Desculpa aí! Mais importante do que ser a maior é ser a MELHOR!
Mais de 40% dos jogadores ouvidos em pesquisa apontam Fiel como a massa que mais pressiona nos estádios
A
menos de um minuto do início da partida, sobe a escada uma fila de
corintianos. À esquerda, um jovem faz o sinal da cruz três vezes antes
de enxergar o gramado do Pacaembu. No centro, o pai leva duas crianças, a
menina no colo. E à direita, um casal de idosos caminha apressadamente
(a senhora passos à frente) para não perder nem um instante do jogo. O
grupo caminha para se juntar a quase 15 mil torcedores na estreia do
time no Campeonato Brasileiro.
O
ritual se repete inúmeras vezes por ano. A Fiel tem orgulho em bater no
peito e dizer que é diferente das outras torcidas. Os rivais garantem
que é balela. Que tal, então, perguntar a quem está em campo. Na
pesquisa realizada pelo GLOBOESPORTE.COM
em parceria com a revista “Monet” com mais de 300 jogadores, a torcida
corintiana foi eleita a mais temida por 142 boleiros. Votação
surpreendente, sobretudo pela vantagem sobre a maior do país: os flamenguistas foram citados somente 42 vezes.
No
último domingo, o Corinthians iniciou a defesa do título nacional
contra o Fluminense, assim como a nação alvinegra tem de defender um
tricampeonato: nos últimos dois anos, o clube teve a melhor média de
público da competição. O começo não foi dos mais promissores. Em campo, o
time reserva perdeu para os também suplentes cariocas, já que ambos
priorizam a disputa da Taça Libertadores. Nas arquibancadas, muitos
também se pouparam para o duelo contra o Vasco, na quarta-feira. Foram
14.797 pagantes, bem menos do que as médias de 29.424 do ano passado e
27.446, de 2010.
O
clube paulista passou a investir ainda mais na relação com seus
fanáticos desde o fim de 2007, com a tragédia do rebaixamento para a
Série B do Brasileirão. Na ocasião, criou o lema “Eu nunca vou te
abandonar” e obteve sucesso. As ações de marketing, a aposta em nomes
consagrados como Ronaldo, em 2009, e um eficiente sistema de venda de
ingressos pela internet fizeram os públicos crescerem.
- É um vício saudável - resume Vinícius, 20 anos, integrante de uma das torcidas uniformizadas.
Entre
tantos hits criados pelos compositores das arquibancadas, o “Aqui tem
um bando de loucos” é o de maior sucesso. Loucos mesmo. A ponto de
obrigarem (sem agressão física, pelo menos no último domingo) dois
torcedores desavisados a tirarem as blusas verdes, cor do arquirrival
Palmeiras (veja no vídeo acima).
Durante
o jogo, o canto até que durou bom tempo, mas foi sendo abafado pelo
desinteresse da equipe. O atacante Willian era o principal alvo, embora
nenhum protesto tenha ocorrido. Apenas a esperança de que na
quarta-feira tudo seja diferente.
-
A nossa torcida é diferente. Nenhuma no Brasil ajuda tanto quando o
time está mal quanto a nossa - elogia Ralf, volante que espera apoio
incondicional durante os 90 minutos no “jogo do ano” contra o Vasco.
Quem fez parte da pesquisa
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Quem não fez parte da pesquisa
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América-RN,
Atlético-GO, Atlético-MG, Atlético-PR, Barueri, Boa Esporte, Botafogo,
Bragatino, Ceará, Corinthians, Criciúma, Flamengo, Fluminense, Goiás,
Guarani, Guaratinguetá, Náutico, Ponte Preta, Portuguesa, Santos, São
Caetano, São Paulo e Sport.
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ABC,
América-MG, Bahia,
CRB,
Cruzeiro, Figueirense, Grêmio, Internacional, Ipatinga, Palmeiras, Vasco e Vitória.
Os questionários dos jogadores de ASA, Avaí, Coritiba, Joinville e Paraná não chegaram em tempo de entrar na pesquisa.
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No
questionário enviado aos jogadores, o somatório de todas as respostas
que citam as outras torcidas não se iguala ao número de votos dedicados
aos alvinegros (sem contar os 69 que não responderam). Depois de
Corinthians e Flamengo, vêm Sport, Grêmio e Atlético-PR. Razão ainda
maior de orgulho para a Fiel é o fato de os rivais terem recebido
votação inexpressiva. O São Paulo teve seis menções, contra quatro do
Santos e uma do Palmeiras (registre-se que os jogadores palmeirenses não
participaram da pesquisa).
Para
Paulinho, parceiro de Ralf no meio de campo, a presença de alvinegros
em todos os cantos do país foi fundamental para que companheiros de
outros times coroassem a torcida.
- Sempre tem muita gente, dentro e fora de casa, e eles cantam muito. Ajudam mesmo – decreta.
É
nessa força que vem do lado de fora que o Corinthians aposta para
vencer o Vasco nesta quarta, voltar a disputar uma semifinal de
Libertadores e enlouquecer ainda mais o bando de loucos que o Brasil
respeita.

