Como esperado, Cinema lotado. Lá se vão 16 anos desde aquela fatídica curva "Tamburello" que levou, mais que o maior piloto da História, o grande ídolo de toda uma geração.
Os anos 80 e início dos 90 foram marcados pelo fim da Ditadura, Plano Cruzado, Plano Verão, inflação galopante, desemprego em massa, derrotas no futebol, enfim, duas décadas perdidas... ôpa, perdida "vírgura", foram os "anos Senna"!
Não esqueço do primeiro dia em que ele empunhou a bandeira brasileira de dentro do carro logo após uma vitória _ marca registrada do campeão. Foi logo após a eliminação da Seleção de 86 pela França, naquele mesmo jogo em que o Zico perdeu um pênalti. Disse ao final da corrida que a ideia era levantar o moral do povo brasileiro após aquela derrota _ nos tempos em que ainda chorávamos as derrotas em Copas.
E foi isso que ele fez. O choro da véspera virou felicidade e orgulho. Nascia ali o ídolo Ayrton Senna!
Aquele sujeito tímido e franzino mas extremamente determinado _ e até um pouco mimado ao não ser muito afeito a algumas críticas _ entrou de vez no coração do brasileiro. Ele personificava o Brasil que dava certo, que brilhava mundo afora e fazia questão de mostrar ao Velho Mundo de onde vinha. Senna mostrou ao finado Nelson Rodrigues que nem todo brasileiro sofre da "Síndrome do vira-latas"!O tempo passava, as vitórias épicas, pole positions, ultrapassagens e, finalmente, campeonatos chegavam cada vez com mais frequência. Com elas algumas inimizades como Nelson Piquet e, claro, Alain Prost o arqui-inimigo. Desentendimentos eram tornados públicos, especialmente com Prost e seu "padrinho" o todo poderoso dirigente da FIA Jean Marie Balestre.
Senna, porém, a despeito de seu temperamento, era cada vez mais visto pelo grande público como um sujeito humilde, religioso e de um talento ímpar. A F1 nunca foi tão popular. Senna já era mais adorado no Brasil que Pelé e Roberto Carlos. Surgia ali o mito.
Tudo terminou na sétima volta do GP de San Marino de 94. Terminou? De jeito nenhum, o heroi foi abatido em "combate", morreu na liderança. Surgia ali a lenda Ayrton Senna!
A adoração a Senna acabou por sufocar as carreiras de seus sucessores, especialmente de Barrichello. Não duvido que passe o mesmo ao Massa. Essa é a parte cruel do legado do campeão.O filme foi para mim como entrar em um túnel do tempo. Tempos de bolinha de gude na praça, quebrar farol de carro jogando futebol na rua, subir no pé de ameixas, ouvir Legião, Paralamas, U2, assistir He-man ou Smurfs na TV... ou, melhor ainda, ouvir a "Música da Vitória"! Mesmo com o mala do Galvão Bueno ao fundo... rs
http://www.youtube.com/watch?v=_rn2AlUtiP8