22 novembro 2010

Nicolelis: Só no Brasil a educação é discutida por comentarista esportivo

Matéria aberta da Carta Capital:

Nicolelis: Só no Brasil a educação é discutida por comentarista esportivo

O neurocientista Miguel Nocolelis afirma que só donos de cursinho e aqueles que não querem a democratização do acesso à universidade podem ter algo contra o Enem

Desde o último final de semana, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Ministério da Educação (MEC) estão sob bombardeio midiático.

Estavam inscritos 4,6 milhões estudantes, e 3,4 milhões submeteram-se às provas. O exame foi aplicado em 1.698 cidades, 11.646 locais e 128.200 salas. Foram impressos 5 milhões de provas para o sábado e outros 5 milhões para o domingo. Ou seja, o total de inscritos mais de 10% de reserva técnica.

No teste do sábado, ocorreram dois erros distintos. Um foi assumido pela gráfica encarregada da impressão. Na montagem, algumas provas do caderno de cor amarela tiveram questões repetidas, ou numeradas incorretamente ou que faltaram. Cálculos preliminares do MEC indicavam que essa falha tivesse afetado cerca de 2 mil alunos. Mas o balanço diário tem demonstrado, até agora, que são bem menos: aproximadamente 200.

O outro erro, de responsabilidade do Inep, foi no cabeçalho do cartão-resposta. Por falta de revisão adequada, inverteram-se os títulos. O de Ciências da Natureza apareceu no lugar de Ciências Humanas e vice-versa. Os fiscais de sala foram orientados a pedir aos alunos que preenchessem o cartão, de acordo com a numeração de cada questão, independentemente do cabeçalho. Inep é o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, órgão do MEC encarregado de realizar o Enem.

“Nenhum aluno será prejudicado. Aqueles que tiveram problemas poderão fazer a prova em outra data”, tem garantido desde o início o ministro da Educação, Fernando Haddad. “Isso é possível porque o Enem aplica a teoria da resposta ao item (TRI), que permite que exames feitos em ocasiões diferentes tenham o mesmo grau de dificuldade.”

Interesses poderosos, porém, amplificaram ENORMEMENTE os erros para destruir a credibilidade do Enem. Afinal, a nota no exame é um dos componentes utilizados em várias universidades públicas do país para aprovação de candidatos, além de servir de avaliação parabolsa do PRO-UNI.

“Só os donos de cursinhos e aqueles que não querem a democratização do acesso à universidade podem ter algo contra o Enem”, afirma, indignado, ao Viomundo o neurocientista Miguel Nicolelis, professor da Universidade de Duke, nos EUA, e fundador do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, no Rio Grande do Norte. “Eu vi a entrevista do ministro Fernando Haddad ao Bom Dia Brasil, TV Globo. Que loucura! Como jornalistas que num dia falam de incêndio, no outro, de escola de samba, no outro, ainda, de esporte, podem se arvorar em discutir um assunto tão delicado como sistema educacional? Pior é que ainda se acham entendedores. Só no Brasil educação é discutida por comentarista esportivo!”

Nicolelis é um dos maiores neurocientistas do mundo. Vive há 20 anos nos Estados Unidos, onde há décadas existe o SAT (standart admissions test), que é muito parecido com o Enem. Tem três filhos. Os três já passaram pelo Enem americano.

Viomundo — De um total de 3,4 milhões de provas aplicadas no sábado, houve problema incontornável em menos de 2 mil. Tem sentido detonar o Enem, como a mídia brasileira tem feito? E dizer que o Enem fracassou, como um ex-ministro da Educação anda alardeando?
Miguel Nicolelis — Sinceramente, de jeito algum — nem um nem outro. O Enem é equivalente ao SAT, dos Estados Unidos. A metodologia usada nas provas é a mesma: a teoria de resposta ao item, ou TRI, que é uma tecnologia de fazer exames. O SAT foi criado em 1901. Curiosamente, em outubro de 2005, entre as milhões de provas impressas, algumas tinham problema na barra de códigos onde o teste vai ser lido. A entidade que faz o exame não conseguiu controlar, porque esses erros podem acontecer.

Viomundo — A Universidade de Duke utiliza o SAT?
Miguel Nicolelis — Não só a Duke, mas todas as grandes universidades americanas reconhecem o SAT. É quase um consenso nos Estados Unidos. Apenas uma minoria é contra. E o Enem, insisto, é uma adaptação do SAT, que é uma das melhores maneiras de avaliação de conhecimento do mundo. O teste é a melhor forma de avaliar uniformemente alunos submetidos a diferentes metodologias de ensino. É a saída para homogeneizar a avaliação de estudantes provenientes de um sistema federativo de educação, como o americano e o brasileiro, onde os graus de informação, os métodos, as formas como se dão, são diferentes.

Viomundo — Qual a periodicidade do SAT?
Miguel Nicolelis – Aqui, o exame é aplicado sete vezes por ano. O aluno, se quiser, pode fazer três, quatro, cinco, até sete, desde que, claro, pague as provas. No final, apenas a melhor é computada. Vários estudos feitos aqui já demonstraram que o SAT é altamente correlacionado à capacidade mental geral da pessoa.

Todo ano as provas têm uma parte experimental. São questões que não contam nota para a prova. Servem apenas para testar o grau de dificuldade. Assim, a própria criançada vai ranqueando as perguntas, permitindo a ampliação do banco de questões. Outra peculiaridade do sistema americano é a forma de corrigir a prova. É desencorajado o chute.

Viomundo — Explique melhor.
Miguel Nicolelis — Resposta errada perde ponto, resposta em branco, não. Por isso, o aluno pensa muito antes de chutar, pois a probabilidade de ele errar é grande. Então se ele não sabe é preferível não responder do que correr o risco de responder errado.

Viomundo – Interessante …
Miguel Nicolelis – Na verdade, o SAT é maneira mais honesta, mais democrática de avaliar pessoas de lugares diferentes, com sistemas educacionais diferentes, para tentar padronizar o ingresso. Aqui, nos EUA, a molecada faz o exame e manda para as faculdades que quer frequentar. E as escolas decidem quem entra, quem não entra. O SAT é um dos componentes para essa avaliação.

Viomundo — Aí tem cursinho para entrar na faculdade?
Miguel Nicolelis — Tem para as pessoas aprenderem a fazer o exame, mas não é aquela loucura da minha época. Era cheio de cursinho para todo lugar no Brasil. Cursinho é uma máquina de fazer dinheiro. Não serve para nada a não ser para fazer o exame. Por isso ouso dizer: só os donos de cursinho e aqueles que não querem democratizar o acesso à universidade podem ter algo contra o Enem.

Viomundo –Mas o fato de a prova ter erros é ruim.
Miguel Nicolelis — Concordo. Mas os erros vão acontecer. Em 1978, quando fiz a Fuvest (vestibular unificado no Estado de São Paulo), teve pergunta eliminada, pois não tinha resposta. Isso acontece desde o tempo em que havia exame para admissão [ao primeiro ginasial, atualmente 5ª série do ensino fundamental) na época das cavernas (risos). Você não tem exame 100% correto o tempo inteiro.

Então, algumas pessoas estão confundindo uma metodologia bem estudada, bastante conhecida e aceita há décadas, com problemas operacionais que acontecem em qualquer processo de impressão de milhões de documentos. Na dimensão em que aconteceram no Brasil está dentro das probabilidade de fatalidades.

Viomundo -- Em 2009, também houve problema, lembra-se?
Miguel Nicolelis -- No ano passado foi um furto, foi um crime. O MEC não pode ser condenado por causa de um assalto, que é uma contigência e nada tem a ver com a metodologia do teste.

Só que, infelizmente, gerou problemas operacionais para algumas universidades, que não consideraram a nota do Enem nos seus vestibulares. Isso não quer dizer que elas não entendam ou nãoaceitam o teste. As provas do Enem são muito mais democráticas, mais racionais e mais bem-feitas do que os vestibulares de qualquer universidade brasileira.
Eu fiz a Fuvest. Naquela época, era muito ruim. Não media nada. E, ainda assim, a gente teve de se sujeitar àquilo, para entrar na faculdade a qualquer custo.

Viomundo -- Fez cursinho?
Miguel Nicolelis -- Não. Eu tive o privilégio de estudar numa escola privada boa. Mas muitas pessoas que não tinham educação de alto nível eram obrigadas a recorrer ao cursinho para competir em condições de igualdade.

Mas o cursinho não melhora o aprendizado de ninguém. Cursinho é uma técnica de aprender a maximizar a feitura do exame. É quase um efeito colateral do sistema educacional absurdo que até recentemente tínhamos no Brasil. É um arremedo. É um aborto do sistema educacional que não funciona.

Viomundo -- Qual a sua avaliação do Enem?
Miguel Nicolelis -- É um avanço tremendo, porque a longo prazo a repetição do Enem várias vezes por ano vai acabar com o estresse do vestibular. Você retira o estresse do vestibular. Na minha época, e isso acontece muito ainda hoje, o jovem passava os três anos esperando aquele "monstro". De tal sorte, o vestibular transformava o colegial numa câmara de tortura. Uma pressão insuportável. Um inferno tanto para os meninos e meninas quanto para as famílias. Além disso, um sistema humilhante, porque as pessoas que não podiam frequentar um colégio privado de alto nível sofriam com o complexo de não poder competir em pé de igualdade. Por isso os cursinhos floresceram e fizeram a riqueza de tanta gente, que agora está metendo o pau no Enem. Evidentemente vários interesses estão sendo contrariados devido ao êxito do Enem.

Viomundo -- Tem muita gente pichando, mesmo.
Miguel Nicolelis -- Todo esse pessoal que picha acha que sabe do que está falando. Só que não sabe de nada. Exame educacional não é jogo de futebol. Tem metodologia, dados, história. E olha que eu adoro futebol. Sempre que estou no Brasil, vou ao estádio para assistir ao jogos do Palmeiras [Ninguém é perfeito (rs)!] O Brasil fez muito bem em entrar no Enem. É o único jeito de acabar com esse escárnio, com essa ferida que é o vestibular .

Viomundo — Nos EUA, não há vestibular para a universidade. O senhor acha que o Brasil seguirá essa tendência?
Miguel Nicolelis – Acho que sim. O importante é o seguinte. O Brasil está tentando iniciar esse processo. Quando você inicia um processo dessa magnitude, com milhões fazendo exame, é normal ter problemas operacionais de percurso, problemas operacionais. Isso faz parte do processo.

Nos Estados Unidos, as provas já são começam a ser feitas via internet. Como o Brasil em pouco tempo está avançando rapidamente, acredito que logo teremos várias provas por ano, como aqui [nos EUA, há sete, lembram-se?], e tudo por computador. O aluno se inscreve e, num dia e hora pré-determinados, vai com a sua senha a um terminal estabelecido — terá de se estabelecer uma rede – acessa e faz a prova. Será um exame só para ele. Você elimina o risco de vazamento e economiza com a impressão de provas, que custa um dinheirão.
Nós estamos caminhando para o Enem ser a moeda de troca da inclusão educacional. As crianças vão aprender que não é porque elas fazem cursinho famoso da Avenida Paulista que elas vão ter mais chance de entrar na universidade. Elas vão entrar na universidade pelo que elas acumularam de conhecimento ao longo da vida acadêmica delas. Elas vão poder demonstrar esse conhecimento sem estresse, sem medo, sem complexo de inferioridade. De uma maneira democrática.E, num futuro próximo, tanto as crianças de escolas privadas quanto as de escolas públicas vão começar a entrar nesse jogo em pé de igualdade. Aí, sim vai virar jogo de futebol.

Futebol é uma das poucas coisas no Brasil em que o mérito é implacável. Joga quem sabe jogar. Perna de pau não joga. Não tem espaço. O talento se impõe instantantaneamente.
Educação tem de ser a mesma coisa. O talento e a capacidade têm de aflorar naturalmente e todas as pessoas têm de ter a chance de sentar na prova com as mesmas possibilidades.

21 novembro 2010

Nostalgia das manhãs de domingo

Ontem fui assistir ao documentário do Senna.

Como esperado, Cinema lotado. Lá se vão 16 anos desde aquela fatídica curva "Tamburello" que levou, mais que o maior piloto da História, o grande ídolo de toda uma geração.

Os anos 80 e início dos 90 foram marcados pelo fim da Ditadura, Plano Cruzado, Plano Verão, inflação galopante, desemprego em massa, derrotas no futebol, enfim, duas décadas perdidas... ôpa, perdida "vírgura", foram os "anos Senna"!

Não esqueço do primeiro dia em que ele empunhou a bandeira brasileira de dentro do carro logo após uma vitória _ marca registrada do campeão. Foi logo após a eliminação da Seleção de 86 pela França, naquele mesmo jogo em que o Zico perdeu um pênalti. Disse ao final da corrida que a ideia era levantar o moral do povo brasileiro após aquela derrota _ nos tempos em que ainda chorávamos as derrotas em Copas.

E foi isso que ele fez. O choro da véspera virou felicidade e orgulho. Nascia ali o ídolo Ayrton Senna!
Aquele sujeito tímido e franzino mas extremamente determinado _ e até um pouco mimado ao não ser muito afeito a algumas críticas _ entrou de vez no coração do brasileiro. Ele personificava o Brasil que dava certo, que brilhava mundo afora e fazia questão de mostrar ao Velho Mundo de onde vinha. Senna mostrou ao finado Nelson Rodrigues que nem todo brasileiro sofre da "Síndrome do vira-latas"!

O tempo passava, as vitórias épicas, pole positions, ultrapassagens e, finalmente, campeonatos chegavam cada vez com mais frequência. Com elas algumas inimizades como Nelson Piquet e, claro, Alain Prost o arqui-inimigo. Desentendimentos eram tornados públicos, especialmente com Prost e seu "padrinho" o todo poderoso dirigente da FIA Jean Marie Balestre.
Senna, porém, a despeito de seu temperamento, era cada vez mais visto pelo grande público como um sujeito humilde, religioso e de um talento ímpar. A F1 nunca foi tão popular. Senna já era mais adorado no Brasil que Pelé e Roberto Carlos. Surgia ali o mito.
Tudo terminou na sétima volta do GP de San Marino de 94. Terminou? De jeito nenhum, o heroi foi abatido em "combate", morreu na liderança. Surgia ali a lenda Ayrton Senna!
A adoração a Senna acabou por sufocar as carreiras de seus sucessores, especialmente de Barrichello. Não duvido que passe o mesmo ao Massa. Essa é a parte cruel do legado do campeão.

O filme foi para mim como entrar em um túnel do tempo. Tempos de bolinha de gude na praça, quebrar farol de carro jogando futebol na rua, subir no pé de ameixas, ouvir Legião, Paralamas, U2, assistir He-man ou Smurfs na TV... ou, melhor ainda, ouvir a "Música da Vitória"! Mesmo com o mala do Galvão Bueno ao fundo... rs

http://www.youtube.com/watch?v=_rn2AlUtiP8

Site de documentários

Indicação de uma amiga minha:

Navegando neste sábado me deparei com uma preciosidade : um blog que libera os links para os melhores documentários reais...
Aproveitem sem moderação..
Bjs
Lina
Alguns títulos imperdíveis :
Super Size me (a realidade do Mac Donald's)
A carne é Fraca
Alguns dos temas de documentários que estão disponíveis:

07 novembro 2010

Microalga de esgoto pode virar biodiesel

Microalga de esgoto pode virar biodiesel

Técnica de estudante de graduação é barata e produz óleo com qualidade dos vegetais

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

Pode-se dizer que a tecnologia desenvolvida pelo engenheiro ambiental Aderlânio da Silva Cardoso, da Universidade Federal de Tocantins, é duplamente verde: além de desembocar num combustível renovável, ela ainda aproveita resíduos que, sem esse uso, seriam simplesmente descartados.
Quando ainda era estudante de graduação, ele conseguiu produzir biodiesel a partir de algas usadas para tratar esgoto numa estação da cidade de Palmas. Elas seriam lançadas num córrego nas proximidades.
A ideia lhe rendeu o 3º lugar numa das categorias do prêmio Jovem Cientista, um dos mais importantes do país na área, e R$ 7.000 no bolso.
As microalgas são produtoras de lipídeos (moléculas de gorduras), substâncias comumente utilizadas na obtenção de biodiesel. "Ao todo, 16% da composição dessas algas é óleo", conta.
Disso, já se sabia. Mas o processo de extração do óleo dessas algas microscópicas foi uma novidade.
Elas foram coletadas e submetidas a uma mistura de solventes orgânicos para que o seu óleo se separasse. O que resta de água é evaporado e, então, o biodiesel pode ser produzido.
O processo ficou bem mais barato do que aqueles que precisam cultivar as microalgas e necessitam de equipamentos como centrifugadoras, tanques e reatores para produzir o biodiesel.
"Há pouca literatura nacional, e a maioria das hipóteses pesquisadas teve o uso de metodologias estrangeiras para produzir biodiesel de algas", explica Cardoso.

QUALIDADE VEGETAL
Além de mais barato, e de usar aquilo que seria jogado fora, o biodiesel das microalgas é uma alternativa ao óleo vegetal. Atualmente, 80% da produção brasileira de biodiesel vêm do óleo de soja (cuja demanda é grande e cresce 3,6% ao ano).
A qualidade do óleo das algas para produção de combustível, para Cardoso, é semelhante à dos vegetais.
"Ainda é possível obter outros produtos, como o etanol, biogás e hidrogênio, a partir dessas microalgas", afirma o engenheiro ambiental. Ele seguiu com essa linha de pesquisa no mestrado.
"Meu trabalho é uma oportunidade de mostrar que na região Norte temos bons pesquisadores, professores e instituições", diz Cardoso.
O prêmio será entregue a ele e aos demais contemplados no dia 17 de novembro. Depois disso, o pesquisador espera que alguma empresa se anime a trazer sua ideia para o mercado.

01 novembro 2010

Direto do Terra: Votos do Nordeste viram polêmica no Twitter

Votos do Nordeste viram polêmica no Twitter

A escolha de Dilma Rousseff como primeira mulher presidente do Brasil pode ajudar a enterrar o preconceito de gênero na política, conforme acreditam alguns especialistas. Porém, há um outro tipo de preconceito que foi reanimado logo após o final das eleições: Foi o preconceito entre as regiões brasileiras. Pelo menos este foi o sentimento que se percebeu nas redes sociais, logo após que o resultado foi divulgado pelo TSE.

A polêmica

A vitória de Dilma foi garantida pelos votos das regiões Norte e Nordeste. Por conta disso, alguns internautas, principalmente pelo Twitter, passaram a creditar a vitória de Dilma à votação nessas regiões.

O principal sintoma da polêmica em torno dos votos da região Norte e Nordeste foi a hashtag #nordestisto, que ganhou os Trending Topics do Twitter e ficou no topo da lista de assuntos mais comentados durante toda a manhã desta segunda (1). Entre os assuntos também estavam as expressões Norte/Nordeste e Sul/Sudeste.

Ao que tudo indica, a expressão “nordestisto” veio de uma mensagem de um usuário postada no Twitter que incitava a violência às pessoas que nasceram no Nordeste e que se mudaram para São Paulo. No tweet, estava escrito: “Nordestisto (sic) não é gente, faça um favor a Sp, mate um nordestino afogado!“,

A mensagem viralizou na rede, mas a conta desapareceu na manhã do dia seguinte às eleições. Muitas pessoas, revoltadas com o teor do tweet, registraram a mensagem e passaram a denunciá-la como preconceito.

No tweet printado e veiculado através do TwitPic, o usuário chama nordestino de "nordestisto", palavra que ganhou os Trending Topics

E não foi apenas um usuário que captou a mensagem. Encontramos cerca de três perfis na ferramenta TwitPic, que troca fotos pelo Twitter, que continham a imagem de tela com o tweet acima. De acordo com o TwitPic, as fotos chegavam a acumular mais de 11 mil visualizações cada.

Na metade da manhã desta segunda, a conta do autor da mensagem aparecia como “inexistente” no Twitter. Perfis do mesmo usuário em outras redes sociais também foram apagados ou bloqueados para acessos de pessoas que não fizessem parte de sua rede direta de amigos.

Em um post neste blog, que captou as mensagens do usuário deixadas em várias redes sociais, pode-se constatar o contexto da hashtag com o resultado das eleições.

No coro do preconceito

Esta não estava sozinha no coro da agressão à região Nordeste. Conseguimos captar várias mensagens com teor agressivo. Há tanto tweets com a hashtag #nordestisto quanto mensagens relacionadas diretamente aos nordestinos:

Reação imediata

Um dos motivos que manteve a hashtag nos Trending Topics foi justamente a reação de tuiteiros ao preconceito ao voto do povo daquela região. Entre os tweets, muitos nordestinos manifestaram “orgulho” e lamentaram o “ódio destilado” das agressões.

A manifestação de apoio não foi só de nordestinos. Tuiteiros do Sul do Brasil também se solidarizaram ao momento.

O gráfico abaixo mostra que a grande discussão em torno da hashtag, tanto de comentários raivosos quanto de reação e acusação de preconceito, ocorreram na madrugada do dia 1º de novembro, logo após a eleição.

No início da tarde desta segunda (1), o perfil da Rede Mobiliza, ligada à campanha tucana, manifestou-se a respeito deste buzz no Twitter:

-

Filipe Speck, Giane Laurentino e Ivan Guevara