ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO
Menos crescimento e mais inflação. Essa será a consequência para o Brasil caso a crise na Líbia resulte em um choque de oferta que leve a uma alta forte e duradoura do preço do petróleo.
Nem a bola de cristal mais certeira do mundo analítico pode, no momento, cravar se isso irá ou não acontecer.
É cedo demais para arriscar qualquer palpite.
Mas, independentemente da Líbia, o Brasil pode estar caminhando neste ano para cenário de crescimento bem mais fraco em ambiente de inflação alta.
Dados como ritmo menor de concessão de crédito, taxas de juros mais altas nos empréstimos e ligeiro desaquecimento do mercado de trabalho apontam para desaceleração econômica.
Com isso, há uma rodada de revisões para baixo do crescimento da economia em curso. A LCA Consultores acaba de rever sua projeção de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) em 2011 de 4,3% para 3,6%.
Essa é provavelmente uma das previsões mais baixas do mercado no momento. Mas há outras na casa de 4% e um pouco menos.
Dependendo dos resultados da produção industrial de dezembro passado e do PIB do quarto trimestre de 2010 -que serão divulgados na próxima semana-, as expectativas podem cair mais.
A dúvida é em que medida e ritmo a desaceleração econômica se traduzirá em menos pressão inflacionária.
Mesmo que o consumo enfraqueça a reboque de corte de gastos do governo, menor crescimento da renda e maior desemprego, há outros riscos para a inflação.
Este será, por exemplo, um ano de muitos reajustes automáticos de serviços com base na inflação passada. Analistas também dizem que a alta dos preços de commodities em 2010 pode não ter sido ainda totalmente repassada ao consumidor.
Tudo isso tem causado preocupação sobre como se dará o ajuste fino entre desaceleração da economia e controle da inflação no Brasil. Líbia e petróleo podem aumentar esses temores.