Não gosto de tentar influenciar o voto de ninguém, especialmente com argumentos que fogem da esfera do programa de governo e têm mais a ver com noticiário policial. Mas como nesses meses o fluxo de e-mails de tom acusatório e/ou de teor moralista cresceu muito, resolvi reservar essa última semana para dar um contraponto a esse tipo de informação para tentar mostrar que, infelizmente, no nosso país roubalheira tem para todos os lados. Não é exclusividade desse ou daquele partido ou grupo político. Se formos vasculhar esses 16 anos, além do Mensalão, Erenices e afins, teremos de lembrar da compra de votos para a reeleição, o Daniel Dantas ou, pior, a corrupção do processo de privatização que, além de passar o patrimônio público a preço de banana e com financiamento público, rendeu comissões pomposas para senhores como Sérgio Mota e L C Mendonça de Barros _ grandes expoentes dos tucanos.
Sendo assim, acho que chegou a hora de discutir os rumos da Educação
(será que colocar duas professoras em sala de aula _ganhando uma miséria! _ é suficiente?), da Saúde (priorizar policlínicas em demérito do Saúde da Família), da Economia (dar 10% de reajuste aos aposentados em um cenário de Previdência super-deficitária, aumentar o mínimo acima da inflação e do crescimento econômico e dobrar o B Família, pagando inclusive um 13º gerariam um rombo de mais de R$ 40 bi, isso é coisa de gente séria e competente?!).
Por fim, lançar mão de um tema como a legalização do aborto que sequer é uma incumbência do Presidente da República e lançar uma Cruzada (sim, esse é o termo) contra a candidatura adversária é coisa de alguém "do bem"?
Na Dersa, Paulo Preto deixou empreiteira mudar obra
Rodrigo Capote/Folha
Convertido em estrela da propaganda de Dilma Rousseff, contra José Serra, Paulo Vieira de Souza tomou uma decisão controversa quando era diretor da Dersa.
Mal assumira a diretoria de Engenharia da estatal que cuida das obras viárias de São Paulo, o personagem levou o jamegão a uma alteração contratual.
Paulo Preto, como é conhecido, autorizou as empreiteiras do Rodoanel, menina dos olhos do então governador José Serra, a modificarem o projeto da obra.
Quem conta é o repórter Alencar Izidoro, na Folha. Deu-se o seguinte:

1. Ligado ao senador eleito Aloysio Nunes (PSDB-SP), na época chefe da Casa Civil de Serra, Paulo Preto virou diretor de Engenharia da Dersa em 24 de maio de 2007.
2. No dia seguinte, assinou, junto com o então presidente da Dersa, Thomaz de Aguino Neto, o documento que levou à alteração dos contratos do Rodoanel.
3. Antes da mudança, vigoravam as regras fixadas na gestão do tucano Geraldo Alckmin, antecessor de Serra no governo paulista.
4. Por essas regras, as faturas das empreiteiras eram calculadas pelo serviço executado, pela quantidade e qualidade do material usado na obra.
5. Com a alteração contratual, as empresas passaram a receber um “preço fechado”: R$ 2,5 bilhões. Na prática, foram autorizadas a usar materiais mais baratos.
6. Em troca, as empreiteiras comprometeram-se a apressar a obra. Serra queria entregar o “trecho sul” até abril de 2010, quando iria à campanha presidencial.
7. Dois anos depois, o Ministério Público Federal concluiria que a mexida contratual tornara impossível saber se os pagamentos correspondiam ao executado.
8. Como há verbas federais no empreendimento, o TCU decidiu auditá-lo. E farejou "alterações significativas".
9. Entre as mudanças, anota o relatório do TCU, a "adoção de alternativas de menor custo em relação ao originalmente licitado".
10. Mencionou-se, por exemplo, a troca de concreto moldado no local da obra por pré-moldado, "muito mais barato".
11. Para a Dersa, a diferença foi apenas estética. A estatal alegou, de resto que a alteração do contrato proporcionou uma economia de R$ 100 milhões ao Estado.
12. Meia verdade. As empreiteiras beliscaram da Dersa, em setembro de 2009, um pagamento extra de R$ 264 milhões. Algo incompatível com o “preço fechado”.
13. As empresas queriam mais: R$ 500 milhões. A Procuradoria interveiopara fixar um limite.
Para evitar que a Dersa fizesse “pagamentos indevidos”, firmou-se, com a intermediação dos procuradores, um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta).
14. Ouvido, Paulo Preto disse que não há irregularidades na obra do Rodoanel. Ao contrário. Alega que a alteração de 2007 foi vantajosa para o Estado.
15. A posição do ex-diretor é corroborada pela Dersa. Paulo Preto e a estatal afirmam que agiram inspirados em decreto assinado por Serra em janeiro de 2007.
16. Nesse decreto, editado no primeiro mês de sua gestão, Serra determinou que fossem reavaliados os contratos em vigor.
17. E quanto ao pagamento extra de R$ 264 milhões? Paulo Preto e a Dersa sustentam que houve "fatos supervenientes". Quais? Serviços novos.
18. Responsável por um pedaço da obra, o consórcio Camargo Corrêa/Serveng alega que, considerando-se o porte da obra, os aditivos de preço foram regulares.
19. O consórcio Arcosul, da Odebrecht, diz que as dúvidas levantadas pelo TCU foram todas esclarecidas. Outros consórcios abstiveram-se de comentar.
20. Afastado da Dersa em abril, dias depois de Serra ter mergulhado na disputa presidencial, Paulo Preto virou manchete em agosto.
21. Foi às páginas de IstoÉ em posição constrangedora. Informou-se deu sumiço em R$ 4 milhões de um suposto caixa dois da campanha de Serra.
22. Paulo Preto nega o malfeito. Ajuizou uma queixa-crime contra a revista e os tucanos que foram citados como fonte.
23. Emparedada pelo Erenicegate, Dilma Rousseff enxergou em Paulo Preto uma oportunidade de campanha. Usa-o para arrastar Serra à arena dos malfeitos.
24. A exemplo do ex-auxiliar, Serra nega que Paulo Preto tenha sumido com um pedaço das arcas de sua campanha.
25. Dilma não se dá por achada. Gruda em Paulo Preto a Operação Castelo de Areia, na qual o ex-diretor da Dersa figuraria como beneficiário de propinas da Camargo Corrêa.
26. Paulo Preto responde que não foi indiciado pela PF. Os processos da Castelo de Areia foram sustados por uma liminar do STJ.
27. Alvejado por Dilma, Paulo Preto pediu ao TSE que lhe concedesse direito de Resposta. O tribunal negou.
Alegou-se que, não sendo candidato, o engenheiro não pode freqüentar o horário eleitoral. Deve buscar reparação em outra instância do Judiciário, não na eleitoral.
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Escrito por Josias de Souza às 06h33