-210 e BR-423.
De avião: O aeroporto da cidade está localizado a 6 quilômetros do centro. As companhias aéreas que fazem voo direto são: BRA (saindo de São Paulo), Correta (saindo de Salvador) e ATA (saindo de Recife).
De ônibus: Há saídas rodoviárias partindo de todas as principais cidades do Nordeste.

CEARÁ

Padre Cícero e Chapada do Araripe
Em Juazeiro do Norte

Getty Images

Estátua do Padre Cícero tem 25 metros de altura

Juazeiro do Norte, a 563 km de Fortaleza, poderia ser mais um pequeno povoado do sertão nordestino, não fosse a vinda de Padre Cícero Romão Batista, o “Padim Cícero”, à cidade. Natural do município vizinho de Crato, o religioso fixou residência em Juazeiro em 1872, mudando o destino do local e de seus moradores.

De vilarejo, passou a maior cidade do sertão cearense e meca de romeiros vindos de todo o Brasil. Ela recebe anualmente milhares e milhares de romeiros que chegam a pé, de carro, caminhão, ônibus, cavalo, jegue, charrete e bicicleta. Nos dias de romaria, ou no dia do aniversário do padre (20 de julho), a cidade fica lotada e é difícil encontrar vagas em hotéis.

Quem chega a Juazeiro, visita logo a Colina do Horto, onde está localizada a estátua de 25 metros do Padre Cícero. Com altura equivalente a um prédio de oito andares, mesmo quem não é devoto deve conhecê-la. A vista do alto é linda e, no local, tem ainda um pequeno museu e uma capela.

Durante a estada em Juazeiro, vale fazer uma visita a Crato, localizada a apenas 10 km dali. A cidade natal de Padre Cícero está aos pés da Chapada do Araripe, um gigantesco altiplano que abriga fósseis de animais pré-históricos, uma exuberante floresta, grutas e cachoeiras. Aproveite para conhecer o Museu Paleontológico de Santana do Cariri, que guarda em seu acervo fósseis encontrados em escavações nas redondezas.

Como chegar:

De carro: Saindo de Fortaleza, chega-se a Juazeiro pela BR-116, passando pelas BR-230 e BR-122, além das estradas estaduais CE-138, CE-371, CE-269 e CE-385.
De avião: O aeroporto de Juazeiro do Norte está localizado a 5km do centro. Recebe voos de São Paulo, Fortaleza, Rio de Janeiro, Recife e Brasília.
De ônibus: Saindo de Fortaleza, as empresas Expresso Guanabara e Rápido Juazeiro levam até Juazeiro do Norte.

22 novembro 2010

Nicolelis: Só no Brasil a educação é discutida por comentarista esportivo

Matéria aberta da Carta Capital:

Nicolelis: Só no Brasil a educação é discutida por comentarista esportivo

O neurocientista Miguel Nocolelis afirma que só donos de cursinho e aqueles que não querem a democratização do acesso à universidade podem ter algo contra o Enem

Desde o último final de semana, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Ministério da Educação (MEC) estão sob bombardeio midiático.

Estavam inscritos 4,6 milhões estudantes, e 3,4 milhões submeteram-se às provas. O exame foi aplicado em 1.698 cidades, 11.646 locais e 128.200 salas. Foram impressos 5 milhões de provas para o sábado e outros 5 milhões para o domingo. Ou seja, o total de inscritos mais de 10% de reserva técnica.

No teste do sábado, ocorreram dois erros distintos. Um foi assumido pela gráfica encarregada da impressão. Na montagem, algumas provas do caderno de cor amarela tiveram questões repetidas, ou numeradas incorretamente ou que faltaram. Cálculos preliminares do MEC indicavam que essa falha tivesse afetado cerca de 2 mil alunos. Mas o balanço diário tem demonstrado, até agora, que são bem menos: aproximadamente 200.

O outro erro, de responsabilidade do Inep, foi no cabeçalho do cartão-resposta. Por falta de revisão adequada, inverteram-se os títulos. O de Ciências da Natureza apareceu no lugar de Ciências Humanas e vice-versa. Os fiscais de sala foram orientados a pedir aos alunos que preenchessem o cartão, de acordo com a numeração de cada questão, independentemente do cabeçalho. Inep é o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, órgão do MEC encarregado de realizar o Enem.

“Nenhum aluno será prejudicado. Aqueles que tiveram problemas poderão fazer a prova em outra data”, tem garantido desde o início o ministro da Educação, Fernando Haddad. “Isso é possível porque o Enem aplica a teoria da resposta ao item (TRI), que permite que exames feitos em ocasiões diferentes tenham o mesmo grau de dificuldade.”

Interesses poderosos, porém, amplificaram ENORMEMENTE os erros para destruir a credibilidade do Enem. Afinal, a nota no exame é um dos componentes utilizados em várias universidades públicas do país para aprovação de candidatos, além de servir de avaliação parabolsa do PRO-UNI.

“Só os donos de cursinhos e aqueles que não querem a democratização do acesso à universidade podem ter algo contra o Enem”, afirma, indignado, ao Viomundo o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke, nos EUA, e fundador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, no Rio Grande do Norte. “Eu vi a entrevista do ministro Fernando Haddad ao Bom Dia Brasil, TV Globo. Que loucura! Como jornalistas que num dia falam de incêndio, no outro, de escola de samba, no outro, ainda, de esporte, podem se arvorar em discutir um assunto tão delicado como sistema educacional? Pior é que ainda se acham entendedores. Só no Brasil educação é discutida por comentarista esportivo!”

Nicolelis é um dos maiores neurocientistas do mundo. Vive há 20 anos nos Estados Unidos, onde há décadas existe o SAT (standart admissions test), que é muito parecido com o Enem. Tem três filhos. Os três já passaram pelo Enem americano.

Viomundo — De um total de 3,4 milhões de provas aplicadas no sábado, houve problema incontornável em menos de 2 mil. Tem sentido detonar o Enem, como a mídia brasileira tem feito? E dizer que o Enem fracassou, como um ex-ministro da Educação anda alardeando?
Miguel Nicolelis — Sinceramente, de jeito algum — nem um nem outro. O Enem é equivalente ao SAT, dos Estados Unidos. A metodologia usada nas provas é a mesma: a teoria de resposta ao item, ou TRI, que é uma tecnologia de fazer exames. O SAT foi criado em 1901. Curiosamente, em outubro de 2005, entre as milhões de provas impressas, algumas tinham problema na barra de códigos onde o teste vai ser lido. A entidade que faz o exame não conseguiu controlar, porque esses erros podem acontecer.

Viomundo — A Universidade de Duke utiliza o SAT?
Miguel Nicolelis — Não só a Duke, mas todas as grandes universidades americanas reconhecem o SAT. É quase um consenso nos Estados Unidos. Apenas uma minoria é contra. E o Enem, insisto, é uma adaptação do SAT, que é uma das melhores maneiras de avaliação de conhecimento do mundo. O teste é a melhor forma de avaliar uniformemente alunos submetidos a diferentes metodologias de ensino. É a saída para homogeneizar a avaliação de estudantes provenientes de um sistema federativo de educação, como o americano e o brasileiro, onde os graus de informação, os métodos, as formas como se dão, são diferentes.

Viomundo — Qual a periodicidade do SAT?
Miguel Nicolelis – Aqui, o exame é aplicado sete vezes por ano. O aluno, se quiser, pode fazer três, quatro, cinco, até sete, desde que, claro, pague as provas. No final, apenas a melhor é computada. Vários estudos feitos aqui já demonstraram que o SAT é altamente correlacionado à capacidade mental geral da pessoa.

Todo ano as provas têm uma parte experimental. São questões que não contam nota para a prova. Servem apenas para testar o grau de dificuldade. Assim, a própria criançada vai ranqueando as perguntas, permitindo a ampliação do banco de questões. Outra peculiaridade do sistema americano é a forma de corrigir a prova. É desencorajado o chute.

Viomundo — Explique melhor.
Miguel Nicolelis — Resposta errada perde ponto, resposta em branco, não. Por isso, o aluno pensa muito antes de chutar, pois a probabilidade de ele errar é grande. Então se ele não sabe é preferível não responder do que correr o risco de responder errado.

Viomundo – Interessante …
Miguel Nicolelis – Na verdade, o SAT é maneira mais honesta, mais democrática de avaliar pessoas de lugares diferentes, com sistemas educacionais diferentes, para tentar padronizar o ingresso. Aqui, nos EUA, a molecada faz o exame e manda para as faculdades que quer frequentar. E as escolas decidem quem entra, quem não entra. O SAT é um dos componentes para essa avaliação.

Viomundo — Aí tem cursinho para entrar na faculdade?
Miguel Nicolelis — Tem para as pessoas aprenderem a fazer o exame, mas não é aquela loucura da minha época. Era cheio de cursinho para todo lugar no Brasil. Cursinho é uma máquina de fazer dinheiro. Não serve para nada a não ser para fazer o exame. Por isso ouso dizer: só os donos de cursinho e aqueles que não querem democratizar o acesso à universidade podem ter algo contra o Enem.

Viomundo –Mas o fato de a prova ter erros é ruim.
Miguel Nicolelis — Concordo. Mas os erros vão acontecer. Em 1978, quando fiz a Fuvest (vestibular unificado no Estado de São Paulo), teve pergunta eliminada, pois não tinha resposta. Isso acontece desde o tempo em que havia exame para admissão [ao primeiro ginasial, atualmente 5ª série do ensino fundamental) na época das cavernas (risos). Você não tem exame 100% correto o tempo inteiro.

Então, algumas pessoas estão confundindo uma metodologia bem estudada, bastante conhecida e aceita há décadas, com problemas operacionais que acontecem em qualquer processo de impressão de milhões de documentos. Na dimensão em que aconteceram no Brasil está dentro das probabilidade de fatalidades.

Viomundo -- Em 2009, também houve problema, lembra-se?
Miguel Nicolelis -- No ano passado foi um furto, foi um crime. O MEC não pode ser condenado por causa de um assalto, que é uma contigência e nada tem a ver com a metodologia do teste.

Só que, infelizmente, gerou problemas operacionais para algumas universidades, que não consideraram a nota do Enem nos seus vestibulares. Isso não quer dizer que elas não entendam ou nãoaceitam o teste. As provas do Enem são muito mais democráticas, mais racionais e mais bem-feitas do que os vestibulares de qualquer universidade brasileira.
Eu fiz a Fuvest. Naquela época, era muito ruim. Não media nada. E, ainda assim, a gente teve de se sujeitar àquilo, para entrar na faculdade a qualquer custo.

Viomundo -- Fez cursinho?
Miguel Nicolelis -- Não. Eu tive o privilégio de estudar numa escola privada boa. Mas muitas pessoas que não tinham educação de alto nível eram obrigadas a recorrer ao cursinho para competir em condições de igualdade.

Mas o cursinho não melhora o aprendizado de ninguém. Cursinho é uma técnica de aprender a maximizar a feitura do exame. É quase um efeito colateral do sistema educacional absurdo que até recentemente tínhamos no Brasil. É um arremedo. É um aborto do sistema educacional que não funciona.

Viomundo -- Qual a sua avaliação do Enem?
Miguel Nicolelis -- É um avanço tremendo, porque a longo prazo a repetição do Enem várias vezes por ano vai acabar com o estresse do vestibular. Você retira o estresse do vestibular. Na minha época, e isso acontece muito ainda hoje, o jovem passava os três anos esperando aquele "monstro". De tal sorte, o vestibular transformava o colegial numa câmara de tortura. Uma pressão insuportável. Um inferno tanto para os meninos e meninas quanto para as famílias. Além disso, um sistema humilhante, porque as pessoas que não podiam frequentar um colégio privado de alto nível sofriam com o complexo de não poder competir em pé de igualdade. Por isso os cursinhos floresceram e fizeram a riqueza de tanta gente, que agora está metendo o pau no Enem. Evidentemente vários interesses estão sendo contrariados devido ao êxito do Enem.

Viomundo -- Tem muita gente pichando, mesmo.
Miguel Nicolelis -- Todo esse pessoal que picha acha que sabe do que está falando. Só que não sabe de nada. Exame educacional não é jogo de futebol. Tem metodologia, dados, história. E olha que eu adoro futebol. Sempre que estou no Brasil, vou ao estádio para assistir ao jogos do Palmeiras [Ninguém é perfeito (rs)!] O Brasil fez muito bem em entrar no Enem. É o único jeito de acabar com esse escárnio, com essa ferida que é o vestibular .

Viomundo — Nos EUA, não há vestibular para a universidade. O senhor acha que o Brasil seguirá essa tendência?
Miguel Nicolelis – Acho que sim. O importante é o seguinte. O Brasil está tentando iniciar esse processo. Quando você inicia um processo dessa magnitude, com milhões fazendo exame, é normal ter problemas operacionais de percurso, problemas operacionais. Isso faz parte do processo.

Nos Estados Unidos, as provas já são começam a ser feitas via internet. Como o Brasil em pouco tempo está avançando rapidamente, acredito que logo teremos várias provas por ano, como aqui [nos EUA, há sete, lembram-se?], e tudo por computador. O aluno se inscreve e, num dia e hora pré-determinados, vai com a sua senha a um terminal estabelecido — terá de se estabelecer uma rede – acessa e faz a prova. Será um exame só para ele. Você elimina o risco de vazamento e economiza com a impressão de provas, que custa um dinheirão.
Nós estamos caminhando para o Enem ser a moeda de troca da inclusão educacional. As crianças vão aprender que não é porque elas fazem cursinho famoso da Avenida Paulista que elas vão ter mais chance de entrar na universidade. Elas vão entrar na universidade pelo que elas acumularam de conhecimento ao longo da vida acadêmica delas. Elas vão poder demonstrar esse conhecimento sem estresse, sem medo, sem complexo de inferioridade. De uma maneira democrática.E, num futuro próximo, tanto as crianças de escolas privadas quanto as de escolas públicas vão começar a entrar nesse jogo em pé de igualdade. Aí, sim vai virar jogo de futebol.

Futebol é uma das poucas coisas no Brasil em que o mérito é implacável. Joga quem sabe jogar. Perna de pau não joga. Não tem espaço. O talento se impõe instantantaneamente.
Educação tem de ser a mesma coisa. O talento e a capacidade têm de aflorar naturalmente e todas as pessoas têm de ter a chance de sentar na prova com as mesmas possibilidades.

21 novembro 2010

Nostalgia das manhãs de domingo

Ontem fui assistir ao documentário do Senna.

Como esperado, Cinema lotado. Lá se vão 16 anos desde aquela fatídica curva "Tamburello" que levou, mais que o maior piloto da História, o grande ídolo de toda uma geração.

Os anos 80 e início dos 90 foram marcados pelo fim da Ditadura, Plano Cruzado, Plano Verão, inflação galopante, desemprego em massa, derrotas no futebol, enfim, duas décadas perdidas... ôpa, perdida "vírgura", foram os "anos Senna"!

Não esqueço do primeiro dia em que ele empunhou a bandeira brasileira de dentro do carro logo após uma vitória _ marca registrada do campeão. Foi logo após a eliminação da Seleção de 86 pela França, naquele mesmo jogo em que o Zico perdeu um pênalti. Disse ao final da corrida que a ideia era levantar o moral do povo brasileiro após aquela derrota _ nos tempos em que ainda chorávamos as derrotas em Copas.

E foi isso que ele fez. O choro da véspera virou felicidade e orgulho. Nascia ali o ídolo Ayrton Senna!
Aquele sujeito tímido e franzino mas extremamente determinado _ e até um pouco mimado ao não ser muito afeito a algumas críticas _ entrou de vez no coração do brasileiro. Ele personificava o Brasil que dava certo, que brilhava mundo afora e fazia questão de mostrar ao Velho Mundo de onde vinha. Senna mostrou ao finado Nelson Rodrigues que nem todo brasileiro sofre da "Síndrome do vira-latas"!

O tempo passava, as vitórias épicas, pole positions, ultrapassagens e, finalmente, campeonatos chegavam cada vez com mais frequência. Com elas algumas inimizades como Nelson Piquet e, claro, Alain Prost o arqui-inimigo. Desentendimentos eram tornados públicos, especialmente com Prost e seu "padrinho" o todo poderoso dirigente da FIA Jean Marie Balestre.
Senna, porém, a despeito de seu temperamento, era cada vez mais visto pelo grande público como um sujeito humilde, religioso e de um talento ímpar. A F1 nunca foi tão popular. Senna já era mais adorado no Brasil que Pelé e Roberto Carlos. Surgia ali o mito.
Tudo terminou na sétima volta do GP de San Marino de 94. Terminou? De jeito nenhum, o heroi foi abatido em "combate", morreu na liderança. Surgia ali a lenda Ayrton Senna!
A adoração a Senna acabou por sufocar as carreiras de seus sucessores, especialmente de Barrichello. Não duvido que passe o mesmo ao Massa. Essa é a parte cruel do legado do campeão.

O filme foi para mim como entrar em um túnel do tempo. Tempos de bolinha de gude na praça, quebrar farol de carro jogando futebol na rua, subir no pé de ameixas, ouvir Legião, Paralamas, U2, assistir He-man ou Smurfs na TV... ou, melhor ainda, ouvir a "Música da Vitória"! Mesmo com o mala do Galvão Bueno ao fundo... rs

http://www.youtube.com/watch?v=_rn2AlUtiP8

Site de documentários

Indicação de uma amiga minha:

Navegando neste sábado me deparei com uma preciosidade : um blog que libera os links para os melhores documentários reais...
Aproveitem sem moderação..
Bjs
Lina
Alguns títulos imperdíveis :
Super Size me (a realidade do Mac Donald's)
A carne é Fraca
Alguns dos temas de documentários que estão disponíveis:

07 novembro 2010

Microalga de esgoto pode virar biodiesel

Microalga de esgoto pode virar biodiesel

Técnica de estudante de graduação é barata e produz óleo com qualidade dos vegetais

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

Pode-se dizer que a tecnologia desenvolvida pelo engenheiro ambiental Aderlânio da Silva Cardoso, da Universidade Federal de Tocantins, é duplamente verde: além de desembocar num combustível renovável, ela ainda aproveita resíduos que, sem esse uso, seriam simplesmente descartados.
Quando ainda era estudante de graduação, ele conseguiu produzir biodiesel a partir de algas usadas para tratar esgoto numa estação da cidade de Palmas. Elas seriam lançadas num córrego nas proximidades.
A ideia lhe rendeu o 3º lugar numa das categorias do prêmio Jovem Cientista, um dos mais importantes do país na área, e R$ 7.000 no bolso.
As microalgas são produtoras de lipídeos (moléculas de gorduras), substâncias comumente utilizadas na obtenção de biodiesel. "Ao todo, 16% da composição dessas algas é óleo", conta.
Disso, já se sabia. Mas o processo de extração do óleo dessas algas microscópicas foi uma novidade.
Elas foram coletadas e submetidas a uma mistura de solventes orgânicos para que o seu óleo se separasse. O que resta de água é evaporado e, então, o biodiesel pode ser produzido.
O processo ficou bem mais barato do que aqueles que precisam cultivar as microalgas e necessitam de equipamentos como centrifugadoras, tanques e reatores para produzir o biodiesel.
"Há pouca literatura nacional, e a maioria das hipóteses pesquisadas teve o uso de metodologias estrangeiras para produzir biodiesel de algas", explica Cardoso.

QUALIDADE VEGETAL
Além de mais barato, e de usar aquilo que seria jogado fora, o biodiesel das microalgas é uma alternativa ao óleo vegetal. Atualmente, 80% da produção brasileira de biodiesel vêm do óleo de soja (cuja demanda é grande e cresce 3,6% ao ano).
A qualidade do óleo das algas para produção de combustível, para Cardoso, é semelhante à dos vegetais.
"Ainda é possível obter outros produtos, como o etanol, biogás e hidrogênio, a partir dessas microalgas", afirma o engenheiro ambiental. Ele seguiu com essa linha de pesquisa no mestrado.
"Meu trabalho é uma oportunidade de mostrar que na região Norte temos bons pesquisadores, professores e instituições", diz Cardoso.
O prêmio será entregue a ele e aos demais contemplados no dia 17 de novembro. Depois disso, o pesquisador espera que alguma empresa se anime a trazer sua ideia para o mercado.

01 novembro 2010

Direto do Terra: Votos do Nordeste viram polêmica no Twitter

Votos do Nordeste viram polêmica no Twitter

A escolha de Dilma Rousseff como primeira mulher presidente do Brasil pode ajudar a enterrar o preconceito de gênero na política, conforme acreditam alguns especialistas. Porém, há um outro tipo de preconceito que foi reanimado logo após o final das eleições: Foi o preconceito entre as regiões brasileiras. Pelo menos este foi o sentimento que se percebeu nas redes sociais, logo após que o resultado foi divulgado pelo TSE.

A polêmica

A vitória de Dilma foi garantida pelos votos das regiões Norte e Nordeste. Por conta disso, alguns internautas, principalmente pelo Twitter, passaram a creditar a vitória de Dilma à votação nessas regiões.

O principal sintoma da polêmica em torno dos votos da região Norte e Nordeste foi a hashtag #nordestisto, que ganhou os Trending Topics do Twitter e ficou no topo da lista de assuntos mais comentados durante toda a manhã desta segunda (1). Entre os assuntos também estavam as expressões Norte/Nordeste e Sul/Sudeste.

Ao que tudo indica, a expressão “nordestisto” veio de uma mensagem de um usuário postada no Twitter que incitava a violência às pessoas que nasceram no Nordeste e que se mudaram para São Paulo. No tweet, estava escrito: “Nordestisto (sic) não é gente, faça um favor a Sp, mate um nordestino afogado!“,

A mensagem viralizou na rede, mas a conta desapareceu na manhã do dia seguinte às eleições. Muitas pessoas, revoltadas com o teor do tweet, registraram a mensagem e passaram a denunciá-la como preconceito.

No tweet printado e veiculado através do TwitPic, o usuário chama nordestino de "nordestisto", palavra que ganhou os Trending Topics

E não foi apenas um usuário que captou a mensagem. Encontramos cerca de três perfis na ferramenta TwitPic, que troca fotos pelo Twitter, que continham a imagem de tela com o tweet acima. De acordo com o TwitPic, as fotos chegavam a acumular mais de 11 mil visualizações cada.

Na metade da manhã desta segunda, a conta do autor da mensagem aparecia como “inexistente” no Twitter. Perfis do mesmo usuário em outras redes sociais também foram apagados ou bloqueados para acessos de pessoas que não fizessem parte de sua rede direta de amigos.

Em um post neste blog, que captou as mensagens do usuário deixadas em várias redes sociais, pode-se constatar o contexto da hashtag com o resultado das eleições.

No coro do preconceito

Esta não estava sozinha no coro da agressão à região Nordeste. Conseguimos captar várias mensagens com teor agressivo. Há tanto tweets com a hashtag #nordestisto quanto mensagens relacionadas diretamente aos nordestinos:

Reação imediata

Um dos motivos que manteve a hashtag nos Trending Topics foi justamente a reação de tuiteiros ao preconceito ao voto do povo daquela região. Entre os tweets, muitos nordestinos manifestaram “orgulho” e lamentaram o “ódio destilado” das agressões.

A manifestação de apoio não foi só de nordestinos. Tuiteiros do Sul do Brasil também se solidarizaram ao momento.

O gráfico abaixo mostra que a grande discussão em torno da hashtag, tanto de comentários raivosos quanto de reação e acusação de preconceito, ocorreram na madrugada do dia 1º de novembro, logo após a eleição.

No início da tarde desta segunda (1), o perfil da Rede Mobiliza, ligada à campanha tucana, manifestou-se a respeito deste buzz no Twitter:

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Filipe Speck, Giane Laurentino e Ivan Guevara

25 outubro 2010

Mais da "turma do bem"

Acho muito suspeito, para dizer o mínimo, que esse assunto não venha sendo tratado pela Mídia com a atenção que é dispensada a outros temas.

O caso da suposta agressão ao Serra vem tendo uma cobertura muito maior. Por que, hein?!

Paulo Preto levava R$ 11,2 mil na roupa ao ser preso

Reprodução/Revista Época

Trecho do Boletim de Ocorrência lavrado por acasião da prisão de Paulo Preto

Paulo Viera de Souza, o Paulo Preto, é um engenheiro de hábitos faustosos. Em junho, cometeu uma extravagância que lhe rendeu quase 48 horas de cadeia.

O documento acima (Boletim de Ocorrência número 3.264/2010) contém os detalhes da desventura do ex-diretor da Dersa, a estatal rodoviária de São Paulo.

Deve-se ao repórter Walter Nunes, de ‘Época’, a exposição da cópia. Obteve-a no 15º Distrito Policial de São Paulo.

Foi numa cela desse distrito que se hospedou Paulo Preto, a contragosto, entre a noite do dia 12 e a tarde do dia 14 de junho.

Ao ser detido, Paulo Preto levava consigo R$ 11.242. Dinheiro vivo. Abaixo, um resumo do que sucedeu:

1. No dia 12 de junho, Paulo Preto foi ao meio-fio decidido a adquirir uma joia. Um presente para a mulher, pela passagem do Dia dos Namorados.

2. Dirigindo seu automóvel, uma BMW Z4 preta (coisa de R$ 130 mil), Paulo Preto foi à presença do comerciante Musab Asmi Fatayer.

3. Encantou-se por um bracelete salpicado de brilhantes. Dispôs-se a pagar R$ 20 mil pelo mimo. Antes, exigiu a avaliação de um especialista.

4. Junto com Musab, o mercador de joias, Paulo Preto foi ao Shopping Iguatemi, um dos endereços mais chiques da capital paulista.

5. A dupla se dirigiu a uma loja da joalheria Gucci. Exibiram o bracelete, para que fosse aferida a autentidade dos brilhantes e estimado o preço.

6. Súbito, deu-se o inesperado. Os funcionários da joalheria constataram que a joia pertencia à Gucci. Fora furtada da loja no mês anterior.

7. Acionada, a polícia deu voz de prisão ao ex-diretor da Dersa e ao comerciante. Prisão em flagrante.

8. No instante em que foi em cana, Paulo Preto carregava R$ 11.242. Nos bolsos do casaco, R$ R$ 8.500. Nos da calça, R$ 2.742. Musad portava R$ 1.614.

9. Levados à presença da delegada Nilze Baptista Scapulatiello, os presos foram inquiridos.

10. Conta o boletim de Ocorrência que Paulo Preto disse que “estava comprando o tal objeto [o bracelete] da pessoa de Musab por R$ 20 mil”.

11. Musab disse à delegada que comprara a joia. De quem? “De um desconhecido”. Desembolsara, segundo sua versão, “R$ 18 mil”.

12. Como desgraça é coisa que não chega só, chegou à delegacia, no instante em que Paulo Preto arrostava seu infortúnio, o deputado Celso Russomano (PP-SP).

13. Rival do tucanato e aliado da antagonista de José Serra, Dilma Rousseff, o deputado fora à DP para registrar um boletim de ocorrência.

14. Russomano desentendera-se com o segurança de um edifício, que tentara impedi-lo de estacionar o carro nas proximidades da garangem do prédio.

15. O aliado de Dilma pinta a cena que testemunhou com cores vivas: “Quando eu cheguei à delegacia, Paulo Preto tinha acabado de ser preso...”

“...A delegada estava sofrendo a maior pressão. Estava todo mundo ligando para ela: delegado, delegado seccional, delegado regional...”

“...O diretor do Decap [Departamento de Polícia Judiciária da Capital], delegado-geral de polícia, desembargador, todo mundo pedindo para soltar o cara”.

16. O deputado diz ter decidido fazer, ele próprio, pressão sobre a delegada. No seu caso, pressão para que Paulo Preto permanecesse no xilindró.

“Eu falei para ela: a senhora não pode fazer isso. Vai responder por crime de prevaricação. A senhora vai explicar o quê para os clientes?...”

“...Que ele está de boa-fé? Como ele está de boa-fé comprando uma joia furtada com dinheiro na meia, no casaco, na camisa?”

17. Nesse ponto, o relato de Russomano extrapola o boletim de ocorrência, que não fala em “dinheiro na meia” e “na camisa”.

18. Advogado de Paulo Preto, José Luiz de Oliveira Lima desdiz Russomano: “Não teve pressão nenhuma. Como advogado, argumentei com a delegada”.

Telefonema, diz o doutor, só de um desembargador, “primo do Paulo”, interessado em “saber o que estava acontecendo”. De resto, nada de numerário na meia.

19. Uma curiosidade: José Luiz, o advogado de Paulo Preto, é também defensor do grão-petista José Dirceu no processo do mensalão, que corre no STF.

20. Após usufurir das facilidades do 15º DP por um final de semana, Paulo Preto e Musab foram soltos na tarde do dia 14, uma segunda-feira. Liberou-os um juiz.

21. Em 13 de outubro, ao julgar habeas corpus ajuizado pelo doutor José Luiz, o desembargador Francisco Menin, do TJ-SP, suspendeu a ação por receptação de jóia roubada.

A eventual reabertura do caso depende agora da análise de recurso em que Paulo Preto pede a extinção do processo.

Escrito por Josias de Souza às 05h30

24 outubro 2010


Não gosto de tentar influenciar o voto de ninguém, especialmente com argumentos que fogem da esfera do programa de governo e têm mais a ver com noticiário policial. Mas como nesses meses o fluxo de e-mails de tom acusatório e/ou de teor moralista cresceu muito, resolvi reservar essa última semana para dar um contraponto a esse tipo de informação para tentar mostrar que, infelizmente, no nosso país roubalheira tem para todos os lados. Não é exclusividade desse ou daquele partido ou grupo político. Se formos vasculhar esses 16 anos, além do Mensalão, Erenices e afins, teremos de lembrar da compra de votos para a reeleição, o Daniel Dantas ou, pior, a corrupção do processo de privatização que, além de passar o patrimônio público a preço de banana e com financiamento público, rendeu comissões pomposas para senhores como Sérgio Mota e L C Mendonça de Barros _ grandes expoentes dos tucanos.

Sendo assim, acho que chegou a hora de discutir os rumos da Educação
(será que colocar duas professoras em sala de aula _ganhando uma miséria! _ é suficiente?), da Saúde (priorizar policlínicas em demérito do Saúde da Família), da Economia (dar 10% de reajuste aos aposentados em um cenário de Previdência super-deficitária, aumentar o mínimo acima da inflação e do crescimento econômico e dobrar o B Família, pagando inclusive um 13º gerariam um rombo de mais de R$ 40 bi, isso é coisa de gente séria e competente?!).
Por fim, lançar mão de um tema como a legalização do aborto que sequer é uma incumbência do Presidente da República e lançar uma Cruzada (sim, esse é o termo) contra a candidatura adversária é coisa de alguém "do bem"?



Na Dersa, Paulo Preto deixou empreiteira mudar obra

Rodrigo Capote/Folha
Convertido em estrela da propaganda de Dilma Rousseff, contra José Serra, Paulo Vieira de Souza tomou uma decisão controversa quando era diretor da Dersa.

Mal assumira a diretoria de Engenharia da estatal que cuida das obras viárias de São Paulo, o personagem levou o jamegão a uma alteração contratual.

Paulo Preto, como é conhecido, autorizou as empreiteiras do Rodoanel, menina dos olhos do então governador José Serra, a modificarem o projeto da obra.

Quem conta é o repórter Alencar Izidoro, na Folha. Deu-se o seguinte:

1. Ligado ao senador eleito Aloysio Nunes (PSDB-SP), na época chefe da Casa Civil de Serra, Paulo Preto virou diretor de Engenharia da Dersa em 24 de maio de 2007.

2. No dia seguinte, assinou, junto com o então presidente da Dersa, Thomaz de Aguino Neto, o documento que levou à alteração dos contratos do Rodoanel.

3. Antes da mudança, vigoravam as regras fixadas na gestão do tucano Geraldo Alckmin, antecessor de Serra no governo paulista.

4. Por essas regras, as faturas das empreiteiras eram calculadas pelo serviço executado, pela quantidade e qualidade do material usado na obra.

5. Com a alteração contratual, as empresas passaram a receber um “preço fechado”: R$ 2,5 bilhões. Na prática, foram autorizadas a usar materiais mais baratos.

6. Em troca, as empreiteiras comprometeram-se a apressar a obra. Serra queria entregar o “trecho sul” até abril de 2010, quando iria à campanha presidencial.

7. Dois anos depois, o Ministério Público Federal concluiria que a mexida contratual tornara impossível saber se os pagamentos correspondiam ao executado.

8. Como há verbas federais no empreendimento, o TCU decidiu auditá-lo. E farejou "alterações significativas".

9. Entre as mudanças, anota o relatório do TCU, a "adoção de alternativas de menor custo em relação ao originalmente licitado".

10. Mencionou-se, por exemplo, a troca de concreto moldado no local da obra por pré-moldado, "muito mais barato".

11. Para a Dersa, a diferença foi apenas estética. A estatal alegou, de resto que a alteração do contrato proporcionou uma economia de R$ 100 milhões ao Estado.

12. Meia verdade. As empreiteiras beliscaram da Dersa, em setembro de 2009, um pagamento extra de R$ 264 milhões. Algo incompatível com o “preço fechado”.

13. As empresas queriam mais: R$ 500 milhões. A Procuradoria interveiopara fixar um limite.

Para evitar que a Dersa fizesse “pagamentos indevidos”, firmou-se, com a intermediação dos procuradores, um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta).

14. Ouvido, Paulo Preto disse que não há irregularidades na obra do Rodoanel. Ao contrário. Alega que a alteração de 2007 foi vantajosa para o Estado.

15. A posição do ex-diretor é corroborada pela Dersa. Paulo Preto e a estatal afirmam que agiram inspirados em decreto assinado por Serra em janeiro de 2007.

16. Nesse decreto, editado no primeiro mês de sua gestão, Serra determinou que fossem reavaliados os contratos em vigor.

17. E quanto ao pagamento extra de R$ 264 milhões? Paulo Preto e a Dersa sustentam que houve "fatos supervenientes". Quais? Serviços novos.

18. Responsável por um pedaço da obra, o consórcio Camargo Corrêa/Serveng alega que, considerando-se o porte da obra, os aditivos de preço foram regulares.

19. O consórcio Arcosul, da Odebrecht, diz que as dúvidas levantadas pelo TCU foram todas esclarecidas. Outros consórcios abstiveram-se de comentar.

20. Afastado da Dersa em abril, dias depois de Serra ter mergulhado na disputa presidencial, Paulo Preto virou manchete em agosto.

21. Foi às páginas de IstoÉ em posição constrangedora. Informou-se deu sumiço em R$ 4 milhões de um suposto caixa dois da campanha de Serra.

22. Paulo Preto nega o malfeito. Ajuizou uma queixa-crime contra a revista e os tucanos que foram citados como fonte.

23. Emparedada pelo Erenicegate, Dilma Rousseff enxergou em Paulo Preto uma oportunidade de campanha. Usa-o para arrastar Serra à arena dos malfeitos.

24. A exemplo do ex-auxiliar, Serra nega que Paulo Preto tenha sumido com um pedaço das arcas de sua campanha.

25. Dilma não se dá por achada. Gruda em Paulo Preto a Operação Castelo de Areia, na qual o ex-diretor da Dersa figuraria como beneficiário de propinas da Camargo Corrêa.

26. Paulo Preto responde que não foi indiciado pela PF. Os processos da Castelo de Areia foram sustados por uma liminar do STJ.

27. Alvejado por Dilma, Paulo Preto pediu ao TSE que lhe concedesse direito de Resposta. O tribunal negou.

Alegou-se que, não sendo candidato, o engenheiro não pode freqüentar o horário eleitoral. Deve buscar reparação em outra instância do Judiciário, não na eleitoral.

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Escrito por Josias de Souza às 06h33