Eleição, na teoria, era para ser uma disputa entre ideias diferentes, representadas por partidos e candidatos diferentes, apresentadas aos eleitores para que eles escolham o que acha melhor para sua cidade, estado, país, edifício, clube de futebol, ou presidente da associação de boliche do bairro. 
Numa eleição em dois turnos, existe a vantagem extra de a gente poder olhar para várias escolhas, tipo gôndola em hipermercado, testar, cheirar, sacudir, colocar e tirar do carrinho, antes de eliminar a todos menos dois. Esses, agora finalistas, recebem tempo extra na tevê e toda a atenção do mundo para que deixem claro a que vieram, o que propõem, que planos mirabolantes podem ter para salvar a cidade do abismo, enfim, governar. 
 
E para governar essa muita coisa chamada São Paulo, temos os candidatos José Serra em um canto do ringue, e Fernando Haddad do outro. Fortes candidatos, com fortes biografias, fortes apoios, e nada que diga que um ou outro, qual Russomanno, vieram de Marte diretamente para assustar as criancinhas no horário eleitoral. Serra e Haddad são pra valer.
 
E o que deveríamos esperar, portanto, seria o confronto entre um e outro, a comparação entre duas biografias – a de um veterano prefeito, ministro e governador versus a de um jovem e promissor ministro -, a comparação dos respectivos projetos, das respectivas visões, deles e dos seus partidos e aliados; a comparação do que a cidade ganha e perde com um e outro, para então cada eleitor ir até lá e pimba, cravar o seu voto. 
 
No entanto, quem surge querendo ser arma secreta nesse processo, vindo diretamente de algum lugar escuro e assustador onde ele vive e exercita a sua, digamos, profissão, é o nosso estimado Silas Malafaia. 
Silas Malafaia não é líder de nenhum partido, não é representante de nenhuma instituição republicana, não é um sujeito particularmente informado da vida paulistana, mas, por algum motivo que me escapa, se sente em condição de vir até aqui para definir a eleição para prefeito da maior cidade do Brasil. Mais: bom cristão, Malafaia cristãmente anuncia que vai arrebentar Haddad. Arrebentar, caros leitores eleitores.