27 junho 2010
26 junho 2010
Vice faz campanha de Serra desandar
Vice faz campanha de Serra desandar
Os tucanos tiveram mais de seis meses para achar um vice na chapa de José Serra. Desde que Aécio Neves jogou o boné e tirou o time da disputa presidencial, no final do ano passado, e descartou qualquer possibilidade de ser o vice de Serra, esta novela frequentou o noticiário político.
Dezenas de nomes foram cogitados, até o de uma vereadora que é presidente do Flamengo, mas o candidato não se fixou em nenhum deles, deixando a decisão para a última hora.
A quatro dias do prazo fatal para indicar o nome do vice, o país ficou sabendo da indicação do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pelo Twitter do aliado petebista Roberto Jefferson, bem na hora do jogo do Brasil contra Portugal. Nem os roteiristas do “Zorra Total” ou do Renato Aragão, nem mesmo os marqueteiros dos adversários seriam capazes de montar tamanha sequência de trapalhadas.
A escolha do nome de Álvaro Dias se deu por eliminação, na noite de quinta-feira, numa reunião de José Serra com Sergio Guerra e Jutahy Magalhães, fiéis escudeiros do candidato. Consultados, os aliados PPS e PTB logo aprovaram a indicação, mas se esqueceram de combinar com o DEM, o principal partido da coligação, que só ficou sabendo da novidade pelo Twitter de Jefferson. Seus principais líderes botaram a boca no mundo e, a partir daí, a coisa desandou de vez.
Dava um filme, uma comédia de pastelão político. A seleção brasileira já estava em campo, quando Jefferson parou sua moto para abastecer no interior de Minas, a caminho de Tiradentes, onde iria participar de um encontro de motoqueiros, quando foi informado pelo celular por Guerra, e imediatamente jogou a notícia no ar.
Em Bragança Paulista, onde assistiria ao jogo do Brasil ao lado de Alckmin e Quércia, a cadeira reservada para Serra ficou vazia até os 12 minutos do segundo tempo, quando o candidato apareceu. Ao final, fez comentários sobre o jogo, mas nada falou sobre a escolha do vice. Jogou o abacaxi para Sergio Guerra.
Depois do jogo, cada um foi para um lado. Serra seguiu de helicóptero para Campinas e, de lá, voou para Parintins, nos confins da Amazonia. Sergio Guerra foi ao Rio para pegar Rodrigo Maia, o indignado presidente do PFL, e seguir com ele para Sergipe, onde iriam tentar resolver mais um problema de palanque estadual. No caminho, procurariam acertar os ponteiros. Pelo jeito, não acertaram.
O indicado Álvaro Dias voou para Cuiabá, onde participaria de uma convenção do PSDB. Ao ser informado sobre o imbroglio com o principal aliado, foi logo avisando: “Se o DEM tiver que sair, antes saio eu”.
No final da noite, sem conseguir acalmar os demos, que só aceitavam Aécio Neves numa chapa puro-sangue, colaboradores de Serra já admitiam a hipótese de um recuo, segundo o noticiário da Folha. Na coluna Painel, a novela virou motivo de chacota: Álvaro já estaria sendo chamado de “vice Porcina”, o que foi sem nunca ter sido.
O estrago causado na campanha de Serra pela escolha de Álvaro Dias e a forma como seu nome foi anunciado na hora do jogo do Brasil, sem que o DEM fosse consultado, ainda levará alguns dias para ser avaliado, mas uma coisa já é certa: a aliança, que já não ia bem das pernas, foi seriamente abalada.
Por que a escolha recaiu exatamente sobre Álvaro Dias, que colocou ele mesmo seu nome na mesa das discussões, quando a questão do vice já caminhava para um impasse?
A razão apresentada pelos tucanos não poderia ser mais frágil e singela: o objetivo principal seria atrair seu irmão, o senador Osmar Dias (PDT-PR), que há semanas balança entre ser candidato à reeleição em aliança com o PSDB ou se candidatar a governsador com o apoio do PT e do PMDB. Estariam em jogo dois milhões de votos.
Na escolha do vice, sempre pesam três fatores: buscar um nome em região onde o candidato a presidente está mais fraco, atender a um partido aliado e somar mais votos para a chapa. No caso de Dias, nenhum dos três foi atendido, já que se partiu para uma chapa puro-sangue, com algúem de uma região (Sul) onde Serra já lidera as pesquisas e de um Estado (Paraná) com colégio eleitoral limitado.
Na nota de apenas três linhas em que oficializou o nome de Álvaro Dias, já no final do dia, em Sergipe, Sergio Guerra o apresentou como “um senador de grande coerência e capacidade”. Já em Partintins, José Serra nada disse: “Estou fora do ar desde que embarquei”.
Antes disso, porém, o noticiário da internet já tinha dado a ficha de Álvaro Dias: expulso do PSDB em 2001, por defender a criação de uma CPI para investigar denúncias de corrupção no governo FHC, no ano seguinte ele foi candidato a governador do Paraná pelo PDT e apoiou Lula no segundo turno.
Em 2003, no começo do governo Lula, reivindicou uma embaixada na Europa e, como não foi atendido, tornou-se um dos mais ferozes opositores no Senado, com grande visibilidade no “Jornal Nacional”, onde aparece quase todo dia com sua voz de locutor de FM. Mas, se este fosse um critério, o da visibilidade na TV, a chapa William Bonner-Fátima Bernardes seria imbatível…
Assim como Dilma Roussef teve problemas na largada da campanha, apontados aqui no Balaio, José Serra chega ao meio da corrida eleitoral em seu pior momento: em queda nas pesquisas (o último Ibope deu 40 a 35 para Dilma, com a rejeição já tendo batido nos 30%), os palanques estaduais ruindo e, agora, com a trapalhada da escolha do vice ameaçando a unidade da coligação que o apóia.
Pior do que tudo isso, foi a baixaria da vereadora tucana Mara Gabrilli, que perguntou esta semana em seu Twitter: “Você confiaria seus filhos para Dilma de babá”? Se estas forem as novas armas empregadas na campanha eleitoral para desqualificar a candidata de Lula, é sinal de que já bateu o desespero no QG tucano.
Esta tática de amedrontar os eleitores, tentando fazer de Dilma uma bruxa malvada, tem tudo para dar errado, como já vimos com Regina Duarte na campanha de 2002.
Na mesma hora em que tucanos e demos se estranhavam sobre a indicação do vice, na tarde de sexta-feira, Dilma Rousseff era recebida na casa do megaempresário Abílio Diniz para um encontro com 38 mulheres representantes da chamada “elite branca” de Cláudio Lembo. Ninguém saiu de lá assustado. Ao contrário: “Foi um espetáculo”, limitaram-se a dizer duas loiras de meia-idade que saíam apressadas em seus carros, segundo a Folha.
Ainda faltam três meses para os brasileiros irem às urnas. Claro que o candidato da oposição ainda pode reverter o quadro que, no momento, lhe é bastante desfavorável. A campanha na televisão ainda nem começou. Resta saber o que José Serra terá a apresentar como novidade, além de Àlvaro Dias, tendo no outro programa Lula ao lado de Dilma.
Autor: Ricardo Kotscho - Categoria(s): Bloghttp://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/2010/06/26/vice-faz-campanha-de-serra-desandar/
Livros de ensino religioso estimulam preconceitos
Livros de ensino religioso estimulam preconceitos
As aulas de ensino religioso nas redes públicas de ensino do País utilizam livros com conteúdo preconceituoso e intolerante, afirma um estudo da Universidade de Brasília (UnB) que analisou as 25 obras temáticas mais usadas nas escolas.
Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o ensino religioso nas escolas deveria garantir "o respeito à diversidade cultural religiosa, vedadas quaisquer formas de proselitismo". Segundo a pesquisa, "Laicidade e o Ensino Religioso no Brasil", ocorre o contrário: as publicações estimulam homofobia; impõem o cristianismo (em especial o catolicismo); não destacam religiões afro-brasileiras e indígenas; ignoram pessoas sem religião e estigmatizam a pessoa com deficiência.
De acordo com a pesquisa, alguns livros relacionam o nazismo com falta de religião, afirmam que a ciência só é legítima quando "ligada à ética e a Deus" e criticam o homossexualismo.
Alguns números do levantamento comprovam o cenário alarmante. Das 192 vezes em que algum líder religioso e secular foi citado nas obras, Jesus Cristo apareceu em 81 delas. Líderes indígenas e Moisés, por exemplo, apareceram apenas uma vez cada um. As referências aos grupos religiosos também não apresentam equilíbrio. Predominam as religiões cristãs (65%).
Para Debora Diniz, coordenadora da pesquisa, falta controle do Ministério da Educação sobre os livros de ensino religioso. "O MEC avalia livros de todas as disciplinas, por que não avaliar esses? Isso abre espaço para discriminação religiosa e interfere na formação dos cidadãos."
25 junho 2010
Atuação de estrangeiros na Amazônia poderá ser monitorada
Atuação de estrangeiros na Amazônia poderá ser monitorada
Projeto de Lei do Senado é aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e segua para a Comissão de Relações Exteriores
Em breve, estrangeiros que queiram atuam em ONGs na Amazônia Legal poderão ter de pedir autorização para o Ministério da Justiça. Aprovado por unanimidade pela Comissão de Constituição e Justiça na quarta-feira, o projeto de lei que modifica o Estatuto do Estrangeiro e a Lei dos Registros Públicos será encaminhado esta semana para a Comissão de Relações Exteriores e poderá ser votado na plenária do Senado ainda este ano.
“É preciso haver regulação e monitoramento das atividades dos estrangeiros que atuam na Amazônia”, pontua o relator do parecer da CCJ, senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC). “As ONGs têm uma atuação organizada e planejada na região”.
O indonésio naturalizado norte-americano Johan Zweede, ex-diretor executivo e atual consultor do Instituto Floresta Tropical (com sede em Belém, Pará), concorda que estrangeiros que não têm residência permanente no Brasil ou permissão legal temporária para atuar no País não devem fazer parte do quadro legal de uma ONG.
“Mas acho também que estrangeiros que fixaram residência permanente no Brasil deveriam ser diferenciados dos não-residentes, como acontece em outras partes do mundo”, opina.
Zweede tem um visto de residência permanente no Brasil há mais de 30 anos.
O norte-americano naturalizado brasileiro Peter May, que atua na ONG Amigos da Terra e é professor da UFRRJ, diz que esse tipo de iniciativa do legislativo é salutar desde que efetivamente proteja os interesses de povos tradicionais e a integridade dos recursos genéticos da Amazônia Legal.
“Mas não podemos perder de vista que a maioria dos recursos desta região tem sido sujeita a pilhagem por parte de atores econômicos nacionais, sejam ou não em parceria com empresas internacionais”, salienta.
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,atuacao-de-estrangeiros-na-amazonia-podera-ser-monitorada,569987,0.htm
Estadão: Cientistas constroem pulmão de rato em laboratório
Cientistas constroem pulmão de rato em laboratório
Pesquisadores desmontaram o pulmão de um rato e conseguiram reconstruí-lo com células-tronco
É um primeiro passo rumo a, um dia, a construção de novos pulmões em laboratório: pesquisadores da Universidade Yale desmontaram e fizeram crescer de novo um pulmão de rato. Em seguida transplantaram-no e assistiram enquanto respirava.

Células-tronco revertem cegueira causada por queimaduras
O pulmão ficou no lugar por cerca de duas horas, enquanto os cientistas mediam a troca de oxigênio e dióxido de carbono, que foi quase como a de um pulmão normal, mas também encontraram problemas que vão exigir mais pesquisas para consertar.
Mesmo assim, o trabalho é um avanço na busca por meios de regenerar pulmões danificados, embora a principal pesquisadora, Laura Niklason, advirta que podem ser necessários de 20 a 25 anos antes que a construção de órgãos esteja pronta para ser usada em seres humanos. O trabalho é descrito na edição desta semana da revista Science.
A equipe da cientista desmontou o pulmão de um rato adulto até reduzi-lo a sua estrutura básica de suporte, sua armação, para ver se seria possível reconstruí-lo, em vez de começar do zero.
Primeiro, os cientistas essencialmente eliminaram por lavagem os diferentes tipos de célula que revestem o pulmão. O órgão gradualmente mudou de uma saudável cor vermelha para uma estrutura branca, basicamente feita de colágeno e outros tecidos conectivos que mantinham a forma e a elasticidade do pulmão original, e até mesmo os tubos onde as vias aéreas deveriam estar.
Essa armação é uma espécie de doador universal, que não deveria oferecer problemas de rejeição, disse Laura. "O seu colágeno e o meu são idênticos".
Os pesquisadores puseram a armação de pulmão num biorreator, um recipiente semelhante a uma incubadora projetado para imitar o ambiente em que os pulmões fetais se desenvolvem.
Em seguida, injetaram uma mistura de diferentes células pulmonares extraídas de um rato recém-nascido. No biorreator, essas células de alguma forma migraram para os locais corretos e criaram alvéolos, vias aéreas e vasos sanguíneos.
Em implantes de curta duração em quatro diferentes ratos, pulmões artificiais substituíram um dos pulmões dos animais e se mostraram com 95% da eficiência na troca de oxigênio por dióxido de carbono, disse a cientista.
Entre os problemas que ela identificou, há pequenos coágulos que se formaram no interior do pulmão artificial, um sinal de que as novas células não estavam produzindo uma proteção suficiente em alguns locais.
O maior desafio, segundo Laura, é que para que a abordagem funcione num ser humano sem rejeição, as células teriam de ser retiradas do próprio receptor.
Ainda não há meios de obter o tipo de célula-tronco personalizada necessário, o que significa que os estudos com células-tronco precisam se desenvolver antes.
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,cientistas-constroem-pulmao-de-rato-em-laboratorio,571480,0.htm